terça-feira, 30 de agosto de 2011

Pornô feito por mulheres para mulheres

Pornô feito por mulheres para mulheres
Cai a última reserva de mercado dos homens: agora elas também dirigem filmes pornográficos
MARCELA BUSCATO COM FERNANDA COLAVITTI

MODELO, ATRIZ E DIRETORA
Courtney Trouble posa para um cartaz de divulgação de seu novo filme, Roulette (Roleta). Ela filma sexo prioritariamente homossexual do mundo underground
Um ex-templo metodista construído no século XIX – a igreja Berkeley, em Toronto, no Canadá – abrigará em 24 de abril o evento mais profano de sua história: a entrega do Prêmio do Pornô Feminista. A competição escolhe desde 2006 os melhores filmes pornográficos feitos para mulheres, e neste ano há 46 finalistas disputando um troféu em formato de pênis estilizado. Trata-se de um recorde de participantes. E de uma revolução. As mulheres, que sempre estiveram à frente das câmeras nesse tipo de produção, como atrizes, agora estão atrás das câmeras, dirigindo. Elas querem criar filmes que mostrem a sexualidade da mulher de uma forma mais positiva e que sejam, simultaneamente, mais excitantes para as próprias mulheres. Cineastas como a sueca Erika Lust, a alemã Petra Joy, a britânica Anna Span e a americana Tristan Taormino dizem que adequaram a pornografia às necessidades da mulher. “Os pornôs para mulheres mostram o que queremos ver: atrizes com quem possamos nos identificar, homens bonitos, mulheres tendo prazer e, claro, um pouco de romance”, afirma a canadense Alison Lee, gerente da Good for Her, loja pornô para o público feminino que organiza a premiação.

Esta onda de pornografia feminina é uma resposta a um fenômeno mais amplo. As mulheres viraram grandes consumidoras de conteúdo erótico. No Reino Unido, a consultoria Nielsen constatou que em apenas um ano cresceu 30% o número de mulheres que consomem pornografia por meio da internet. Nos Estados Unidos, segundo dados da consultoria Nielsen, as mulheres já representam 30% da audiência dos filmes adultos na internet. Uma enquete realizada pelo tabloide The Sun sugere que 66% das mulheres assistem a filmes pornôs e que 87% são casadas ou mantêm um relacionamento duradouro. As brasileiras não ficam atrás. Uma pesquisa feita pelo Ibope afirma que 28% do público dos sites adultos é feminino.

O principal fator que abriu às mulheres o acesso à pornografia foi a privacidade da internet. É o que diz a designer de moda carioca que prefere ser identificada como B., o pseudônimo que usa em seu blog A Vida Secreta, sobre sexo. Ela tem 38 anos e é consumidora de material erótico na internet desde 2003, quando conseguiu seu próprio computador: “Passei a buscar material mais ousado. Se não gostasse, simplesmente deletava”. A designer diz que gosta de filmes pornôs feministas porque neles a “química” entre os atores é fundamental. “Acho que toda mulher, mesmo as que curtem sexo casual, gosta de sentir um mínimo de envolvimento.” B. acredita que a pornografia melhorou sua vida sexual. “Descobri que é normal ser anormal”, diz.

As diretoras feministas colocam essa nova consumidora como alvo de seus filmes. Os enredos têm tramas mais complexas (algumas até com pretensões experimentais) em que os sentimentos das mulheres são levados em conta. Um exemplo, extraído do filme Five hot stories for her, da diretora Erika Lust: a mulher chega em casa e encontra o marido com outra, na cama. Em vez de terminar em ménage, como seria obrigatório num roteiro de pornô clássico, a cena toma outra direção. A mulher traída vai embora e procura sexo com outro homem. Há, nos filmes, muito sexo entre mulheres (há um mercado de lésbicas a ser atendido) e sexo entre homens, algo que excita as mulheres (a diretora Courtney Trouble se especializou em gays underground). Os homens são invariavelmente bonitos, em vez de truculentos. Se fosse possível resumir o movimento em um única imagem, seria algo como o seriado Sex and the city com sexo explícito. Com essas inovações, subverte-se a lógica da pornografia que deixava as feministas iradas. Elas acusavam os filmes feitos por homens de degradar a imagem da mulher e de incitar a violência sexual ao mostrar apenas a realização de fantasias masculinas: mulheres submissas que fingiam prazer e serviam de objeto sexual. Uma frase da americana Robin Morgan resume o ponto de vista das feministas sobre a pornografia tradicional: “A pornografia é a teoria, o estupro a prática”.

A invasão da indústria de entretenimento adulto pelo ponto de vista feminino começou quando pioneiras, como a americana Candida Royalle, decidiram mostrar suas ideias. No fim da década de 70, Candida, então atriz pornô que se dizia insultada pelos filmes que ela própria encenava, procurava empresas dispostas a colocar no mercado os filmes que ela planejava produzir, seguindo o que sua consciência mandava. Ela diz que sonhava com filmes que excitassem de verdade as mulheres: com uma história criativa, e não um pretexto simplista para os atores tirarem a roupa em menos de meio minuto: “Queria ver homens que parecessem ter cérebro, e não apenas um pênis ereto. E que se preocupassem em dar prazer às parceiras”. Ainda na década de 80, Candida conseguiu uma distribuidora, montou a própria produtora, a Femme Productions, e começou a fazer sucesso com filmes como Three daughters, que contava as descobertas sexuais de três irmãs.

Homofobia e universo “psi”: algumas considerações

29-08-2011 | Ciência / Comportamento / Sociedade
Homofobia e universo “psi”: algumas considerações
por Ricardo Cabral
Nos idos de 1972, um psicólogo chamado George Weinberg resolveu criar um neologismo juntando dois radicais gregos– όμός (semelhante) e φόβος (medo) — para dar conta de uma determinada questão clínica. Era a estreia da palavra homofobia, entendida por Weinberg como o “medo expresso por heterossexuais de estarem em presença de homossexuais”. Embora ainda seja uma definição usual do termo, há tempos deixou de dar conta da questão. O motivo? Simples, ao alcance de quem estiver disposto a vê-lo: trata-se de uma apreciação estritamente individual e psicológica. Sendo assim, desconsidera o caráter social, cultural, pedagógico, científico, jurídico e institucional da homofobia, entre outras tantas dimensões que vão muito além do medo, da fobia, da repulsa e mesmo do ódio a homossexuais experimentado individualmente por diversos heterossexuais. (Se bem que o problema não se restringe às definições de homofobia. Há discussões sobre as limitações do próprio termo, se ele precisaria de novas ressignificações ou se valeria substituí-lo por outro que expressasse melhor a complexidade do fenômeno. Vale conferir artigo do sociólogo Rogério Junqueira que problematiza bem essa questão.)

O momento em que o termo surgiu também é significativo, especialmente em relação ao universo “psi”. Foi por essa época, mais precisamente em 1973, que a American Psychiatric Association (APA) retirou a homossexualidade de seu DSM, sigla em inglês para Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Embora esse fato tenha sido um marco de repercussão mundial, a mudança na forma como o universo “psi” passou a olhar a homossexualidade não ocorreu instantaneamente. Afinal de contas, foram catorze anos para que o diagnóstico de “homossexualidade egodistônica” também saísse do mesmo DSM. Além disso, foi só em 1990 a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade de sua Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), outra publicação de referência que também engloba transtornos mentais. (No Brasil ela deixou de ser considerada doença, distúrbio ou perversão em 1985, primeiro pelo Conselho Federal de Medicina, e apenas em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia). Em função desses eventos, o atual discurso da psiquiatria, da psicologia e da psicanálise até que anda afinado, embora infelizmente ainda seja comum encontrar profissionais dessas áreas com posturas patologizantes, o que só confirma o longo caminho a percorrer até o universo “psi” se tornar um bom representante da sociedade mais equânime e justa que precisamos.

E sobre o “discurso afinado” do parágrafo anterior, vale um esclarecimento. É que os dados históricos mencionados levaram a uma importante virada epistemológica (ainda em curso): o fato das homossexualidades terem deixado de ser objeto preferencial de estudo, com o foco dirigindo-se para as razões que levaram essas formas de sexualidade a serem objeto de rejeição, aversão e ódio. O jurista Daniel Borrillo tem mais a dizer:

Esse deslocamento do objeto de análise sobre a homofobia produz uma mudança tanto epistemológica quanto política. Epistemológica porque não se trata exatamente de conhecer ou compreender a origem e o funcionamento da homossexualidade, mas sim de analisar a hostilidade provocada por essa forma específica de orientação sexual. Política porque não é mais a questão homossexual, mas a homofobia que merece, a partir de agora, uma problematização particular.
Quer se trate de uma escolha de vida sexual, quer se trate de uma característica estrutural do desejo erótico por pessoas do mesmo sexo, a homossexualidade deve ser considerada tão legítima quanto a heterossexualidade. [...]
Como um atributo da personalidade, a homossexualidade deve permanecer fora do interesse interventor das instituições. Tal como a cor da pele, a opção religiosa ou a origem étnica, ela deve ser considerada um dado não pertinente na construção política do cidadão e na qualificação do sujeito de direitos. (2009, p. 16) [Grifos meus]

Essa mudança epistemológica e política surgiu a reboque dos movimentos reivindicatórios cujas lutas geraram, em boa parte dos países ocidentais, normas contra a discriminação explícita a minorias, especialmente em relação ao preconceito racial, aos direitos das mulheres e dos portadores de necessidades especiais, entre tantos. Porém, se por conta dessas normas a discriminação explícita de fato vem diminuindo — com discursos contra todo tipo de preconceito na ponta da língua da maioria —, o que se observa é que esse mesmo preconceito assumiu outras formas, tornou-se mais sutil e, consequentemente, mais difícil de combater. E no que diz respeito às minorias sexuais ainda sem leis anti-preconceito, os avanços têm sido bem mais lentos. Pior: no Brasil, cada passo na direção de uma sociedade mais tolerante e inclusiva — caso do judiciário, com o reconhecimento pelo STF da união homoafetiva como entidade familiar, e do legislativo, com a discussão da criminalização da homofobia (a passos lentos, é verdade) — parece gerar reações contrárias bastante duras. As recentes manifestações públicas do deputado Jair Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia são um claro exemplo disso.

Manifestações desse quilate, somadas às agressões físicas e às cifras alarmantes de assassinatos de membros da comunidade LGBTT sugeririam que a homofobia aumentou nos últimos tempos. Porém, o que de fato se observa é uma maior visibilidade de crimes de ódio que existem há tempos. A grande diferença é que há cada vez mais informações, mais notícias são veiculadas sobre um tema antes tratado como inexistente. Um indicador interessante sobre esse tipo de preconceito é a pesquisa recém-publicada (julho de 2011) sobre a união estável entre homossexuais e outros temas correlatos (adoção de crianças por casais homossexuais; homossexuais ocupando cargos como médicos, policiais e professores; descobrir que um amigo é homossexual etc.). Uma primeira leitura mostra o Brasil como um país majoritariamente conservador, já que 55% dos entrevistados se mostraram contrários a união estável. Mas quando esses dados são avaliados em suas especificidades, encontramos que em diversas faixas etárias a maioria é favorável à união estável e aos demais temas envolvendo homossexuais — 51% na faixa de 30 a 39 anos; 55% na de 25 a 29 anos; e 60% na de 16 a 24 anos —, indicando que as novas gerações seriam mais tolerantes; que quanto maior escolaridade, maior aprovação; e que a maioria das mulheres também é favorável à união estável. Traçando paralelos entre alguns dados dessa pesquisa e os encontrados em outra, Juventudes e Sexualidade – UNESCO, realizada em 2001, é razoável inferir que nos últimos dez anos houve por parte dos jovens uma sensível diminuição de atitudes preconceituosas contra homossexuais.

(Pequena digressão. Em relação ao próprio sujeito, a palavra “visibilidade” reflete anseios, especialmente o de não mais precisar negar quem se é nem tampouco ser negado, anulado pelos demais por ser quem se é. Ao mesmo tempo reflete temores como o de ser posto em evidência e tornado alvo não apenas de manifestações sutis de discriminação, mas de ações inferiorizantes, desumanas, violentas, de atentados com requintes de crueldade às suas próprias vidas… Termino a digressão.)

Retornando ao universo “psi”, observamos que a despatologização das homossexualidades tem sofrido resistências, sendo que entre alguns profissionais há quem tenha manifestado as suas de maneira mais explícita. Um dos exemplos recentes e de maior repercussão foi o da psicóloga Rozângela Alves Justino, que em 24 de agosto de 2009 recebeu censura pública do Conselho Regional de Psicologia (RJ) — posteriormente ratificada pelo CFP — por infringir o código de ética da profissão ao oferecer “tratamento” para a homossexualidade, indicando com isso que a orientação sexual de caráter homoafetivo seria uma doença. Outro, anterior a ele, foi o Projeto de Lei 717/2003 apresentado à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro pelo deputado estadual Édino Fonseca, do PSC (também pastor da Assembleia de Deus), que propunha um programa estadual de “tratamento e cura” da homossexualidade a ser financiado pelo estado. O referido projeto contou com apoio tanto de grupos religiosos quanto de certo Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC). Para desagrado de ambos e em consonância com as diretrizes dos Conselhos Federais de Medicina e de Psicologia, o referido PL acabou rejeitado por trinta votos contra seis no dia 8 de dezembro de 2004.

Por mais que seja desconfortável admiti-lo, esse tipo de ação por parte de alguns profissionais do campo “psi” não deveria surpreender. Embora se espere que constituam uma categoria esclarecida em torno do assunto, trata-se de um grupo composto por pessoas do seu tempo, com suas concepções de mundo, suas ideologias, tendo suas identidades pessoais e profissionais atravessadas pela educação, pela classe social, pela origem (social, geográfica etc.) pelo gênero, pela geração, pela eventual formação religiosa, pelas relações de poder e por tantas outras instâncias e dimensões que nos fazem os humanos que somos. Consequentemente, é justo pensar que parte do grupo se sinta ameaçada pela desestabilização que as lutas em torno das políticas sexuais provocam no sistema sócio-sexual (cf. Welzer-Lang, 2009), isto é, que temam o que para eles se configura como ameaça à dominação masculina e à heteronormatividade. Talvez não houvesse gravidade se apenas sentissem e guardassem esses sentimentos para si — num equivalente da “aceitação” do homoerotismo, desde que discreto e de preferência “dentro do armário”. O nó da questão está em como tais representantes desse campo de saber-poder lidam com isso, ou seja, que discursos, práticas e “verdades” são ditas e postas em prática por eles em nome da medicina e da clínica e que só se prestam à defesa e manutenção da naturalização da heterossexualidade.

Em torno da heteronormatividade, Daniel Borrillo tem também algo a dizer:

A lembrança constante da superioridade biológica e moral dos comportamentos heterossexuais faz parte de uma estratégia política de construção da normalidade sexual. A heterossexualidade aparece, assim, como o padrão com o qual todas as outras sexualidades devem ser comparadas e medidas. É essa qualidade normativa — e o ideal que ela encarna — que constitui uma forma específica de dominação chamada heterossexismo. Este pode ser definido como a crença na existência de uma hierarquia das sexualidades, em que a heterossexualidade assume posição superior. Todas as outras formas são qualificadas, na melhor das hipóteses, como incompletas, acidentais e perversas, e na pior, como patológicas, criminosas, imorais e destruidoras da civilização. (op. cit., p. 25)

É a serviço dessa qualificação das sexualidades que boa parte dos saberes “psi” se prestou ao longo da história. E não apenas em suas práticas, mas também na produção de um saber permeado de preconceitos entranhados. Nesse sentido, coube à psicanálise um importante papel, seja como crítica ao discurso da psiquiatria, da sexologia e do aparato jurídico do século XIX acerca da sexualidade — onde a homossexualidade era marcadamente patológica, aberrante e merecedora de sanções jurídicas —, seja como ratificadora de uma heteronormatividade. Para começar, em seu artigo “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905) Freud tratou da homossexualidade como uma orientação sexual tão legítima quanto a heterossexualidade, acrescentando que

[...] a psicanálise considera [...] que a independência da escolha objetal em relação ao sexo do objeto, a liberdade de dispor igualmente de objetos masculinos e femininos, tal como observada na infância, nas condições primitivas e nas épocas pré-históricas, é a base originária da qual mediante a restrição num sentido ou noutro, desenvolvem-se tanto o tipo normal como o invertido. No sentido psicanalítico, o interesse sexual exclusivo do homem pela mulher também é também um problema que exige esclarecimento, e não uma evidência indiscutível que se possa atribuir a uma atração de base química. (Freud, 1905, s. p.). [Grifos meus]

Foi um posicionamento ousado para a época. Além disso, não perdeu sua atualidade, inscrevendo-se claramente na mudança epistemológica de que tratei em parágrafos anteriores. Para a psicanálise, ao contrário dos instintos nos animais, no ser humano a pulsão sexual não tem objeto fixo. Neste,

[...] o objeto da pulsão é diversificado, anárquico, plural e parcial; exprime-se de várias formas: oral, anal, escopofílica, vocal, sádica, masoquista, dentre outras. Com isso, Freud divorcia a sexualidade de uma estreita relação com os órgãos sexuais, passando a considerá-la como uma função abrangente em que o prazer é sua finalidade principal, sendo a reprodução uma meta secundária. Além disso, ao postular que a sexualidade vai além dos órgãos genitais, o autor leva ‘as atividades sexuais das crianças e dos pervertidos para o mesmo âmbito que o dos adultos normais’ (Ceccarelli, 2008, p. 74)

Haveria, portanto, uma disposição bissexual original em todo ser humano e só a partir do complexo de Édipo é que se constituiria a “escolha do objeto” (hétero, homo etc.). Há, porém, um ponto limitador: o fato da psicanálise restringir a noção de diferença sexual a uma única matriz binária, as oposições entre feminino/masculino, sexo/gênero, natureza/cultura e heterossexualidade/homossexualidade. Ela não comportaria, por exemplo, a experiência da transexualidade, que só poderia ser vista por um viés patológico já que nela não haveria conformidade entre sexo biológico e gênero. Esse entendimento de parte da psicanálise também é compartilhado pela sexologia e pela psiquiatria, tratando-se de “[...] uma concepção normativa seja dos sistemas de sexo-gênero, seja do dispositivo ‘diferença sexual’. Ambas estão fundadas numa matriz binária heterossexual que se converte em sistema regulador da sexualidade e da subjetividade” (Arán, 2006, p. 50) [grifos meus].

Percebe-se então que nem tudo são flores na teorização psicanalítica em torno das homossexualidades. Nos mesmos “Três ensaios…”, o pai da psicanálise discorre em uma nota de rodapé sobre a constituição da homossexualidade (masculina), dizendo que “Nos tipos invertidos pode-se quase sempre confirmar o predomínio de constituições arcaicas e mecanismos psíquicos primitivos. A vigência da escolha narcísica de objeto e a retenção da importância erótica da zona anal figuram como suas características mais essenciais” (id.) [Grifos do autor]. Estas características indicariam uma espécie de “retardamento do desenvolvimento psíquico” do sujeito homossexual, subentendendo-se que a heterossexualidade seria matriz e referência de normalidade. Embora se afirme que Freud deixou a questão da homossexualidade em aberto, durante boa parte da história desse saber ela foi “[...] mantida no quadro clínico das perversões, fixada às fases pré-genitais, pré-edípicas, pré-simbólicas ou pré-qualquer-coisa que definiriam o sujeito homossexual como alguém que carece de algo — no mínimo normalidade e moralidade” (Vale, 2008, p. 119).

Na medicina brasileira, por sua vez, temos um exemplo representativo de medicalização da sexualidade: os “experimentos com homossexuais efeminados” realizados pelo Dr. Leonídio Ribeiro, na década de 1930. Ele montou o Laboratório de Antropologia Criminal, realizando experimentos sobre identificação civil e criminal. “Em pauta [...] estavam ‘a patologia da impressão digital, os tipos sanguíneos dos índios guaranis, os biótipos criminais afro-brasileiros e as relações entre a homossexualidade masculina e o mal-funcionamento endócrino’” (ibid., p. 121) [Grifos meus]. Com auxílio da polícia, Ribeiro reuniu 195 “homossexuais profissionais” e levou-os ao seu laboratório para então fotografá-los e medi-los. Buscava encontrar alguma relação entre sua aparência física e sua sexualidade. “O alvo [...] eram os efeminados que se prostituíam. Além dos ossos, a distribuição capilar pelo corpo, púbis e cabeça constituía-se ‘num meio excelente de identificar disfunções hormonais e, assim, a homossexualidade’ ” (id.).

Há inúmeros exemplos da medicina, da sexologia, da psicologia e da psicanálise a respeito das homossexualidades, mas creio que para as pretensões deste texto estes sejam suficientes. O que verdadeiramente interessa aqui é a questão da homofobia e o lugar dos atores do campo “psi”, de seus saberes e de suas práticas. Nesse sentido, descrevi como num primeiro momento a homofobia circunscreveu-se ao sujeito psicológico e que hoje em dia essa apreciação foi (e ainda precisa ser) estendida para outros campos. Isso porque a homofobia é um fenômeno socialmente partilhado, tributário de uma cultura falocêntrica onde a o apelo à virilidade é a norma — e a violência é a maneira usual de atender a esse apelo —, fazendo com que as referidas abordagens médicas e clínicas sejam insuficientes para dar conta dela. Ao mesmo tempo essas abordagens se prestaram (e eventualmente ainda se prestam) para normatizar a sexualidade, reiterando a matriz heterossexual e reprodutiva e, consequentemente, “psiquiatrizando” o prazer dito perverso, do qual a homossexualidade seria “o centro organizador do discurso sobre o desvio sexual” (Lanteri-Laura apud Arán, op. cit. p. 52).

Dentro desse quadro, como os integrantes do universo “psi” deveriam agir em relação à homofobia? Pelo apresentado até o momento fica evidente não haver somente uma resposta, seja pela própria diversidade do universo “psi”, seja pelo caráter plural e polissêmico do termo. Mas algumas questões podem ser levantadas, começando por uma reiteração incessante e inequívoca da despatologização das homossexualidades inaugurada a partir de sua retirada do DSM e do CID. Outro ponto seria evitar patologização da própria homofobia, ou ao menos evitar lidar com ela exclusivamente nesses termos. Não que os comportamentos homofóbicos estejam totalmente livres de dimensões patológicas, mas objetivar a homofobia meramente como doença é insistir num embate estéril onde um lado trata de atribuir ao outro o rótulo de doente por meio de discursos medicalizados. Espera-se também que os profissionais “psi” mantenham-se sempre críticos em relação as suas próprias práticas e a sua produção teórica. Quanto às práticas, convém esvaziar o lugar parametrizador que sempre lhes coube a respeito do tema, um papel que se presta tanto à re-patologização das homossexualidades quanto à (hetero)normatização. (Por isso atenção, profissionais “psi”, pensem quinze vezes antes de aceitar o papel de especialistas em programas de televisão, combinado?)

Sobre as formulações teóricas, tenho um claro porém. Ele diz respeito às pesquisas que ainda insistem em encontrar as “causas naturais” das homossexualidades, num claro retrocesso em relação à mudança epistemológica de que falei anteriormente. Ocorre que tentar legitimar as identidades homossexuais, bissexuais e transgêneros por meio de pesquisas que busquem diferenças genéticas, hormonais, na morfologia do cérebro e que tais, não garante a diminuição da discriminação nem o fim das fronteiras jurídicas que hoje existem entre as sexualidades. Arrisco a dizer que o contrário é mais provável. Insistir no caminho do essencialismo biológico é desconsiderar que há razões éticas suficientemente sólidas para se exigir o devido reconhecimento da diversidade sexual e de gênero. Além disso, se o histórico sobre a discriminação das homossexualidades se caracterizou pela hierarquia – com a masculinidade hegemônica no topo – e pela normatividade, atualmente há outro mais “moderno”: por mais surpreendente que pareça, trata-se justamente daquele que afirma a diversidade das sexualidades. Não se trata mais de afirmar a superioridade heterossexual, mas de defender e “proteger” a diversidade. Graças a esse mecanismo político, ao mesmo tempo em que as manifestações homofóbicas mais explícitas e violentas passam a ser coibidas, a afirmação da diversidade “[...] torna possível retirar gays e lésbicas do direito comum (universal) e inscrevê-los em um regime de exceção (particular)” (Borrillo, op. cit., p. 32). Essa lógica diferencialista já serviu para impedir que as mulheres votassem e que negros tivessem os mesmos direitos que brancos. É a mesma lógica que concede alguns direitos aos não heterossexuais, mas nunca a igualdade de direitos, já que as diferenças exigiriam um regime jurídico igualmente diferenciado.

A criminalização da homofobia será um importante passo para coibir os alarmantes índices de violência que mancham a imagem de um país como o Brasil, dito tolerante. Mas a repressão não basta. É preciso prevenção, o que implica em ações pedagógicas. Se a invisibilidade resulta em desconhecimento ou indiferença diante do tema, é preciso torná-lo visível, começando pelo questionamento da ordem heterossexista, essa mesma que se reafirma a cada atitude preconceituosa que infra-humaniza quem não corresponda a certas expectativas quanto ao gênero. Em outras palavras, são necessárias ações pedagógicas envolvendo famílias, escola, instituições e, porque não, toda sorte de profissionais que detêm algum poder de influência sobre a questão, caso de representantes dos poderes legislativo, executivo e judiciário, assim como também os profissionais da saúde, verdadeiras autoridades aos olhos do público leigo. Nesse sentido, ao menos em relação aos psicólogos há muito sendo feito a favor do combate à homofobia e contra a (re-)patologização das homossexualidades. A Resolução 001/99 do Conselho Federal de Psicologia, de 22 de março de 1999, por exemplo, foi a primeira regulamentação em defesa da livre orientação sexual a ser publicada entre todos os conselhos profissionais do país, estabelecendo normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual, determinando em quatro dos seus seis artigos que:

1) “os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade”; 2) “[...] deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas”; 3) “[...] não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”; 4) “[...] não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”, além de um parágrafo único que veta a colaboração dos psicólogos “[...] com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.

Além dessa resolução, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP) lançou em maio deste ano um manifesto em apoio à Campanha Internacional Stop Trans Pathologization-2012, pela despatologização das identidades trans (travestis, transexuais e transgêneros) e a sua retirada dos catálogos de doenças (o DSM e a CID). Trata-se de uma ampliação do debate em torno das homossexualidades, já que travestis, transexuais e transgêneros seguem enquadrados na categoria psicopatológica “transtornos da identidade sexual”, além de serem as vítimas preferenciais das formas mais violentas de discriminação homofóbica, ao mesmo tempo em que são as mais invisíveis aos olhos do restante da sociedade. Esse tipo de manifesto se dirige não apenas ao público em geral, mas aos próprios psicólogos. Como profissionais do campo “psi”, precisam submeter-se a ações pedagógicas para que deixem de ratificar a heteronormatividade e repremir os que se desviam dela. Que venham mais iniciativas como essa. Nós, psicólogos, agradecemos.

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Referências

ARÁN, Márcia. A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Ágora (Rio de Janeiro) v. IX n. 1 jan/jun 2006 49-63.
BEZERRA JÚNIOR, Benilton. O desgaste de um conceito. Jornal Folha de SP, Caderno MAIS!, 3 de Dezembro de 1995.
BORRILLO, Daniel. A homofobia. In: LIONÇO, Tatiana e DINIZ, Debora (orgs). Homofobia & Educação: um desafio ao silêncio. Brasília: LetrasLivres : EdUnB, 2009.
CARRARA, Sérgio; VIANNA, Adriana R. B. “Tá lá o corpo estendido no chão…”: a violência letal contra travestis no município do Rio de Janeiro. Physis: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 16(2):233-249, 2006.
CECCARELLI, Paulo Roberto. A invenção da homossexualidade. Revista Bagoas, n° 2, 2008, p. 71-93.
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
LACERDA, Marcos, PEREIRA, Cícero; CAMINO, Leoncio. Um Estudo sobre as Formas de Preconceito contra Homossexuais na Perspectiva das Representações Sociais. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2002, 15(1), p. 165-178.
LIONÇO, Tatiana e DINIZ, Debora (orgs). Homofobia & Educação: um desafio ao silêncio. Brasília: LetrasLivres : EdUnB, 2009.
MARQUES, Luciana Pereira. As homossexualidades na psicanálise. Trivium – Estudos Interdisciplinares, ano II, edição II, 2010, p. 467-84.
PEREIRA, Cícero .R. et al. Preconceito contra homossexuais e representações sociais da homossexualidade em seminaristas católicos e evangélicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Jan-Mar 2011, Vol. 27 n. 1, pp. 73-82.
VALE, Alexandre F. C. Antropologia e sexualidade: por um descentramento da enunciação científica. Revista Bagoas, n° 2, 2008, p. 115-132.
VIEIRA, Luciana Leila Fontes. As múltiplas faces da homossexualidade na obra freudiana. Revista Mal-estar e Subjetividade, Fortaleza, Vol. IX, Nº 2, p. 487-525 – jun/2009
WELZER-LANG, DANIEL. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Estudos Feministas, v. 9, nº 2(2001), p. 460-82.

Sugestões de leitura

Antes dos livros referenciados abaixo, recomendo um post do blog InQuIeTuDiNe, de Érika Pretes (advogada, militante do movimento LGBT e pesquisadora de direitos humanos) intitulado “Gay? Eu?”.

BORRILLO, Daniel. Homofobia: história e crítica de um preconceito. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
COSTA, Jurandir Freire. A Inocência e o Vício: Ensaios Sobre o Homoerotismo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.
_______. A Face e o Verso: Estudos Sobre o Homoerotismo II. São Paulo: Escuta, 1995.
LIONÇO, Tatiana e DINIZ, Debora (orgs). Homofobia & Educação: um desafio ao silêncio. Brasília: LetrasLivres : EdUnB, 2009.

Psicólogo clínico (psicoterapeuta de orientação existencial) e mestre em educação tecnológica (CEFET/RJ).

Ricardo Cabral

Quien no tenga pantalones

Quien no tenga pantalones
Por: Plácido R. Delgado
Fecha de publicación: 26/08/11

“Si a uno le dan palos de ciego, la única respuesta eficaz es dar palos de vidente.”
Contraofensiva, de Mario Orlando Hardy Hamlet Brenno Benedetti Farrugia

Un viejo profesor, discurriendo sobre asuntos maritales, contaba a sus alumnos que antes del himeneo, tomó uno de sus pantalones, lo dobló con cuidado, se lo dio a su futura esposa y le preguntó: Quiero que me digas ahora mismo quién va a llevar los pantalones en casa ¿Tú o yo? La novia respondió con suavidad: Tú, mi rey. Satisfecho con la respuesta, muy creído la tomó en sus brazos mientras ella lo recibía pensando: Entrégate chico, que quien llevará siempre las pantaletas en la casa soy yo.

Desde que el mundo es mundo, a la mujer se le ha achacado la culpa de muchas de nuestras desgracias. Ha sido paga peo universal frente al eyaculador precoz y hemos inventado un sinfín de vainas como excusa cuando, conocedoras de lo que nos conviene, no tomamos en cuenta sus consejos, así sea madre, hija, jefa, esposa, bruja, médica o cabaretera. Esto último porque más de uno no aprende que no es no y ha cogido su botellazo por payaso.

Dije alguna vez que no entiendo por qué llaman a las prostitutas “mujeres de la vida fácil” pues considero difícil ganarse la vida bajo ese designio. Muchos de esos ignominiosos de la “sociedad civil” buscan refugio en las mañas de esa antigua profesión huyendo de la cuaimatización doméstica. En terapias conyugales piden que sus esposas sean antítesis ofídica, sin confesar que quieren que emule a la innombrable dama, capeadora de su borrasca matrimonial. También dije que la prostitución abunda en la industria mediática donde resulta sumamente fácil ganarse la vida mercadeando la conciencia.

Muchos de estos opositores tienen conexiones con antros de juego y prostitución, amén de sus filiaciones con lupanares informativos. Hace unos años, un connotado dirigente cetevista a quien se le fue un paro patronal como el agua entre los dedos, quiso pasar inadvertido en un casino disfrazado de Juan Charrasqueado. Otra ¿Recuerdan dónde tenían Teodoro y Alberto Federico al Encandilao del Catatumbo antes de su huida? Después, en Lima hacía lo propio a espaldas de la hoy alcaldesa de Maracaibo. No sería extraño que Leocenis esté enconchado en un reducto sicalíptico, tratando de aplacar la parafilia que él exterioriza con un fotomontaje, sin atisbar que la contiene en sí mismo.

Sin embargo, la petulancia es un cascarón tan enorme como vacío. Llamar a un tapiz de jaula 6to. Poder solo produce risa, pues sugiere que nos ven como amarga pesadilla y que anhelan el punto final de la Quinta República. Solo hay tres escollos: El Líder Comandante, Pueblo y Fuerza Armada Bolivariana, trinidad de sus tormentos. Por si fuera poco suponen que ofenden a los hombres en armas de la Revolución, cambiando sus pantalones por faldas, cuando la mujer venezolana en realidad infunde su inigualable brillo a todos sus componentes al formar parte de ellos. De venir los marines, podrán contar con su protección.

Así las cosas, nuestras mujeres no deben sentirse ofendidas por la afrenta. Ofensivo hubiera sido que pusieran sus rostros montados en los cuerpos de un Teodoro, Enrique (cualquiera de los dos), Henry (cualquiera de los dos), Pablo y así por el estilo. Eso sí, sin trajes de cabareteras, pues con toda seguridad esas nobles damas protestarían por el uso indebido de sus atuendos de parte de tales inmorales.

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Depois da descoberta do Viagra, o que ainda falta para eles?

Depois da descoberta do Viagra, o que ainda falta para eles?
O urologista americano Arthur Burnett faz um balanço dos 13 anos da pílula azul e fala sobre os novos desafios da medicina
Júlia Reis, iG São Paulo | 27/08/2011 07:50
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Burnett: "Achamos uma solução que responde bem, mas temos que reconhecer outras complexidades do homem moderno"
Enquanto as mulheres enfrentam dificuldades para sentir desejo ou atingir o orgasmo, o problema sexual que mais aflige os homens é a disfunção erétil. No caso deles a solução está, em parte, dentro de um comprimido: o Viagra. O remédio completa 13 anos de mercado ao lado de outras pílulas que também prometem potência na cama. Mas a sexualidade masculina pode ser mais complexa do que se imagina, diz o urologista americano Arthur Burnett, do hospital Johns Hopkins. Ele afirma que os homens também colecionam causas psicológicas para a dificuldade de desempenho e que é preciso compreender o homem moderno além de prescrever receitas.

Em entrevista ao iG, Burnett fala sobre sexualidade e reflete a respeito dos medicamentos para ereção como uma questão mais ampla, que envolve as duas partes do casal. O profissional comenta ainda a dificuldade em tratar a falta de libido nas mulheres – o que elas farão com homens tão potentes?

iG: O Viagra está há mais de uma década no mercado. Fazendo um balanço, qual a grande contribuição do remédio para a sexualidade dos casais e qual o próximo passo que podemos esperar?
Arthur Burnett: O grande fenômeno foi poder tratar de forma efetiva o problema de disfunção com um remédio via oral. Há 20 anos não pensávamos nisso: eram tratamentos com ervas que não sabíamos se funcionavam ou cirurgias e próteses. Avançamos nos estudos para entender a ereção e, nesse caminho, outros aspetos ganharam mais atenção. Mas não curamos o problema da ereção de maneira sustentável, ainda falamos de um remédio que você tem que tomar regularmente para funcionar.

iG: Existem causas orgânicas que dificultam a ereção de um homem. Mas, assim como ocorre com as mulheres, outros fatores os perturbam psicologicamente e alteram o desempenho na cama?
Arthur Burnett: Estamos acostumados a separar as causas físicas das emocionais. Listamos condições médicas, como diabetes e problemas de coração, e colocamos ao lado as questões emocionais, como a ansiedade de performance e crises na relação amorosa. Mas a ereção é uma resposta complexa do corpo e tem ainda a interação do cérebro. Em muitos homens o problema está na mistura dos fatores, é complexo.

“ Ainda temos um longo caminho até desenvolver uma solução que funcione do mesmo jeito para as mulheres.
iG: Então podemos dizer que a sexualidade masculina é complexa como a feminina, e não baseada só no pênis como diz o senso comum?
Arthur Burnett: No senso comum usamos a imagem do computador para explicar como consertar a disfunção sexual em cada gênero: a do homem é resumida em um botão e a da mulher em muitos botões complicados... Mas a verdade está no meio do caminho. Os problemas masculinos têm outras variáveis como ansiedade e orientação sexual. Alguns pacientes querem a prescrição do remédio para conseguir a ereção e também desejam tratar essas questões, então eu os encaminho para psicoterapeutas.

Devemos mudar nossa forma de pensar. Não dá para dizer ao paciente ‘olha, você já tem uma ereção, já tem o Viagra, pode ir embora do consultório’. Achamos uma solução que responde bem, mas temos que reconhecer outras complexidades do homem moderno. Além disso, as pessoas podem responder melhor ao remédio se melhorarem o estilo de vida.

Ainda não existe solução semelhante ao Viagra para as mulheres
iG: Pensando na realidade dos casais, o Viagra melhorou muito a situação para os homens. Mas como o remédio mudou o sexo para as mulheres? Agora elas têm parceiros que podem estar sempre potentes, mas isso não garante que estejam satisfeitas sexualmente.
Arthur Burnett: Tivemos que reconhecer que a atividade sexual trata de duas pessoas funcionando juntas, e isso chamou a atenção para a questão feminina também. Hoje temos mais compreensão que a sexualidade é uma questão do casal. E uma falta de lubrificação da mulher, por exemplo, mostra que o problema está na dinâmica dos dois.

iG: O Viagra deve ter estimulado homens com problemas de ereção a procurar ajuda médica. Mas mesmo assim será que eles ainda demoram muito para assumir que o problema está em si? Primeiro culpam o casamento, a rotina, o estresse...
Arthur Burnett: Sim. Com o remédio existe uma forma de lidar com o problema de forma efetiva. Antes o médico não gostava nem de entrar na discussão porque não tinha uma resposta para a condição do paciente. Agora ele tem. Mas é muito possível que homens ainda demorem a assumir. Eles são teimosos e tendem a culpar o entorno, é parte da natureza masculina.

iG: Homens ainda têm vergonha de contar para a parceira que tomam remédio para garantir a ereção?
Arthur Burnett: Sim, muitos tomam escondido. É difícil para eles. Por outro lado alguns querem tomar para se exibir, baseados no mito que ficarão por horas com uma ereção. Nem sempre é o casal que vem ao consultório.

iG: Há alguns anos é estudada uma versão feminina do Viagra, mas nada foi aprovado. Porque as soluções para as mulheres são mais difíceis?
Arthur Burnett: Ainda temos um longo caminho até desenvolver uma solução que funcione do mesmo jeito para as mulheres. Nelas o problema dominante é na libido e isso envolve hormônios e outros aspectos. Elas podem até ter mais lubrificação com remédio, mas isso não resolve a libido. Urologistas e ginecologistas nem querem tratar de assuntos da sexualidade feminina porque não têm muito que oferecer. Esse é o desafio.

Vida de amante

Vida de amante
As armadilhas que a condição de ser a “outra“ traz
22/08/2011
"Minha situação é muito delicada. Já cheguei a ponto de não saber mais o que fazer. Estou no meu limite. Tenho 59 anos e me relaciono com um homem de 58. O problema é que ele é casado. Mas o fato de ele ter uma esposa ainda não é o mais grave. Estamos há mais de um ano juntos e, depois de muito fuxicar e vasculhar nas coisas dele, acabei por descobrir quem é a ‘mulher oficial’ da história.
Como se não bastasse essa situação, a de ser ‘a outra’, descobri que ela frequenta a mesma academia de ginástica que eu. Pior, faz aulas de Pilates na mesma classe. Graças a Deus, não temos nenhum tipo de contato, só superficial mesmo. Mas o simples fato de ter que encontrá-la, nem que seja uma vez por semana, me deixa louca e feliz ao mesmo tempo.

Já pensei em trocar de aula, de academia, mas parece que algo me prende a essa mulher, como se o fato de frequentar o mesmo lugar que ela me permitisse participar da relação dela com meu namorado. Esse gostinho de espionar, pelo menos uma parte da vida dela, me faz bem.

Sei que no fundo isso não é bom pra mim. Mas sinto que é mais forte que eu, assim como o sentimento que eu tenho por ele. Quando estamos juntos, tudo é PERFEITO! Mas essa situação está me consumindo e ainda não tive coragem de contar para ele tudo o que sei que descobri vasculhando suas coisas. Como sair dessa situação?"
A usuária preferiu não se identificar.

Só falta você se fazer de amiga dela! Daí, sim, o circo da traição pega fogo! Interessante, isso que você descreve: que o fato de frequentar o mesmo lugar que ela lhe permite participar da relação dela com o seu namorado?!?!?

Que engano você comete contra si própria, mulher! O máximo que você consegue é ver como você está fora do relacionamento deles, isso sim. E para não enxergar o que é óbvio, você distorce toda a realidade. Ôps, acorda!


Você realmente acredita que está participando ao ficar se intrometendo na vida do casal!? Você está mais é se enganando, profundamente. Coisa de quem anda desesperada, com muita inveja e, exatamente por conta desses sentimentos nefastos, invade o território alheio.


Ao entrar em espaços onde não lhe cabe, seu risco de vir a ser humilhada é muito alto. Talvez você se sinta esperta ao fazê-lo, tenha a falsa impressão de que se aproxima dele, mas o fato é que você se distancia, pois nesse caso, o que lhe parece mais, mulher, na verdade é menos. Você mesma diz que não tem coragem de falar com ele sobre tudo isso. E então? Você precisa disso?! Mulher, você está é se envenenando. Busque tratamento, vá se desintoxicar.

*Ana Fraiman é psicóloga formada em Psicologia Social, especialista nas áreas clínica e social, com mestrado pela USP e Doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP. Possui vários livros publicados, é articulista e Diretora da APFraiman Consultoria, empresa pioneira em Programas de Preparação para a Aposentadoria e Pós-carreira.

Ao “mestre”, com desejo

Ao “mestre”, com desejo
21/01/2010 | 11:28 | Ruth de aquino | Amor e Sexo |
Despir-se para seu homem pode ser ato rotineiro ou impregnado de fantasia. Hoje, elas não querem apenas se despir, mas se exibir, intimamente, e de uma forma mais requintada do que na cama à meia-luz. A tecnologia adicionou alguns temperos a esse “striptease” outrora doméstico.

O desejo no olhar do homem costuma acender o tesão da mulher. Mas não é o bastante. A mulher sente mais desejo quando ela própria se sente desejável. Esses dois sentimentos talvez expliquem por que tantas mulheres comuns e anônimas, donas de casa ou profissionais liberais, têm procurado studios de fotografia para posar de lingerie ou totalmente nuas.

Elas querem presentear maridos, namorados ou amantes com ensaios de fotos sensuais. Mas também querem se sentir divas por um dia. Basta (pensam elas) de ver seus homens admirando apenas o bumbum alheio ou folheando embasbacado as fotos de modelos e atrizes hiper-photoshopadas. Se as celebridades usam iluminação e tecnologia digital para parecer deslumbrantes – e a prova é a diferença entre os ensaios nas revistas e os flagras do cotidiano –, elas pensam: por que não ter meu dia de estrela? Por que se resignar às fotinhas de celular que não valorizam seus pontos fortes?

Renata (nome verdadeiro), 25 anos, bancária, solteira

“Posei em novembro do ano passado para dar de presente de Natal para o meu namorado. Ele sempre gostou de ver foto de mulher pelada. E aí pensei: por que não a mulher dele – eu? No começo, a gente se sente meio estranha. Nunca fui modelo. Não sabemos o que fazer com as mãos. Mas as fotógrafas do UpStudio são sensacionais. Explicam tudo. Fiz cabelo, maquiagem. Elas têm lingerie mas eu levei a minha mesmo. Cheguei ao hotel às 8h da manhã, as fotos foram de 10h às 15h. Também quis algumas fotos de jeans e blusinha, tipo anúncio da Calvin Klein. Tudo sofisticado, nada vulgar. Fiz uns nus artísticos, havia uma foto com travesseiro cobrindo o corpo, em outra, o braço tampava o seio. Eu brincava com meu namorado: você não faz ideia do que vai ganhar de Natal. Aí, dei a revista que elas produzem com as fotos impressas. Em cada página, incluí um trecho de uma música do Roberto Carlos que ele canta para mim, que fala “minha mulher é bonita, pequena, morena”. Quando ele ganhou, ficou assim meio assustado, perguntou logo se tinha homem fotógrafo ou assistindo ao ensaio. Eu expliquei que só tinha mulher e ele ficou mais calmo. Adorei o resultado e mostrei para minhas amigas, mas ele não mostrou para ninguém e guardou a revista com ele. A qualidade das fotos é de alto nível. Fiz o produto mais básico, que custa R$ 2.500,00, parcelados. São 20 fotos, selecionadas das 500 que foram tiradas. Uma delas, mais comportada, virou pôster aqui em casa”.



Fabiana (nome fictício), 45 anos, farmacêutica que trabalha com pesquisa clínica, casada há oito anos

“Decidi posar mais por uma necessidade minha do que para dar de presente para o meu marido. Foi no ano passado, véspera do Dia dos Namorados. Estava com 44 anos e quis fazer por mim. A mulher, quando chega nessa idade, começa a querer se testar. Quando você tem 20 anos, sabe que desperta muitos olhares. Depois dos 40, começa a querer saber se continua a ser uma mulher desejável. É agora ou nunca, pensei. A mulher também tem uma fantasia de se ver como modelo, produzida, em seus melhores ângulos, com photoshop como as atrizes. Lógico que também pensei em como meu marido reagiria. Queria provocá-lo, deixá-lo excitado, entusiasmado. Estou no segundo casamento. Estamos juntos há oito anos. A gente fica super ansiosa na hora de fazer. As meninas são ótimas. Conversamos antes, expliquei que queria fotos elegantes, discretas, nada muito vulgar nem provocativo, imagens bonitas sem caras e bocas. Nada de calcinha na boca. Nenhuma roupa muito ‘cheguei’. Não falei nada antes com meu marido. Ele ia criticar, achar bobagem. Ia dizer: não precisa fazer isso, vai gastar um dinheirão. Mas o dinheiro era meu, claro, porque sou independente financeiramente. E valeu muito a pena. A gente sente um impacto quando vê as fotos feitas e, mais ainda, quando o book fica pronto. Fui ao hotel, em Copacabana. É estranho porque parece que está escrito na sua testa que você foi ali para posar. No fim, deu uma satisfação muito interessante. Parecida com a sensação que eu tive quando fiz uma tatuagem no pescoço aos 28 anos. Muitas vezes temos vontade de fazer algo, e vamos adiando, adiando. E depois a gente pensa: podia ter feito quando era mais nova. Quando mostrei para o meu marido, foi engraçado. Cada homem é de um jeito. Ele é muito contido. Fez comentários dizendo quais as fotos que gostou mais. Mas, claro, disse: você é doida… Uma das fotos está aqui na sala do busto para cima. Com uma luz no cabelo super bonita e muita suavidade. Para mim, na minha idade, foi um upgrade na minha autoestima. Mostrei para minha mãe, irmã, tias e amigas íntimas”.

Eu conversei com Camilla Carvalho, uma das sócias do UpStudio, especializado em books sensuais de anônimas.

Curiosidades sobre as clientes

* Faixa etária: 25 a 60 anos. Todas com o mesmo objetivo: dar de presente para o marido/namorado, curtir a sessão de fotos, se sentir linda e poderosa e, claro, mostrar para as amigas!

* A primeira pergunta é sempre: só tem mulher na equipe, né? E a segunda é: vocês retocam no photoshop?!

* Uma, de 30 anos, já nos contatou querendo saber se podia fazer dois books impressos: um para o marido e outro para o amante.

* Os maridos também procuram para presentear as esposas. Um deles nos mandou um e-mail perguntando se podia acompanhar o ensaio.

* Duas clientes vieram de Belém do Pará para fazer as fotos. Uma veio de Angola, na África!

* Já tivemos cliente que queria fazer as fotos em uma limusine.

* As clientes casadas dizem que o mais difícil é esconder o dia do ensaio. As desculpas são as maisvariadas: shopping com as amigas, almoço com a mãe e até viagem a trabalho…. Uma cliente escondeu as lingeries na mala do carro e não conseguia tirar nunca, pois o marido estava sempre por perto e ela não sabia o que iria dizer se ele visse aquela mala cheia de calcinhas!

Principais dúvidas

1) Qual o endereço de vocês? Como marcar para ver um book e uma revista?

O site é? www.upstudio.com.br . Atendemos em domicílio ou podemos marcar um café no shopping para facilitar. Nesta reunião, a cliente escolhe o pacote e indica todas as suas preferências para o ensaio.

2) Tenho que levar as roupas?

Não é necessário, pois temos uma produtora de moda que leva lingeries, roupas e acessórios mais indicadas ao seu perfil e ao seu ensaio. Mas, caso queira, pode levar as suas peças particulares.

3) Quantas pessoas acompanham o ensaio?

No máximo 4 pessoas: além da fotógrafa Renata Abreu e a produtora Camilla Carvalho, uma produtora de moda e uma maquiadora ficam à disposição da cliente. Todas mulheres.

4) Você parcelam o pagamento?

Sim. Em até cinco vezes.

5) Quais os principais cuidados nas fotos ?

Há muito trabalho de luz e sombra para que tudo fique delicado e sem vulgaridade. Além dos retoques das fotos no computador, caso a cliente queira. E todas querem.

Selecionei algumas fotos para publicar no 7×7, caso você, mesmo tímida, queira algum dia mostrar a seu homem “o que é que ele tem em casa” – sem saber. Ou será que você acha muito exibicionismo?

Traição virtual

Traição virtual
Sites de relacionamentos especializados em traição chegam ao Brasil e causam polêmica
PorIlana Ramos
29/08/2011
Mulher casada, 48 anos: "Quero conhecer uma pessoa que goste de sexo sem compromisso apenas por prazer e que esteja disposta transar gostoso com discrição e muito sigilo, pois sou bem casada".

Homem casado, sem idade: "Quero conhecer mulheres interessantes, quentes, independentes, de bem com a vida que desejam realmente sair da rotina para fazer algo bem legal, por um dia, por algumas horas, sei lá, resumindo: quero conhecer mulheres que só queiram dar uma puladinha na cerca".

Os depoimentos citados acima foram anonimamente postados em um dos vários sites especializados na formação de relacionamentos extraconjugais e que estão chegando com força total ao Brasil. A proposta deles é bem simples: são redes sociais elaboradas para pessoas casadas que buscam um ambiente seguro e discreto para suas aventuras fora do casamento. Essa nova moda, no entanto, não é bem vista aos olhos de alguns especialistas brasileiros.

Até 2004, cometer adultério estava no Código Penal no artigo 240 e poderia levar o traidor a uma pena de 15 dias a seis meses de cadeia. Mas em 2005, o artigo foi revogado pela Lei 11.106 e o adultério deixou de ser crime. Para a psicóloga e psicoterapeuta familiar membro da Associação Brasileira de Terapia Familiar (ABRATEF) Sabrina Dotto Billo, "é assustador pensarmos assim enquanto sociedade monogâmica, pois é como se estivéssemos autorizando a traição. Particularmente não concordo e nem discordo (com esses sites). Como relacionamentos virtuais são relativamente novos, não sabemos ao certo se os casais percebem como traição um flerte sem contato físico. Pela minha experiência clínica, que não pode ser generalizada, as mulheres, de forma geral, acreditam que dividir intimidade com outra pessoa, ainda que de forma virtual, já é uma traição. Se o usuário desses sites não joga limpo com a esposa, parece jogar com suas paqueras do site, deixando claro qual é sua proposta, evitando falsas expectativas e frustrações".

Algumas pessoas ainda podem afirmar que a traição pode ser uma opção ao divórcio, uma maneira de suprir as falhas do casamento evitando a separação. O psicólogo e terapeuta de casal Antônio Carlos Alves de Araújo, no entanto, discorda totalmente dessa ideia. "Isso era uma tese dos anos 1970, que tentava colocar a questão do caso extraconjugal como uma saída do cansaço de um relacionamento comum. Mas isso não faz sentido nenhum. É por dizerem que a traição salva casamento que vemos as estatísticas de cerca de 70% dos casamentos não serem fiéis. Esses sites expõem a perversão sexual", diz ele. Já Sabrina argumenta dizendo que "nós (terapeutas de casal) sabemos que muitas vezes é um (a) amante que mantém um casamento, e o término com quaisquer dessas relações arruína a outra. É importante salientar que, por mais que uma relação extraconjugal, de fato, possa manter um casamento, o discurso não é uma apologia à traição, pois sabemos que a quebra de confiança pode criar feridas profundas e ser fatal em um relacionamento".

A imagem do Brasil no exterior é conhecida pela sensualidade do carnaval, do samba, da mulata de biquíni na praia. Será que o nosso país é, de fato, "traidor"? "Totalmente, um dos maiores do mundo. Se for feita uma pesquisa, não sei se perdemos. Talvez fiquemos lado a lado com os americanos nesse quesito. Esses sites vêm pra cá porque sabem disso", argumenta Antônio. Para Sabrina, "a única afirmação que posso fazer é que os brasileiros realizaram muitos cadastros nesses sites, grande parte investindo dinheiro para isso. Essa atitude surpreendeu até os idealizadores dos serviços, que iniciaram as atividades há pouco tempo. Cientificamente desconheço qualquer pesquisa que afirme haver mais traições aqui que em outros locais".

Para Antônio, a "comercialização" da traição é um tema que preocupa bastante. "Cada um coloca a proposta que quiser, não podemos criar uma censura. O que fica duvidoso é que ninguém toca no 'porquê' de acontecer tudo isso. Acredito que isso existe por causa da ambição. O que antes era um consumismo materialista passou pro lado sexual. É a ambição que está por traz da traição pois hoje as pessoas sempre querem algo melhor do que têm, se tornaram extremamente ambiciosas. A solução para isso estariam nos setores psicológico, político e cultural, mas ninguém está disposto a realizar um grupo de estudos ou promover debates sobre isso", conclui.