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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Preconceito barra tratamento da pedofilia


domingo, 3 de junho de 2012 7:00

Maíra Sanches

Do Diário do Grande ABC

Pedofilia não é apenas a perversão que leva um adulto a sentir desejo sexual por crianças. Trata-se de doença que não tem cura e precisa de tratamento. Porém, a popularização do assunto nas páginas policiais contribui para que violentadores de crianças sejam confundidos com doentes.
A cada 100 pessoas que molestam crianças ou adolescentes, 40% são portadoras da doença. A informação é do psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Danilo Baltieri. A pior consequência dessa distorção é não oferecer tratamento adequado aos que padecem da doença. "Dar rótulo de pedófilo a todos impede a redução da incidência criminal. Generalizar cria sério problema de saúde pública, pois coloca indivíduos que cometeram crimes sexuais no mesmo patamar que os doentes."
Na segunda-feira, o professor de Ensino Fundamental José Vilson de Sousa, 46 anos, foi preso em Mauá acusado de produzir, armazenar e simular fotos e vídeos contendo material pornográfico com crianças e adolescentes.
Segundo o especialista, o pré-julgamento, somado à condenação popular, agrava o quadro de saúde daqueles que sofrem em silêncio com sintomas. O preconceito desencoraja pacientes a revelarem os sintomas à família e buscar tratamento. Além disso, há o medo de ser denunciado. "Pedofilia é a doença mais estigmatizada da Medicina", diz o psiquiatra. Muitos apenas têm fantasias masturbatórias e eróticas com crianças. Outros, além de imaginar, cometem o ato sexual e são agressivos.
O desejo incontrolável acarreta culpa, vergonha, angústia. O tratamento envolve psicoterapia e medicações. Os remédios tentam corrigir as alterações no funcionamento de determinadas áreas do cérebro. Estudos apontam que a pedofilia tem pré-disposição genética e que abusos sexuais sofridos na infância potencializam os sintomas. Geralmente, a doença atinge mais homens do que mulheres, ainda sem razões claras. A proporção é de nove casos para um.
O psiquiatra defende o tratamento apropriado ao doente, mas não condena a reação emocional da população. "Não somos contra a prisão e sim contra a falta de tratamento adequado dentro e fora das penitenciárias. O crime sexual contra crianças é abominável e até os portadores da doença sabem disso", explica.
Fatores ambientais podem desencadear o surgimento da doença, que comumente aparece entre 23 e 35 anos. São eles: consumo excessivo de álcool, dependência química, ansiedade, depressão e situações de extremo estresse.
Família tem papel determinante para recuperação
Contar à família sobre os sintomas é um dos maiores desafios. Cerca de 50% dos portadores de pedofilia são casados. No Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da FMABC os familiares são convidados a integrar o tratamento multidisciplinar. O resultado melhora a qualidade de vida. "Muitas vezes a família abandona o paciente. Mas precisamos que sejam tratados juntos e ajudem a conter os impulsos. É um esforço mútuo, deles e dos profissionais. Caso contrário, a prevenção terá buracos", explica o coordenador do ambulatório, Danilo Baltieri.
Por mês, são feitos cerca de 30 atendimentos no ambulatório, que funciona às segundas-feiras. O interessado tem de ter encaminhamento da rede municipal.

sábado, 28 de abril de 2012

Brasileiro é falso moralista e duas-caras quando se trata de sexualidade, dizem historiadores


27/04/2012 21:10
 
UOL Comportamento / WQ

No carnaval, os desfiles das escolas de samba mostram mulheres seminuas a sambar. Emissoras de TV fazem a cobertura dos bailes gays nessa época. Telejornais exibem imagens da folia nos blocos em todo país onde a sensualidade rola solta. Fora do Carnaval, São Paulo celebra a diversidade sexual e vira palco de uma das maiores paradas gay do mundo. Em 2009, a universitária Geisy Arruda teve de sair da faculdade em São Bernardo do Campo (SP) escoltada por policiais e ouvindo xingamentos por usar um vestido considerado justo e curto. A intolerância também frequenta a Avenida Paulista, local cujas câmeras ali instaladas costumam registrar, com frequência, ataques a homossexuais.
"A mesma avenida que abriga uma das maiores paradas gay do mundo é o lugar onde se mata homossexuais. É inadmissível. Somos pessoas de duas caras, falsos moralistas", afirma a historiadora Mary Del Priore, que estuda a sexualidade no Brasil ao longo dos séculos. Mary acaba de lançar o livro "A Carne e o Sangue" (Editora Rocco), que aborda o triângulo amoroso constituído por Dom Pedro I, a Marquesa de Santos e a imperatriz Leopoldina. "D. Pedro dizia que fazia ‘amor de matrimônio’ com Leopoldina e ‘amor de devoção’ com Domitila. Do sangue nobre cuidava a mulher, que lhe dava os filhos e era a matriz. O prazer era com a outra. A imperatriz era muito religiosa e tinha horror ao sexo. A marquesa, ao contrário. E D. Pedro era um inconsequente machista, que teve dezenas de amantes", conta Mary.
Segundo a historiadora, o papel da igreja na formação da nossa sociedade no século 19 ajudou a formar essa dupla moral. "A casa tinha de ser o exemplo da sagrada família de Maria, José e Jesus, voltada para os valores mais altos que preconizava a igreja católica. A igreja consagra o matrimônio como obrigatório. Mais do que isso: o sexo dentro do casamento tinha de ser higiênico e a única preocupação era a reprodução". De acordo com a pesquisadora, a igreja regulamentava inclusive o que deveria acontecer entre quatro paredes.
“Os beijos eram condenados. Os padres confessores perguntavam o que as pessoas faziam no quarto e reprovavam todo tipo de toque no corpo com objetivo de ter prazer. A posição da mulher sobre o homem era contrária à lei divina. E ficar de quatro seria uma forma de animalizar o ato. Esse casamento sem prazer vai incentivar o sexo prazeroso fora de casa", declara a historiadora. E ela inclui outro exemplo da ambiguidade moral do brasileiro: as pornochanchadas da década de 70. "Há vários estudos que mostram que esse foi um momento de revolução sexual. Mas uma característica comum nesse tipo de filme é que o homem que pega todo mundo está sempre atrás de uma virgem. E a prostituta sonha com casamento de véu e grinalda. No Brasil, a mulher sempre teve de ser pura, virgem, não saber de sexo. Isso depunha contra o sexo feminino até pouco tempo", comenta Mary.
Homossexuais são assassinados e mulheres mentem sobre parceiros
O preconceito contra as mulheres que praticam sexo livremente permanece, segundo Mirian Goldenberg, antropóloga e professora na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).  "Estive na Suécia fazendo pesquisas sobre as mulheres. Lá, elas não são julgadas pelo comportamento sexual, se teve 20 parceiros ou um. Aqui as meninas mentem. Elas me dizem que se falarem que tiveram mais de três parceiros não arrumam namorados. E olha que estou falando de jovens que estudam ciências sociais", diz Mirian, que acrescenta: "No Brasil,  ter marido e constituir família é de um valor enorme para a mulher. Numa cultura assim, é difícil ter liberdade sexual. Conheço algumas que têm medo do porteiro do prédio. Homem entra com dez mulheres no apartamento sem nenhum problema. Elas não fazem isso. Esse tipo de preconceito afeta o cotidiano  e já deveria para ter acabado", afirma a antropóloga que estuda a sexualidade na classe média carioca desde 1988 e é autora dos livros "Toda Mulher é Meio Leila Diniz"  e "Por Que Homens e Mulheres Traem?" (Edições BestBolso).
O preconceito pode assumir formas agressivas e terminar em mortes como mostra o Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais do Grupo Gay da Bahia. De acordo com o documento, em 2011, ocorreram 266 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no país. Isso significa um aumento 118% desde 2007, quando foram registrados 122 casos. Esses números foram obtidos através de pesquisas em jornais, internet e notificação de pessoas ligadas às vítimas.
Embora os dados alertem para a violência cometida contra esses grupos, mostram também uma mudança social, de acordo com Sérgio Carrara, professor de antropologia do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e coordenador do Centro Latino Americano Em Sexualidade e Direitos Humanos. "Acho uma modificação importante no cenário a maior visibilidade que os crimes homofóbicos estão tendo na mídia. Começa-se a discutir e reconhecer a existência dessa situação. Vivemos um processo histórico, onde está se exigindo respeito e reconhecimento. Mas isso produz reações e situações de conflito de moralidades distintas", comenta o professor.
Para o psiquiatra e sexólogo Ronaldo Pamplona da Costa, a ignorância está na raiz do problema. "Todo preconceito com relação à sexualidade é baseado na falta de conhecimento sobre o assunto. De uns anos para cá, começou a ser tratado como impróprio mostrar preconceitos sobre sexualidade. As pessoas passaram a posar de conhecedores ou liberais quando nem entendem do assunto. Isso resulta no brasileiro falso liberal", diz o médico, autor de "Os Onze Sexos" (Editora Gente), lançado em 1994 no qual abordou os cinco tipos de sexualidade  para homens e mulheres (heterossexualismo, homossexualismo, bissexualismo, travestismo e transexualismo), acrescidos de um  11º grupo chamado de intersexo, onde estão agrupadas pessoas com defeitos físicos internos ou externos na região genital como hermafroditas, por exemplo. "Na época, sabia-se só sobre o heterossexualismo e colocava-se na mesma sacola do homossexualismo todas as outras sexualidades", diz Ronaldo.
Para dar uma ideia do desconhecimento sobre a sexualidade, o médico cita a própria categoria profissional. "Na faculdade de medicina não tem estudo da sexualidade nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Só  como funcionam os órgãos genitais com vistas à reprodução", diz o psiquiatra. "Ninguém nasce preconceituoso. Ao longo da educação as pessoas vão assimilando isso. Um homossexual pode ser preconceituoso em relação à própria sexualidade em alguma medida porque, no geral, fomos criados para sermos heterossexuais",  fala Ronaldo, relatando que, recentemente, atendeu em seu consultório uma jovem universitária que se assumia homossexual, embora não tivesse tido a prática, e que já havia feito amplas pesquisas sobre o tema. "Depois entrou a mãe dela, sozinha, uma mulher com curso superior, dizendo que não aceitava de forma alguma essa situação e que faria tudo para que a filha deixasse de ser homossexual."
Preconceito: modo de combater
Para que homens e mulheres possam exercer livremente a sexualidade, sem medo de se tornarem vítimas de ataques de qualquer natureza, serão necessárias muitas mudanças, segundo os especialistas.  "Temos liberdade política, mas não somos cidadãos. Democracias requerem esse sentimento. E não temos isso porque não temos educação", diz Mary Del Priore, que ainda faz críticas às mães. "Elas dão no leitinho para o filho homem a superproteção, a homofobia. É uma mulher que adora ser chamada de gostosa, que se identifica com mulher fruta, para quem mulher inteligente é sapatão. É a mãe a figura que transmite esse preconceito e essa dupla cara", diz a historiadora.
Mirian Goldenberg pensa da mesma forma. "O valor da brasileira sempre foi muito associado ao seu corpo, que tem de ser sexy, seduzir. Uma mulher alemã, por exemplo, é poderosa porque tem cargo de chefia, dinheiro, pode decidir, é algo objetivo. O poder da brasileira sempre foi associado à sexualidade dela para a sedução do outro e não para o próprio prazer. Todo o peso do julgamento tem a ver com a imagem corporal que ela constrói", diz Mirian, que acha mais complicado lutar contra o que chama de preconceito invisível.
"As atitudes mais violentas de intolerância acabam indo parar na TV e geram movimento de repúdio. Mas ao nos submetermos mentir no dia a dia, ter medo do julgamento do porteiro, evitar o decote para não sofrer preconceito, nós só o reforçamos", diz Mirian, que cita uma figura famosa por quebrar tabus nos anos 60. "Como Leila Diniz acabou com o estigma da mulher grávida não poder mostrar a barriga? Foi para a praia de biquíni dizendo que a barriga era linda. E hoje todas as gestantes podem fazer isso. Esse preconceito invisível é mais difícil de acabar", diz Mirian.
Para Sérgio Carrara, é possível construirmos uma nova moral sexual. "Temos um processo de conflitos que envolve movimento LGBT, imprensa, sociedade civil, políticos. São forças que querem traçar uma nova moralidade sexual que não seja baseada na discriminação. Mas há também uma reação a isso, seja na forma de violência física ou simbólica. E as escolas são fundamentais nessa construção que deve ser  baseada em liberdade, igualdade e dignidade, na qual a orientação sexual das pessoas diz respeito apenas a elas. Ao considerar esses princípios, os preconceitos e estereótipos tendem a desaparecer."

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Una madre acusa a una escuela de expulsar a su hijo por "ambigüedad genital"


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

FORMAÇÃO DA SEXUALIDADE E PRECONCEITO


SEGUNDA-FEIRA, 8 DE AGOSTO DE 2011
FORMAÇÃO DA SEXUALIDADE E PRECONCEITO - POR OSWALDO RODRIGUES JR.
Alguns passam a ter desejo sexual por pessoas de outro sexo na fase da puberdade. Outros descobrem esse sentimento na adolescência. Há ainda aqueles que nunca conseguirão se classificar. Muitos são vítimas de preconceito e de exclusão. De acordo com o diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex), Oswaldo M. Rodrigues Jr., uma das necessidades mais importantes na vida de uma pessoa é o sentimento de pertencer a um grupo que o acolha e lhe dê proteção.
“Sentir-se excluído por qualquer razão será um motivo de sofrimento”, diz o psicólogo e psicoterapeuta sexual, que segue abordagem psicológica comportamental-cognitiva.
O InPaSex atua em questões relacioandas a disfunções sexuais e queixas relativas à sexualidade do ponto de vista da psicologia, fornecendo psicoterapia a indivíduos e casais que buscam superar problemas que vivenciam nestas áreas. O diretor Oswaldo Rodrigues fala sobre a formação sexual do ser humano e os impactos do preconceito contra crianças e adolescentes homossexuais.

Com qual idade é comum uma pessoa descobrir sua sexualidade?
Existem várias partes do que se tem sido chamado de “sexualidade”. A sexualidade é composta de vários graus de identidades que se sobrepõe. A “identidade de gênero”, que significa descobrir se pertence ao grupo dos homens ou das mulheres, ocorre nos dois primeiros anos de vida e se confirma aos 7 anos. A maioria das pessoas desenvolve uma identidade de gênero de acordo com o sexo genital. A “identidade sexual social” é percebida com expressões e formas de fazer as coisas como masculino ou feminino. Estas características são aprendidas e assimiladas desde o nascimento e firmadas por volta dos 7 anos, quando a criança passa a exercitar o “ser homem” ou “ser mulher” a partir das expressões sociais e externas.
As designações “objeto sexual”, “opção sexual” e “orientação sexual” implicam gramaticalmente em qual deverá ser o objeto da satisfação sexual da pessoa. Precisamos observar um contínuo entre dois extremos, para começar: da heterossexualidade à homossexualidade, com vários graus de bissexualidade intermediários. Ainda existe a assexualidade e a preferência por objetos/partes do corpo. Estas formas são estados de ser que podem dominar a vida toda ou serem fases com durações mais ou menos prolongadas gerando identidades sociais diferenciadas. Algumas destas identidades são pronunciadas e visíveis de acordo com momento histórico, valores e mecanismos de tolerância à frustração por parte dos indivíduos de uma cultura.
Há 500 anos se ateava fogo a uma pessoa de genitália ambígua ou transexual. Há 100 anos se mandava para a prisão quem fosse homossexual. Ainda hoje há quem não acredite que bissexuais existam e se ridicularizam assexuados e parafílicos como pervertidos. Esta fase objetal implica em designar o outro como fonte de satisfação sexual ou de satisfação afetiva. Ambas as formas são consideradas sexualidade em nosso momento cultural, embora sejam qualitativamente diferentes. Algumas pessoas iniciarão esta fase ao redor da puberdade, outras na adolescência, e outras após os 18-20 anos de idade. Muitas passarão por momentos de variação ao longo de 5 ou 6 décadas de vida. De toda forma, não se pode dizer se uma criança terá orientação sexual hetero, homo, bi, assexual ou objetal. Muitos sequer conseguirão classificar-se mesmo sendo adultos (por mais que possam ser classificados pelo mundo externo).

Quando a criança descobre que é minoria entre os seus colegas, como ela se sente?
Uma das necessidades de importância na vida de uma pessoa será o sentimento de pertencer a um grupo que o acolha e lhe dê proteção. Sentir-se excluído por qualquer razão será um motivo de sofrimento. Este sofrimento poderá produzir uma capacidade de administrar as frustrações que ocorrerão ao longo de toda a vida, sendo um produto positivo de uma condição negativa. Porém, a maioria das pessoas reage de modo negativo, desenvolvendo o que se denomina de baixa autoestima, autoidentidades negativas e passa a associar-se adjetivos negativos que o conduzirão a comportamentos e atitudes negativas e contraproducentes sobre si e sobre o mundo. As pessoas que poderão aprender a administrar as frustrações destas exclusões, vivendo como minoria, serão os mais ilustres e mais bem-sucedidos daquele mesmo grupo. Assim, em determinado momento, sentir-se mal não é exatamente apenas negativo. Se a criança tem acolhimento em outras áreas, provavelmente ela se perceberá diferente, e não excluída, mesma que assim o seja.
A exclusão pode se dar não por ela ser diferente, mas pelo grupo necessitar de um bode expiatório, para os indivíduos do grupo sentirem-se bem. Assim são as histórias de crianças chamadas de “bicha”, que recebem toda a carga negativa que os colegas têm, não por ser homossexual, mas para servir de expiação dos problemas do grupo. O mesmo ocorre na família, onde pais e irmãos usam palavras negativas para sentirem-se bem e superiores. A criança assume a identidade homossexual não por desejar outro de mesmo sexo, mas para cumprir um papel de carregar as dificuldades da família. Mais provavelmente esta criança desenvolverá preferências homossexuais, pois o mundo já participa com determinantes coerentes ao epíteto designador.

É comum adolescentes tirarem sarro, implicarem e até praticarem bullying com os colegas. Como esse comportamento é visto dentro da psicologia?
A competição é um dos mecanismos para produzir características úteis na sociedade adulta. A competição entre crianças é moldada nos adultos que as cercam. Entre a idea de competição e uma agressão existe grande diferença que precisa de ponderação. Por isso o termo bullying. Uma criança hostil vem de lares hostis ou ela é perturbada em termos de personalidade. O mais comum é a criança copiar comportamentos que assiste em casa: violência de gênero. A criança repete o que vivencia, pois é assim que compreende que deve ser o mundo.

Quais cuidados as escolas devem tomar para que alunos homossexuais não sejam vítimas de bullying?
A discussão sobre as possibilidades de identidades de gênero, expressões sexuais sociais, formas e preferências sexuais deveria ser compreendida pelos professores, pois eles é que passarão esta compreensão para os alunos. Isto exige atuação cotidiana, não apenas em uma ou outra aula especial (como em muitas escolas ainda chamam inadequadamente de “educação sexual”). Isto ainda é e ainda será muito complicado, pois envolve discussões de valores pessoais e grupais para os adultos. O mundo se encontra em constante mudança. Parodiando Henry Havelock Ellis no começo do século XX: “se tudo no universo se encontra em constante movimento, porque o ser humano seria estático?”
Crenças e valores de adultos não são modificados com facilidade. Por isso existe a psicoterapia, um processo que permite mudanças e não é baseado em apenas informações e conhecimentos. A informação permite o debate, mas não muda crenças. Na maior parte das vezes as informações são utilizadas para manter crenças e não modificá-las. A construção das crenças estereotipadas socialmente é feita de modo pedagógico. Isto se diferencia do método psicológico, focado no indivíduo e não na informação. Assim, muitos dos professores que têm dificuldades em administrar o “diferente” precisariam aprender a mudar suas crenças para que convivessem com os diferentes. As crianças só copiam e seguem os modelos dos adultos.

Um estudo da Universidade de Columbia (EUA) mostrou que adolescentes gays têm até cinco vezes mais chances de se matar do que os heterossexuais. Existe alguma pesquisa como essa no Brasil que o senhor possa destacar?
Várias pesquisas brasileiras têm sido feitas e várias conclusões são tiradas há 30 anos. Grupos de apoio a adolescentes homossexuais têm sido tentados. Problemas legais de pais não aceitarem seus filhos não os permitindo sequer discutirem e compreenderem se realmente são ou não homossexuais apenas facilitaram o aumento destas estatísticas. Psicólogos que atendem adolescentes sabem disso ao verem seus pacientes trazerem estas discussões. Eles levam muitas semanas para confiarem no terapeuta, pois o mecanismo mais degradado é o da confiança em outros superiores.

Qual é o impacto que o preconceito pode ter na vida da criança e/ou do adolescente homossexual?
Isto sempre dependerá das características de personalidade que a criança e o adolescente estão desenvolvendo. Assimilar-se negativo ou positivo frente as adversidades será determinante para produzir um impacto e de que tipo.
Psicanalista Oswaldo Rodrigues Jr.
Fonte: G1
http://centauroalado.blogspot.com/2011/08/formacao-da-sexualidade-e-preconceito.html

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Juiz proíbe paquera em praça principal de cidade do Mato Grosso do Sul

13/07/2011 - 15h40
Juiz proíbe paquera em praça principal de cidade do Mato Grosso do Sul
Celso Bejarano
Especial para o UOL Notícias
Em Campo Grande

Desde a última terça-feira (12), os moradores de Itaporã (277 km de Campo Grande) não podem mais namorar na principal praça da cidade. A decisão partiu do juiz Adriano da Rosa Bastos, titular do fórum municipal.
“A partir desta data [12] fica expressamente proibida a ocorrência da paquera nos finais de semana na praça central São José de Itaporã, devendo isto ser entendido como toda forma de aglomeração de adolescentes e adultos munidos de bebidas alcoólicas e fazendo uso de aparelhos de som em alto volume”, diz trecho da portaria 034/2011 do magistrado.
O juiz se refere ao evento festivo Paquera na Avenida, realizado todos os domingos nos últimos 15 anos na praça principal da cidade por Antonino Rebeque, diretor do presídio semiaberto de Dourados (27 km de Itaporã). Rebeque era autorizado pela prefeitura para promover a festa. Ele não quer cometar a decisão do magistrado
O Paquera na Avenida atraía cerca de 300 pessoas por domingo, segundo a Polícia Militar. Na praça, que fica em frente à principal igreja do município e o prédio da prefeitura, tocavam músicas em alto volume e ali também se apresentavam artistas da cidade. Barracas vendiam comidas e bebidas, incluindo alcoólicas. A festa começava às 19h e acabava por volta das 23h.
Um policial militar que preferiu não se identificar disse ao UOL Notícias, por telefone, que o principal problema da “Paquera na Avenida” não eram os casais, mas as brigas entre gangues no final da noite.
De dois anos para cá, segundo o policial, morreram duas pessoas durante o evento, um deles no último domingo. Um rapaz de 21 anos de idade matou com tiro de garrucha um desafeto antigo, de 23 anos. Os dois já tinham duelado com faca, segundo a polícia local.
Um comerciante que mora perto da praça, que também não autorizou a publicação de seu nome, disse ter ficado “triste” com a portaria. “A violência amedronta, sim, mas acabar com a festa por causa dos encrenqueiros é uma forma de pouparmos o poder público. Acho que devia ter mais policiais nas ruas, essa seria uma decisão mais sensata”, disse ele, que mora há 20 anos na cidade.
Itaporã possui 21 mil habitantes, e a segurança pública é cuidada por 14 policiais militares e dois policiais civis.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/07/13/juiz-proibe-paquera-em-praca-principal-de-cidade-do-mato-gosso-do-sul.jhtm

sábado, 11 de junho de 2011

Hombres que odian a las mujeres

Hombres que odian a las mujeres

Por lo general, los hombres aman a las mujeres. Pero hay hombres que odian a las mujeres.
Pese a odiar a las mujeres, como le pasa a todos los humanos, tienen necesidad de amor… por lo que muchos de ellos conviven con mujeres a los que acaban maltratando, insultando, dominando y haciendo la vida imposible.

Ahora que me siento a escribir, me doy cuenta que como colaboradora en un portal para mujeres; me gustaría escribir sobre otras temáticas; quiero decir, anhelaría que la realidad que nos rodea a “nosotras” sea más placentera, armónica, y satisfactoria.
Que no hubiera necesidad de crear artículos con información acerca de la violencia de género, las consecuencias del abandono emocional, infidelidades, traiciones, abusos, humillaciones. Tomo conciencia que osaría redactar fantasías, tips para que te liberes a tus sueños, listas de posibilidades para que sigas riendo, consejos para que puedas seguir desarrollando tu potencial interior.
Sin embargo, pasando revistas, la vida actual es un escenario de cotidianas violencias, de infracciones para el alma, que tienen la mayoría de las veces como escenario: la pareja.
Pienso, ¿Qué pasará en la cabeza de las personas que buscamos la mayor parte de nuestro tiempo el amor, y cuando lo tenemos lo dejamos ir? Si el amor es el bien más deseado, ¿por qué lo castigamos? ¿Por qué le huimos?
¿Por qué hay hombres capaces de escupir, golpear, e insultar a sus novias o esposas? ¿Por qué hay hombres que creen que golpear a una mujer es signo de masculinidad? ¿Por qué habrá hombres que engañan, se burlan y victimizan con sus parejas? ¿Por qué habrá tantos hombres que odian a nuestro género?
Investigando un poco, y con conocimiento de experiencias personales –propias y ajenas- pero todas cercanas, me topé con una palabra muy concurrida y escuchada: “misógino”.
Busque la etimología del vocablo para aclarar mis inquietudes y descubro que la misma deviene del griego “miso” que significa odiar y “gyné” que significa “mujer”, por ende “misógino es el que odia a las mujeres”.
La pregunta consiguiente es:
¿Por qué un hombre llega a odiar a una mujer?
Porque es la respuesta emocional que encuentra para protegerse de lo que teme. El misógino como cualquier otro ser humano, anhela ser amado pero a su vez teme ser abandonado o destruido emocionalmente por esa mujer.
En esa ambigüedad amor-temor se origina el odio. Para el misógino la mujer representa el poder; y el poder se desea, se aspira, se pretende porque no se tiene; pero así mismo se detesta, se reprocha por es inalcanzable. El poder es el instrumento que representa “lo que quiero y lo que no tengo”, lo que me recuerda “lo que quisiera y el temor de nunca poseerlo”.
La mujer para el misógino es la figura que puede satisfacer sus carencias emocionales y a la vez, reducirlo a nada. El misógino se basa en la creencia de que el amor es dependencia, y sufrimiento.
Si se entrega a esa mujer y la ama; ella lo abandonará, lo castigará; él perderá el control.
Por eso su mejor defensa es la estrategia de “desvirtuar el poder de la mujer”; utilizando como herramientas la humillación, los insultos, el desinterés, la indiferencia, los golpes. Busca avasallar el amor propio de su pareja para restarle poder; para “controlar”, para sentir lo que no tiene: “poder.”
De esta forma la mujer aplastada en su autoestima comenzará a depender de él, y se aferrará a la relación por temor a ser abandonada.
Sus conductas abusivas, humillantes, agresivas, ultrajantes tienen origen en las vivencias infantiles; en la historia del seno familiar, en la relación que sus padres tuvieron, en los códigos que les trasmitieron, en las vivencias.
Si este hombre nació en una familia donde los golpes e insultos hacia la mujer era moneda corriente, repetirá la historia; pues para él “eso es amor”. Su cosmovisión sobre las relaciones de pareja se dispara desde lo vivido en su hogar.
Los padres son protagonistas fundamentales en nuestras vidas; la madre es el contacto primerizo con el amor, y el padre con la primera experiencia de límites. En el caso de los hombres misóginos, “el odio surge” por imitación de la imagen paterna (padre misógino que detenta el poder, que todo lo puede, que se le respeta por temor) o por representación de la imagen materna (madre controladora). En ambos casos el niño busca identificarse con aquél que se arrogué el “poder/control”.
Cuando no existe un equilibrio entre los progenitores, los roles se invierten, los que tienen que cuidar requieren protección de quién tendrían que cuidar. Si la madre sufre, el niño siente que debe protegerla, convertirse en el hombre de la casa. Esta función no acorde a su edad, crea los resentimientos que en el futuro proyectará en sus mujeres.
Un misógino es el niño interior herido en el cuerpo de un hombre adulto; que no ha sido recompensado en sus necesidades de protección y dependencia; al que no se le ha permitido crecer, desarrollarse, expandirse. Un hombre que alberga un inmenso enojo, ira, bronca y odio hacia su madre; que años más tarde traslada a la mujeres; pues vive en él, el sentimiento latente del abandono que recibió cuando niño – madre víctima a la que debía proteger/madre sofocante que no le permitía ser – y se defiende a cualquier precio.
Autor: Chuchi González.
Coach Motivacional.
http://www.todamujeresbella.com/9338/hombres-que-odian-a-las-mujeres/

sexta-feira, 10 de junho de 2011

La homofobia es violencia de género

La homofobia es violencia de género

Por Francisco Rodríguez Cruz (periodista del semanario Trabajadores y activista del Centro Nacional de Educación Sexual)

(Especial para No a la Violencia)

La ira le transformó el rostro y las expresiones verbales y los gestos fueron subiendo el tono de las amenazas hasta proponer a los amigos, que trataban de calmarle, tomar piedras para lanzarlas a aquella pareja de muchachos homosexuales que iban tomados de la mano y se daban un beso en la calle.

Afortunadamente, esta vez solamente se trataba de una dramatización en el ámbito de un taller sobre los derechos sexuales como derechos humanos, entre activistas y promotores de salud del centro provincial de prevención de las ITS/VIH/sida en Santiago de Cuba, que tuvo lugar como parte de las actividades de capacitación y debate en la reciente IV Jornada Cubana contra la Homofobia.

La violencia de la situación supuesta sorprendió incluso a uno de los improvisados actores, quien quedó asombrado —y emocionalmente impactado— al ver que un joven apuesto, dulce, varonil, aparentemente seguro de sí, podía de pronto convertirse no solamente en un hombre ofensivo, irracional, despreciativo del

Barómetro

Señales 7

derecho de otros a expresar en público su orientación no heterosexual, sino que ello le hizo perder el control hasta manifestarse como un peligroso agresor en potencia.

Esta forma extrema de violencia por prejuicios homofóbicos, aunque no podemos afirmar que sea una conducta frecuente en Cuba, está sin embargo en el imaginario popular de una parte de la población machista —sobre todo masculina—, presta a emerger cuando se dan circunstancias negativas adicionales como el consumo de alcohol u otras sustancias alienantes, el bajo nivel cultural y la marginalidad de los individuos involucrados en tales hechos.

Y aunque se trata de una conducta límite, ilustra muy bien la naturaleza de la homofobia, como expresión de la violencia de género.

Porque, en el fondo, detrás de cualquier comportamiento homofóbico es posible detectar, aislar casi como si fuera una prueba de laboratorio, un sistema de códigos que funcionan en nuestras sociedades heteronormativas y patriarcales, que actúan sobre la base de los estereotipos acerca de lo que deben ser y hacer un hombre y una mujer, siempre con una visión que considera inferior lo femenino.

La ruptura de la normatividad masculina y el binarismo de género, en el cual los roles para el hombre y la mujer tienden a ser con frecuencia bastante inflexibles, es tal vez una de las causas de la homofobia más fáciles de identificar.

Esta cualidad de subvertir los valores culturales y las normas sociales arraigadas por siglos son una de las razones más poderosas por las cuales se intenta la invisibilidad, la proscripción y, si es necesario, la represión de cualquier orientación sexual no heterosexual, o de una identidad de género que no concuerde con la apariencia genital.

Sencillamente, ser gay, lesbiana, bisexual, transexual o intersexual pone en crisis un sistema de pensamiento hegemónico que se consideró conveniente —y ha dado muy buenos resultados, por cierto— para reproducir socialmente las relaciones económicas y políticas de subordinación de las mujeres hacia los hombres.

Ante los ojos de las personas y de las estructuras sociales —porque el asunto trasciende a los individuos para anclarse en las instituciones y otras formas organizativas constituidas, que detentan ese poder autoritario que se funda en la violencia de un género sobre el otro—, los homosexuales varones cometerían la gran imprudencia políticamente inaceptable de no ser los machos dominantes ante las mujeres; las lesbianas asumirían una independencia vergonzosa para la primacía sexual y la subordinación material que, como mujeres, deberían concederles graciosamente a los hombres.

En el caso de la bisexualidad, el rechazo proviene por partida doble ante el riesgo de que se transgredan los roles de género, aunque podría hallar también una benevolente tolerancia en el caso de los sujetos masculinos, cuando reproducen desde esta orientación sexual el estereotipo del "depredador" que somete por igual a mujeres y hombres.

En el caso de una mujer bisexual, por el contrario, tendría que cargar también con el estigma de su presunta liviandad a partir del viejo e hipócrita cuestionamiento ético de doble rasero con que siempre se les juzga a ellas como prostitutas, cuando en materia de sexualidad expresan comportamientos similares a los que sirven para premiar con un inmerecido reconocimiento social a los varones.

La transexualidad y la intersexualidad son, sin dudas, las más subversivas de las variantes para este orden ideológico reinante y presumiblemente aceptado por una amplia mayoría, al hacer saltar en pedazos no ya solamente la relación de 8

supremacía entre hombre y mujer, sino incluso los paradigmas, los conceptos mismos de qué son la hombría y la feminidad.

La exclusión de todas estas variantes de la sexualidad humana, ya sea mediante el silenciamiento de su existencia, su patologización —convertirlas en enfermedades—, victimización, ridiculización, discriminación en todas sus variantes, hasta su castigo o punición de hecho o de derecho, es por ello, en última instancia, violencia de género.

La manera de combatir este tipo tan particular de actitudes y acciones violentas —algunas tan sutiles y solapadas que ni siquiera es preciso alzar la voz para asumirlas o cometerlas, pero que igual dañan y provocan dolor y sufrimiento— va más allá de la reprimenda moral o la sanción legal de los hechos que las tipifican, lo cual, por cierto, es urgente llevar cada día con más fuerza y claridad tanto al sistema de valores de la sociedad cubana como a su ordenamiento jurídico.

Solo en la medida que vayamos construyendo un nuevo tipo de sociedad, que supere las distorsiones históricas acumuladas en materia de (in)equidad de género, desaparecerán consecuentemente las causas últimas de la discriminación por motivo de la orientación sexual e identidad de género y, con ella, su variante más extrema como manifestación de violencia: la homofobia.

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sábado, 4 de junho de 2011

'Sentir-se excluído será motivo de sofrimento', diz psicoterapeuta sexual


04/06/2011 06h02 - Atualizado em 04/06/2011 06h44
'Sentir-se excluído será motivo de sofrimento', diz psicoterapeuta sexual
Oswaldo M. Rodrigues Jr. fala sobre a formação sexual do ser humano e os impactos do preconceito contra crianças e adolescentes homossexuais
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Oswaldo M. Rodrigues Jr, psicólogo e diretor do InPaSex (Foto: Divulgação)
Alguns passam a ter desejo sexual por pessoas de outro sexo na fase da puberdade. Outros descobrem esse sentimento na adolescência. Há ainda aqueles que nunca conseguirão se classificar. Muitos são vítimas de preconceito e de exclusão. De acordo com o diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex), Oswaldo M. Rodrigues Jr., uma das necessidades mais importantes na vida de uma pessoa é o sentimento de pertencer a um grupo que o acolha e lhe dê proteção.
“Sentir-se excluído por qualquer razão será um motivo de sofrimento”, diz o psicólogo e psicoterapeuta sexual, que segue abordagem psicológica comportamental-cognitiva.
O InPaSex atua em questões relacionadas a disfunções sexuais e queixas relativas à sexualidade do ponto de vista da psicologia, fornecendo psicoterapia a indivíduos e casais que buscam superar problemas que vivenciam nestas áreas. O diretor Oswaldo Rodrigues fala sobre a formação sexual do ser humano e os impactos do preconceito contra crianças e adolescentes homossexuais.
Com qual idade é comum uma pessoa descobrir sua sexualidade?
Existem várias partes do que se tem sido chamado de “sexualidade”. A sexualidade é composta de vários graus de identidades que se sobrepõe. A “identidade de gênero”, que significa descobrir se pertence ao grupo dos homens ou das mulheres, ocorre nos dois primeiros anos de vida e se confirma aos 7 anos. A maioria das pessoas desenvolve uma identidade de gênero de acordo com o sexo genital. A “identidade sexual social” é percebida com expressões e formas de fazer as coisas como masculino ou feminino. Estas características são aprendidas e assimiladas desde o nascimento e firmadas por volta dos 7 anos, quando a criança passa a exercitar o “ser homem” ou “ser mulher” a partir das expressões sociais e externas.
As designações “objeto sexual”, “opção sexual” e “orientação sexual” implicam gramaticalmente em qual deverá ser o objeto da satisfação sexual da pessoa. Precisamos observar um contínuo entre dois extremos, para começar: da heterossexualidade à homossexualidade, com vários graus de bissexualidade intermediários. Ainda existe a assexualidade e a preferência por objetos/partes do corpo. Estas formas são estados de ser que podem dominar a vida toda ou serem fases com durações mais ou menos prolongadas gerando identidades sociais diferenciadas. Algumas destas identidades são pronunciadas e visíveis de acordo com momento histórico, valores e mecanismos de tolerância à frustração por parte dos indivíduos de uma cultura.
Há 500 anos se ateava fogo a uma pessoa de genitália ambígua ou transexual. Há 100 anos se mandava para a prisão quem fosse homossexual. Ainda hoje há quem não acredite que bissexuais existam e se ridicularizam assexuados e parafílicos como pervertidos. Esta fase objetal implica em designar o outro como fonte de satisfação sexual ou de satisfação afetiva. Ambas as formas são consideradas sexualidade em nosso momento cultural, embora sejam qualitativamente diferentes. Algumas pessoas iniciarão esta fase ao redor da puberdade, outras na adolescência, e outras após os 18-20 anos de idade. Muitas passarão por momentos de variação ao longo de 5 ou 6 décadas de vida. De toda forma, não se pode dizer se uma criança terá orientação sexual hetero, homo, bi, assexual ou objetal. Muitos sequer conseguirão classificar-se mesmo sendo adultos (por mais que possam ser classificados pelo mundo externo).
Quando a criança descobre que é minoria entre os seus colegas, como ela se sente?
Uma das necessidades de importância na vida de uma pessoa será o sentimento de pertencer a um grupo que o acolha e lhe dê proteção. Sentir-se excluído por qualquer razão será um motivo de sofrimento. Este sofrimento poderá produzir uma capacidade de administrar as frustrações que ocorrerão ao longo de toda a vida, sendo um produto positivo de uma condição negativa. Porém, a maioria das pessoas reage de modo negativo, desenvolvendo o que se denomina de baixa autoestima, autoidentidades negativas e passa a associar-se adjetivos negativos que o conduzirão a comportamentos e atitudes negativas e contraproducentes sobre si e sobre o mundo. As pessoas que poderão aprender a administrar as frustrações destas exclusões, vivendo como minoria, serão os mais ilustres e mais bem-sucedidos daquele mesmo grupo. Assim, em determinado momento, sentir-se mal não é exatamente apenas negativo. Se a criança tem acolhimento em outras áreas, provavelmente ela se perceberá diferente, e não excluída, mesma que assim o seja.
A exclusão pode se dar não por ela ser diferente, mas pelo grupo necessitar de um bode expiatório, para os indivíduos do grupo sentirem-se bem. Assim são as histórias de crianças chamadas de “bicha”, que recebem toda a carga negativa que os colegas têm, não por ser homossexual, mas para servir de expiação dos problemas do grupo. O mesmo ocorre na família, onde pais e irmãos usam palavras negativas para sentirem-se bem e superiores. A criança assume a identidade homossexual não por desejar outro de mesmo sexo, mas para cumprir um papel de carregar as dificuldades da família. Mais provavelmente esta criança desenvolverá preferências homossexuais, pois o mundo já participa com determinantes coerentes ao epíteto designador.
É comum adolescentes tirarem sarro, implicarem e até praticarem bullying com os colegas. Como esse comportamento é visto dentro da psicologia?
A competição é um dos mecanismos para produzir características úteis na sociedade adulta. A competição entre crianças é moldada nos adultos que as cercam. Entre a idea de competição e uma agressão existe grande diferença que precisa de ponderação. Por isso o termo bullying. Uma criança hostil vem de lares hostis ou ela é perturbada em termos de personalidade. O mais comum é a criança copiar comportamentos que assiste em casa: violência de gênero. A criança repete o que vivencia, pois é assim que compreende que deve ser o mundo.
Quais cuidados as escolas devem tomar para que alunos homossexuais não sejam vítimas de bullying?
A discussão sobre as possibilidades de identidades de gênero, expressões sexuais sociais, formas e preferências sexuais deveria ser compreendida pelos professores, pois eles é que passarão esta compreensão para os alunos. Isto exige atuação cotidiana, não apenas em uma ou outra aula especial (como em muitas escolas ainda chamam inadequadamente de “educação sexual”). Isto ainda é e ainda será muito complicado, pois envolve discussões de valores pessoais e grupais para os adultos. O mundo se encontra em constante mudança. Parodiando Henry Havelock Ellis no começo do século XX: “se tudo no universo se encontra em constante movimento, porque o ser humano seria estático?”
Crenças e valores de adultos não são modificados com facilidade. Por isso existe a psicoterapia, um processo que permite mudanças e não é baseado em apenas informações e conhecimentos. A informação permite o debate, mas não muda crenças. Na maior parte das vezes as informações são utilizadas para manter crenças e não modificá-las. A construção das crenças estereotipadas socialmente é feita de modo pedagógico. Isto se diferencia do método psicológico, focado no indivíduo e não na informação. Assim, muitos dos professores que têm dificuldades em administrar o “diferente” precisariam aprender a mudar suas crenças para que convivessem com os diferentes. As crianças só copiam e seguem os modelos dos adultos.
Um estudo da Universidade de Columbia (EUA) mostrou que adolescentes gays têm até cinco vezes mais chances de se matar do que os heterossexuais. Existe alguma pesquisa como essa no Brasil que o senhor possa destacar?
Várias pesquisas brasileiras têm sido feitas e várias conclusões são tiradas há 30 anos. Grupos de apoio a adolescentes homossexuais têm sido tentados. Problemas legais de pais não aceitarem seus filhos não os permitindo sequer discutirem e compreenderem se realmente são ou não homossexuais apenas facilitaram o aumento destas estatísticas. Psicólogos que atendem adolescentes sabem disso ao verem seus pacientes trazerem estas discussões. Eles levam muitas semanas para confiarem no terapeuta, pois o mecanismo mais degradado é o da confiança em outros superiores.
Qual é o impacto que o preconceito pode ter na vida da criança e/ou do adolescente homossexual?
Isto sempre dependerá das características de personalidade que a criança e o adolescente estão desenvolvendo. Assimilar-se negativo ou positivo frente as adversidades será determinante para produzir um impacto e de que tipo.


http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2011/06/sentir-se-excluido-sera-motivo-de-sofrimento-diz-psicoterapeuta-sexual.html

sexta-feira, 3 de junho de 2011

São Paulo recebe a Marcha das Vadias no sábado

03/06/2011 - 19h10
São Paulo recebe a Marcha das Vadias no sábado

DE SÃO PAULO

No começo do ano, um representante da polícia do Canadá deu uma palestra em uma universidade de Toronto dizendo que as mulheres deveriam evitar se vestir como prostitutas para não serem vítimas de estupro. A afirmação deu origem a Slut Walk, a Marcha das Vadias, que já aconteceu em Toronto, Los Angeles e Chicagos (EUA), Buenos Aires (Argentina), Amsterdã (Holanda), entre outras cidades do mundo.

São Paulo recebe o evento no sábado (3), a partir das 14h. A concentração está marcada na praça do Ciclista, na avenida Paulista com a rua Consolação, na região central da cidade.

A página da marcha no Facebook tinha, até o início da noite desta sexta-feira, 5.917 pessoas confirmadas.

"Não é culpa dos nossos vestidos, salto alto, regatas, saias e afins que todos os dias mulheres são desrespeitadas e agredidas sexualmente, isso é culpa do machismo ainda muito presente na nossa sociedade. As mulheres do mundo estão se unindo!", diz a apresentação do evento no site.

A manifestação também está marcada para acontecer em Belo Horizonte (MG) no dia 18, na praça da rodoviária.

No blog de uma das organizadoras da marcha em São Paulo, Madô Lopez, ela diz já ter sido insultada pelas roupas que estava vestindo.

"Chega de sermos recriminadas e discriminadas nas ruas porque usamos saias, leggings, regatas, vestidos justos, chega de sermos reprimidas e intimidadas porque somos mulheres, porque somos femininas e porque queremos nos sentir sensuais, bora pras ruas mulherada!"

No site oficial da Slut Walk, a organização diz que historicamente o termo slut (puta, vagabunda ou vadia, em português) tem conotação negativa e se tornou ferramenta de acusação grave de caráter.

"Somos um movimento exigindo que nossas vozes sejam ouvidas. Estamos aqui para exigir mudanças (...) Queremos sentir que seremos respeitadas e protegidas", diz o site.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/925192-sao-paulo-recebe-a-marcha-das-vadias-no-sabado.shtml

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Preconceito é velado, diz psicólogo

30/05/2011 -- 00h00
Preconceito é velado, diz psicólogo
Para o psicólogo Márcio Neman, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa da Sexualidade e professor universitário em Londrina, o preconceito nas empresas é velado. ''A condição ou orientação sexual de uma pessoa é algo que só diz respeito a ela'', afirma Neman, acrescentando que as empresas que não aceitam o homossexual estão numa prática social violenta.

''O reconhecimento da união estável pelo STF está aí para eliminar barreiras que ainda resistem em diversos setores, inclusive, no mundo corporativo'', argumenta o especialistga. Ele explica que, historicamente, o mundo é dividido entre homem e mulher e, com isso, algumas profissões sofreram uma erotização que vem se modificando pelo contexto. ''Um exemplo é a mulher que é chefe de família, papel que sempre coube aos homens, e o homem que decidiu pela profissão de cabelereiro e não é gay. Esses exemplos mostram que isto está mudando, as regras não são tão estanques mas ainda existe muito preconceito nas empresas'', ilustra.

E esse preconceito fica muito evidente quando os homossexuais se afastam mais da matriz do macho formada pela sociedade (homem, viril, provedor, cristão etc), ou seja, se assemelham mais ao feminino.''Na verdade, as pessoas não querem visualizar o gay ao seu lado. Elas preferem ignorar. São tão narcisistas que não suportam o diferente'', afirma o psicólogo, acrescentando que quando há brincadeiras ou piadinhas de mau gosto no ambiente de trabalho é uma demonstração clara de que existe preconceito.

Na opinião do especialista, a sociedade ainda caminha a passos lentos nesse sentido. ''O Brasil é um dos países da América Latina mais atrasados em relação a algumas leis, ao contrário da Argentina, México e Venezuela'', diz. Para ele, o reconhecimento legal à união entre homossexuais reflete a lenta construção de novos valores que, aos poucos, as sociedades estão aprendendo a cultivar. (V.B.)
http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--4490-20110530

sábado, 28 de maio de 2011

Ícone nova-iorquino, transexual Amanda Lepore diz que Lady Gaga ajudou a diminuir preconceito

Ícone nova-iorquino, transexual Amanda Lepore diz que Lady Gaga ajudou a diminuir preconceito
26/05/2011 12h50• Neto Lucon, com tradução de Gabriel Nanbu e Diego Bonel
A musa transexual Amanda Lepore

Uma gritante imagem loura, recortada das fotos do conceituado fotógrafo David LaChapelle, circulou por São Paulo em uma tarde de sábado, dia 14 de maio. Pálida, com lábios carnudos e extremamente vermelhos, era apontada como uma alucinação de Marylin Monroe. Os olhares tortos de curiosos eram comuns, mas ela parecia não se importar.

Rumo à escadaria da Avenida 13 de Maio, inspirava-se nos passos da envolvente marciana interpretada por Lisa Marie em “Marte Ataca” (comédia americana de 1996). Com toda delicadeza e pompa de uma diva, estava empolgada por estar pela terceira vez no Brasil, onde gravou o clipe Turn me on Turn me Over.

Amanda Lepore, a tal figura vibrante que contrastou com o cenário cinza de São Paulo, é um grito. Uma hipérbole, boneca pop art que anda, pensa, fala e canta. Uma imagem moldada pelas mãos de cirurgiões plásticos, eternizada por LaChapelle e inspiração para letras do rapper Cazwell.

Nada nela é óbvio. Até mesmo as intervenções cirurgias – tidas por muitos como artificiais – serviram para aliar ao mais íntimo sentimento: o de ser mulher. Embora tenha uma imagem incomum e ousada, é tranquila e extremamente educada.

Ícone da noite americana e musa de LaChapelle (fotógrafo que também adotou ícones como Madonna, Cher, Elton John e Lady Gaga), a cantora nova-iorquina conversou com o Virgula com exclusividade. Aqui, falou sobre o novo álbum, o que pensa sobre Lady Gaga, Britney Spears, a brasileira Lea T e revelou detalhes de sua intimidade.


Você esteve aqui para gravar o clipe Turn me on Turn me Over. Por que escolheu o Brasil?
Eu e Marco Ovando (diretor do clipe) pensamos que o Brasil se encaixaria melhor pelas imagens dos garotos bonitos e seus contrastes. Assim como o título sugere, “os brasileiros me excitam”. A música é na verdade uma canção que fizemos há uns três anos. Eu cheguei a tocá-la uma vez com o Scissor Sisters, em Dallas, e outra em que o som não estava muito bom. O clipe foi gravado todo no Brasil, em um clube e no hotel em que fiquei hospedada.

Ícone da noite nova-iorquina, quando você se descobriu artista e começou a ser considerada diva?
Acho que logo quando comecei a trabalhar em night clubs, como na festa Disco 2000, em Nova York. Nós éramos tratadas como estrelas, embora não fôssemos.

Isso aconteceu como? Foi de repente, “ok, sou uma diva”?
Eu só queria ser uma garota normal, era muito tímida. Na noite, só estava tentando me virar. Mas depois teve o David LaChapelle que começou a me fotografar e isso virou uma bola de neve: entrevistas, reportagens, comecei a ser respeitada seriamente como uma diva. Mas teve gente que achou que me tornei famosa por causa das plásticas.

Que diferença você nota do cenário dos clubes de antigamente para o atual?
Quando comecei a trabalhar, as transexuais não eram vistas como parte da cultura gay. Tanto que trabalhava em clubes héteros, ao lado dos gogos e dançarinas. Fui provavelmente uma das primeiras transexuais na cena de clubes de Nova York e eles realmente não sabiam o que fazer comigo. Como me encaixava melhor entre as garotas, eles me colocavam com elas. Só mais tarde é que comecei a perceber que era mais convidada para festas gays.

Quando notou essa mudança?
Acho que quando começaram a incluir as transexuais nos direitos homossexuais, quando os gays começaram a ser mais receptivos. Hoje eu só trabalho em festas gays. A maior mudança é essa: começou de nada gay e agora é tudo gay.

O que acha de cantoras mais montadas de hoje, quase-drags, como a Lady Gaga?
Eu gosto, acho que ajuda muito pessoas como eu. Britney Spears, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, Lady Gaga, as pessoas vêem e pensam “eu gosto dela, e posso gostar também do trabalho da Amanda”. Acho que parte do sucesso da Lady Gaga vem do jeito que ela se veste. Acho a música boa, embora coisas novas não sejam as minhas favoritas.

O que escuta em casa?
Gosto muito de Kylie Minogue. Não compro música, porque gasto mais dinheiro com roupas e acessórios, mas ganho muitos presentes. Gosto de música boa em geral: velha, disco music... Entre Britney e Christina, prefiro a voz de bebê da Britney, apesar de tecnicamente a Christina ter uma boa voz. Da Rihanna prefiro o visual, a voz é muito sintetizada. Sobre a Lady Gaga, gostei do primeiro trabalho, mas não muito dos outros.

Recentemente você traçou uma parceria com o rapper Cazwell. Como o conheceu?
Nós nos conhecemos em clubes que trabalhamos juntos. Eu era fã da música dele e o chamei para tocar em minha festa de aniversário.

Depois ele colocou você em alguns clipes...
Sim, ele me colocou. É que passamos muito tempo próximos, e ele começou a escrever músicas sobre minhas experiências. A primeira foi “Champagne”. Eu gostei, as pessoas gostaram e foi um sucesso. E continuamos fazendo outros trabalhos em parceria.

Parceria ainda maior foi com David LaChapelle. O que poderia falar sobre os bastidores dos ensaios?
Ele é muito organizado, tudo é desenhado antes em storyboards. Gosta de discutir o cabelo e tem muitas referências. A equipe é enorme e tudo é planejado. Hoje ele tem sucesso e dinheiro para fazer dessa forma.

Você chega dar opinião nas fotos?
No começo eu não dava opinião. Mas agora ele me deixa escolher as fotos. Ele é muito meticuloso. Acho que uma das razões pelas quais a gente se dá tão bem é que ele percebeu que tenho uma visão que ninguém tem. E ele curiosamente também vê do meu jeito.

Conhece a modelo brasileira e transexual Lea T?
Ela é ótima! É uma modelo linda. Há sempre uma fascinação de deusas transexuais. Aconteceu isso nos anos 80, 60, 70, 90 e tem agora a Lea T. Sempre tem “a” pessoa, mas você nunca as vê como supermodels. Não é aceito dessa forma, é apenas uma fascinação.

O que acha da atual presença trans na mídia?
Sempre existiu um movimento de valorização da transexual, com uma fascinação, como se fôssemos deusas. Mas logo depois tudo isso acaba, não tem mais espaço. E é um pouco estranho, ainda existe muito preconceito, mas acho que está ficando mais comercial. Hoje vemos transexuais na televisão, trabalhando em lojas...

Quando você era pequena, não existiam tantas referências de transexuais. Em quem você se inspirou?
Sempre me senti garota e não entendia porque meus pais compravam roupas de menino. Pensava que eles estavam me punindo. Minhas referências foram as estrelas do cinema. Passava horas assistindo filmes antigos. Minha mãe e minha avó também gostavam de se montar. Nesta época, as mulheres tinham um acabamento drag queen, elas eram muito produzidas, assim como a Dita Von Teese é hoje em dia.

Como seus pais lidavam com sua vontade de adentrar no universo feminino?
Meu pai pegava todas as minhas bonecas, mas eu dizia que não iria para a escola e ele devolvia (risos). Minha mãe passou muito tempo hospitalizada, então meus familiares sentiam pena de mim. Minha avó me dava bolsas, jóias, me deixava usar perfume. Eles faziam isso porque achavam que eu era infeliz e que era apenas uma fase.

Você gosta de cantar no chuveiro, esse tipo de coisa?
Quando eu era pequena, cantava em frente ao espelho e fingia que estava me apresentando.

Como você é na intimidade? Você se maquia sempre?
Eu me maquio todos os dias, mas às vezes vou à academia sem nada. Gosto de pensar que não sou reconhecida, que passo batida, mas não passo (risos). Alguns namorados dizem que quando eu tomo banho e tiro a maquiagem não fico tão diferente. Mas de fato me sinto mais confortável maquiada.

E o que podemos esperar de você nos próximos anos?
Gosto de me manter ocupada e estou ficando mais confiante como performer. Não tomo as coisas como ganhas e por isso trabalho duro. Gostaria de fazer filmes ou escrever. Mas hoje meu foco é na música. Meu álbum sai em junho, 25, e tem 14 faixas.

Pretende voltar ao Brasil?
Oh, sim, claro. Podem esperar...

http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/lifestyle/2011/05/26/276211-icone-nova-iorquino-transexual-amanda-lepore-diz-que-lady-gaga-ajudou-a-diminuir-preconceito

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

- Sexualidade é vista de forma pejorativa

- Sexualidade é vista de forma pejorativa
André Simões
20/02/2011 às 02:00
Com 20 anos de profissão, a psicóloga clínica Eliany Mariussi, 42, começou a se interessar pelo tema da sexualidade ainda em seu último ano de graduação na UEM. Se ainda hoje o assunto é tabu, na época havia ainda mais dificuldade para colocá-lo em pauta. Quando a então estudante propôs apresentar seu projeto de conclusão de curso nessa área, houve grande resistência acadêmica.
Como Eliany se mostrou determinada, a solução proposta pelos professores foi que seu projeto sobre sexualidade viesse como um adicional, não a eximindo de fazer também um trabalho em outro tema. Jornada dupla. "Eu aceitei o desafio. Na época ninguém trabalhava com isso na faculdade", diz.
Desde então, a psicóloga se especializou na área da sexualidade. Em sua clínica, atende principalmente homens e mulheres que apresentam alguma disfunção sexual e querem auxílio para lidar com a questão. Com a experiência de trabalho, percebeu que muitos dos problemas apresentados por adultos têm raízes na infância e adolescência.
Daí veio a motivação para escrever seu primeiro livro, "Educação Sexual Começa em Casa", lançado em novembro do ano passado. Na quarta-feira, Eliany participou de um evento promovido por O Diário na Escola em parceira com o Colégio Marista e concedeu entrevista para o jornal. Leia a seguir os principais trechos:

Eliany Mariussi
"O assunto está escancarado, mas quando precisa ser dito algo de positivo, não acontece. São sempre os temas assustadores, gravidez indesejada, aids, pedofilia"
"O papel da mãe é o de orientação, não o de ser amiguinha. Há que se colocar limites, mas essa orientação deve vir da conversa, nunca da imposição de dogmas. Se há repressão, se fecha uma porta"
O Diário - É difícil para uma psicóloga trabalhar com foco em sexualidade, um tema ainda visto como tabu?
Eliany Mariussi - Sempre há certa resistência, no começo me senti muito só. Mas quanto mais fui me aprofundando em cursos e estudos, adquiri a convicção de que a sexualidade é um assunto lícito, da natureza humana. Ganhei força com essa certeza. Faço muitas palestras sobre o tema e percebo que as pessoas ficam curiosas, mas têm receio de falar, é como se um fantasma ficasse rondando. Elas querem mais é ouvir. Então é nesse sentido que eu ainda me sinto um pouco só: eu faço uma palestra e não há uma interação maior. Isso exige descontração do palestrante, brincar um pouquinho. Para falar de forma séria, não é preciso ser rígido.
O Diário - Qual o aspecto mais problemático da maneira como a sexualidade é tratada no senso comum?
Eliany Mariussi - A sexualidade é geralmente tratada de maneira pejorativa. Sempre que vão falar sobre o assunto é sobre pedofilia, prostituição, doenças sexualmente transmissíveis. Isso assusta, falta uma visão mais educativa. Alguns programas de televisão ainda tentam proporcionar um pouco mais de reflexão e informação, mas passam de madrugada, num horário inacessível para a maioria. Insisto que o sexo é da natureza humana, mas as pessoas não desenvolvem isso. Somos educados para outras dimensões, como intelectual, material, familiar, financeira, até religiosa, mas não há a mesma ênfase na educação sexual, existe um grande preconceito. A educação é falha em um coisa básica da vida.
O Diário - Há uma idade certa para começar a falar com as crianças sobre sexo?
Eliany Mariussi - Os pais devem falar de sexualidade – não de sexo, necessariamente. O assunto deve ser tratado sempre dentro da compreensão da idade. Uma criança de quatro anos não vai querer saber sobre iniciação sexual, mas pode ficar incomodada quando os pais se trancam dentro do quarto. Então deve ser explicado que os pais estão namorando, que é um momento só para adultos, e depois pode haver mais conversa. Deve se ter cuidado para perceber o que a criança quer saber e por quê. Se ela pergunta, é porque está pronta para a resposta. E a educação sexual não se esgota, é para toda a vida, passa por viúvos, casais em segundo união. Mesmo os pais, quando educam os filhos, estão se educando. Somos de uma geração sem educação sexual, frutos da desinformação.
O Diário - E em pleno século XXI, com informação abundante e acesso à Internet, ainda é difícil para os pais falarem sobre sexualidade com os filhos?
Eliany Mariussi - De forma educativa e respeitosa, sim. O assunto está escancarado, mas quando precisa ser dito algo de positivo, não acontece. São sempre os temas assustadores, gravidez indesejada, aids, pedofilia. Não se fala sobre as coisas boas de um relacionamento, sobre como é bom depois que a gente transa com a pessoa de que gostamos, passamos o dia inteiro bem.
O Diário - Embora as críticas sobre falta de educação sexual sejam constantes, alguns programas estatais que abordam diretamente o assunto foram muito contestados. Um caso notório foi quando, em 2007, o governo federal distribuiu, para estudantes de escolas públicas, cartilhas de orientação de saúde contendo páginas para anotar as "ficadas mais espetaculares". A sra. acha que esse tipo de ação incentiva a promiscuidade sexual?
Eliany Mariussi - Não lembro exatamente desse caso. Mas vejo que, em geral, as pessoas preferem atacar a buscar espaços e diálogos.
O Diário - Mas como a sra. analisa, de maneira geral, os programas de educação sexual do governo?
Eliany Mariussi - A meu ver, as aulas de educação sexual deveriam ser obrigatórias em todas as escolas. Hoje em dia, são opcionais. Penso que isso já é um começo, um avanço, mas os pais devem incentivar no currículo escolar essa obrigatoriedade. A escola recebe pessoas em plena formação, e os professores simplesmente não sabem lidar com sexualidade. Muitos alunos são punidos, suspensos, por questões em que deveriam ser orientados. Eu mesma recebo muitos convites para dar palestras de educação sexual em colégios e sempre recuso. Oferecem uma hora, uma hora e meia, acho isso desrespeitoso. Como falar em tão pouco tempo para pessoas que estão com todas as situações explodindo? A educação sexual exige aulas semanais, com horário próprio. Na verdade, quando me convidam para fazer essas palestras de uma hora e meia, devolvo o convite dizendo que aceito, desde que fale com os professores, não com alunos. São os professores que lidam com os conflitos.
O Diário - A sra. ministra palestras para grupos da Igreja Católica. Como trabalhar para uma instituição muitas vezes vista como repressora da sexualidade, que não aceita, por exemplo, o uso da camisinha?
Eliany Mariussi - A Igreja Católica tem restrições, mas também tem muitas coisas boas. Faço trabalhos geralmente orientando jovens que estão se casando, mostro como é importante manifestar desejo sexual pelo parceiro, falo sobre como se relacionar. Como as palestras são curtas, acabo não entrando no mérito da camisinha, até porque, dentro do casamento, muitas vezes isso não acontece. Mas nunca foi contestada por falar demais nessas palestras para a igreja, pelo contrário. Sempre demonstraram um respeito muito grande.
O Diário - Em que ponto o canal de comunicação entre pais e filhos sobre sexo deixa de ser saudável para ser invasivo? É normal uma filha que conta para a mãe sobre a pessoa com quem transou na ficada da noite anterior?
Eliany Mariussi - Essa é uma situação em que podem se ver coisas boas e outras não tão boas. Se a filha confia na mãe para dizer coisas íntimas, isso é um ponto positivo. Só que o papel da mãe é o de orientação, não o de ser amiguinha. Há que se colocar limites, mas essa orientação deve vir da conversa, nunca da imposição de dogmas. Precisa haver muita sutileza, confiança e, principalmente, diálogo. Se acontece a simples repressão, acaba se fechando uma porta importante, quebra-se um vínculo. Agora, que fique claro que conversar com a mãe não pode nunca ser igual a desabafar com uma amiga.
http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/394256/sexualidade-e-vista-de-forma-pejorativa/

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A homossexualidade ainda não é bem aceite

A homossexualidade ainda não é bem aceite
Sexóloga diz que as pessoas estão mais abertas para recorrer à terapia e mais disponíveis para falar de sexo.
Ontem
Marta Crawford ficou conhecida da maioria dos portugueses em 2005, quando apresentou na TVI o programa "AB Sexo". Depois de uma passagem por "Factor M" da RTP1, regressou à estação de Queluz em 2009, com "Aqui há sexo" no TVI 24.


foto ARQUIVO JN


Sem projectos televisivos em mãos, a psicóloga e sexóloga Marta Crawford lançou mais um livro, "Diário sexual e conjugal de um casal", em que vai enquadrando as histórias ficcionadas com apontamentos em que aborda situações e preocupações que a maioria das pessoas tem.

A estrutura do livro está dividida em três áreas, uma ficcional e duas mais factuais. Como funciona?

Construí a história de um casal - o "Miguel" e a "Joana" - junto há 12 anos, da sua rede de familiares e amigos, que vão passando por várias situações ao longo do ano. Os seus testemunhos são o pretexto para que as crónicas apareçam e construam a parte mais teórica do livro. Umas mais metafóricas, outras mais provocatórias, outras mais informativas. Depois existem uns "post-its", uns quadradinhos, que são piscadelas ao leitor que pega no livro e que vê umas dicas muito directas. São um ponto intermédio entre aquilo que é o testemunho e as crónicas. Dicas rápidas, num outro registo.

Nota evolução na forma como os portugueses estão a lidar com a sexualidade?

Em termos gerais, eu não faço estudo científico para perceber como as pessoas eram ou não. Percebo que as pessoas estão mais abertas para falarem do tema e que pedem ajuda com menos tempo de problema. Dantes, se calhar, só ao fim de muitos anos é que decidiam pedir ajuda a um terapeuta e agora fazem-nos a partir do momento em que é definido que existe qualquer coisa que não está a funcionar muito bem. Têm mais facilidade em pedir ajuda, e isso é um grande passo.

Pode falar-se em sobrevalorização do sexo em detrimento dos afectos?

Há muitas situações de mal-estar conjugal que provocam depois o mal-estar sexual. Mas há outras em que vejo casais óptimos, mas que por alguma razão da vida se afastaram e as coisas entram numa engrenagem que eles não conseguem interromper. A ajuda é pedida e, normalmente, nesses as coisas até são mais fáceis de resolver em termos terapêuticos. Os que estão sob grande pressão enquanto casal, muita discussão, muita mágoa é sempre mais difícil chegar a um ponto de satisfação sexual. Mas chega-se.

A facilidade com que os jovens acedem à informação sobre sexo é benéfica, ou por falta de enquadramento acaba por prejudicar?

Há muita informação que é um exagero. Sãos os novos mitos da sexualidade em que os homens e mulheres são supersexualizados, querem sexo a toda a hora e momento e fazem tudo, não têm limites. Podemos correr esse risco e de repente não haver capacidade de balizar aquilo que se quer e não se quer, e entra-se em comportamentos de risco. Porque a informação está em todo lado, mas depois não é mastigada, dialogada. Uma coisa é ler na net e nas revistas, outra é interiorizar, pôr em causa, criticar . E nisso a família é importante e também a escola. Vejo sexualidade muito experimentada mas com muito pouco prazer, pouca satisfação, e muitos tabus.

As pessoas ainda têm dificuldade em aceitar a homossexualidade?

Têm, e aliás neste caso badalado de Nova Iorque (morte de Carlos Castro) de repente vejo comentários, essencialmente na net, completamente homofóbicos. Muito assustadoramente extremistas. Parece-me que foi a oportunidade de se despejar tudo o que no fundo não está resolvido. Aparentemente há uma aceitação, aliás o casamento gay é também para promover a igualdade, mas às vezes as mentalidade não mudam com a rapidez desejada.

Os programas sobre sexo e afectos que têm vindo a proliferar na televisão têm contribuído para a evolução das mentalidades?

Uns sim, outros não. Genericamente, o facto de falar sobre as coisas ajuda a que as pessoas pensem sobre elas de uma forma mais fácil. Porque se discute as coisas. Quando são programas em que se fala das coisas com conhecimento de causa, quando não é uma coisa só gratuita para vender sexo.

Programas que mastigam a informação com pessoas a intervirem, acho que sim.

Tem algum projecto televisivo em preparação?

Para já não tenho nenhum convite. Tenho programas que desenhei, que na altura apresentei à RTP e à SIC e depois acabei por fazer na TVI e que ficaram um bocadinho na sacola. Espero ainda vir a fazê-los, porque as pessoas estão sempre a perguntar-me quando é que eu volto. É porque gostaram e sentem necessidade de voltar a falar destes temas.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?content_id=1776415&page=-1