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domingo, 15 de setembro de 2013

"Novo homem" está perdido diante da mulher independente, afirma psicólogo

por

Brunno Kono | iG São Paulo
Publicada em 12/09/2013 13:21:43
“O que está perdido não sabe como agradar, enquanto o das antigas, aquele que permanece na década de 40, acomodado no seu papel, perde a mulher porque nenhuma precisa de um homem para viver financeiramente. Esse é arredio à terapia, não acredita nela, e quando vem, vem no desespero, quando a mulher já pediu o divórcio. Inevitavelmente, este tipo de homem está em extinção.”
É com palavras duras que Antônio Carlos Alves de Araújo, psicólogo e terapeuta de casais há 25 anos, define o homem que pode nem aparentar ser o típico machão de sempre, mas que enxerga homens e mulheres com papéis estabelecidos na sociedade, principalmente quando o assunto é relacionamento: ele trabalha, ela cuida dos assuntos domésticos.
Já os que não se encaixam neste perfil se encontram em uma “sinuca de bico”, defende Araújo. “Ele não sabe o que fazer, tem medos e receios, não foi criado e educado para isso, e é isso que a gente tem que mudar”, diz. Acostumado a também tratar jovens, o psicólogo associa o surgimento de uma mulher independente e decidida com casos de impotência sexual psicológica masculina: “No ano passado foram 550 casos de disfunção erétil entre homens de até 25 anos. Eles têm medo de mulher. Esse é o novo homem, um ser absolutamente fragilizado”. O psicólogo explica que o alto número de pacientes do sexo masculino se deve à vergonha que eles têm de se consultar com profissionais mulheres.
Antônio Carlos acredita que os papéis de homens e mulheres acabaram “distorcidos”. Ailton Amélio, psicólogo e professor do Instituto de Psicologia da USP, compartilha – e comemora – a opinião. “O novo homem abandonou a posição do perfil anterior, do provedor, cabeça do casal, sem sentimentos, racional. Saímos de uma posição definida. Ufa, ainda bem que a abandonamos. O sexo feminino também era definido naqueles papéis mais tradicionais, de cuidar da casa, dos filhos, mas houve um movimento. Um movimento justo, por sinal.”
Amélio ressalta que o espaço que as mulheres ganharam ainda não é suficiente, “basta ver a diferença de salários, presença em cargos políticos ou na direção de companhias” – levantamentos recentes feitos com empresas brasileiras apontam que eles têm 20 vezes mais chances de virar CEOs e que apenas 23% dos postos corporativos de liderança são ocupados por elas.
No entanto, ele diz que as conquistas femininas foram fortes o suficiente para os homens não se sentirem mais confortáveis defendendo o perfil “machão”. Sobre o sexo masculino estar perdido, ele concorda com Araújo. “Quando você não sabe os parâmetros, o que fala, o que não fala, é uma situação incômoda. Não tem um lugar de conforto, onde você se sinta seguro. Porque por qualquer coisa você poderá ser acusado de machista, e, por outro lado, se você ficar quieto, pode ser chamado de frouxo.”
SAIR DA ZONA DE CONFORTO NÃO É RUIM
José Borbolla Neto já viveu os dois lados da moeda. O gerente de marketing de 31 anos “desconfia” que um dos fatos que causou o término de um dos seus relacionamentos anteriores foi o perfil da companheira, “mais tradicional, de querer ter filhos”. “Eu tinha pretensões profissionais, acadêmicas, esse lado de querer realizar coisas”, explica.
Ele namora há cerca de um ano uma publicitária com quem compartilha essas ambições. “Estar ao lado de alguém que tem o perfil de querer atingir determinados níveis, profissionais ou acadêmicos, é muito bom. Você tem uma parceira”, diz. Borbolla confessa ser fã da “mulher moderna”, e a defende. “Elas não buscam o cara que vai puxar a carroça, mas o cara que vai ajudar a puxar. Ela conquistou um espaço e quer usá-lo da maneira como convir. Tem que fazer isso mesmo.”
Na opinião do gerente, tirar os homens “que têm um pé na modernidade e outro no machismo” da zona de conforto não é ruim “porque para conquistar essa mulher, o cara vai ter que ser bom, ele vai ter que melhorar”. E será que a “nova mulher” acaba com as atitudes associadas ao “cavalheirismo”, como abrir a porta e pagar a conta? “Existe um componente de espontaneidade na execução desse tipo de coisa que é importante, não pode ser protocolar. Se for natural, acho que sobrevive normalmente. Nada te impede de aparecer com uma flor de vez em quando. É questão de timing”, afirma Borbolla.
“SOU DONO DE CASA E ME ORGULHO DISSO”
Em conjunto com a esposa, Eduardo Moraes, de 39 anos, decidiu que ela iria deixar o trabalho para ficar com João, filho recém-nascido do casal, “até o dinheiro acabar”. Essa estratégia durou por dois anos, e há seis meses é ele quem fica com o garoto pela manhã e depois o leva à escola. Fotógrafo, ele diz que a agenda flexível permitiu isso, mas que se trabalhasse em horário comercial eles teriam que pagar uma babá, algo que eles não querem: “A gente quer criar”.
Além de cuidar do pequeno João, Moraes também se encarrega de fazer o mercado, o jantar e às vezes dar um jeito na casa. “Eu sou uma dona de casa e me orgulho disso”, brada. “Gostaria que minha mulher fosse uma executiva que ganhasse R$ 30 mil por mês, aí eu ficava em casa, tirava fotos por hobby, fazia a comida, praticava esportes”, brinca.
Como os pais trabalhavam muito, o fotógrafo, ao lado de uma empregada, teve que cuidar do irmão mais novo, experiência que ele acredita ter sido muito útil na hora de exercer o papel de pai.
Foi em um dos momentos de “pai e filho” que ele se indignou certa vez. “Tem uma cozinha na brinquedoteca do clube, o João estava brincando de passar roupa, uma babá tirou outro garoto porque aquilo não era ‘brinquedo de menino’. É um pensamento tão babaca, retrógrado. Não vai mais ser essa coisa de isso é de homem, aquilo é de mulher. É coisa da vida. Tem que fazer o que tem que fazer. Criança que cresce com esse tipo de conceito está ‘ferrada’. Nunca me senti perdido nesse ponto”, completa Edu.
“NÃO DEI O PEITO PORQUE NÃO TENHO LEITE”
Homem novo é um assunto velho na casa dos Charbel. “Tenho uma opinião formada sobre isso, e talvez fuja do padrão estabelecido desde o meu pai, que já era ‘avançadinho’ na época dele. Filho de imigrantes libaneses, ele foi o primeiro da segunda geração a não se casar com libanês, optando por se casar com uma descendente de imigrantes italianos. Conforme os filhos – quatro meninos e uma menina – iam crescendo, ele assumiu o papel de mãe e pai. Eu meio que puxei isso dele, de querer estar ativamente na criação. Dei o primeiro banho, só não dei o peito porque não tenho leite”, conta Carlos, de 47 anos, filho do “Carlão” e pai de Pedro e Marcela.
Apesar da “modernidade” do pai para a época, Charbel afirma que não vai repetir alguns de seus comportamentos. “Quando fomos para a faculdade, o sonho dele era me ver médico – Carlos é dentista –, mas no caso da minha irmã, ele achava que talvez não precisasse. Não consigo me imaginar dizendo isso para minha filha ou na hipótese dela não se sustentar ou ser sustentada por um marido rico. Falo para ela parar de namorar um cara só, namora três, vai viajar. Tem que estar em uma posição para jamais depender de macho”, diz.
“Quando comecei a namorar a Patricia (sua esposa), eu dizia que eu era filho de pobre e ela, de rico, e que ia virar pobre quando casasse comigo”, brinca Charbel. Após a faculdade, os dois – Patricia também é dentista – abriram um consultório. “Por sermos profissionais liberais, tínhamos agenda [para cuidar dos filhos], mas ela trabalhou desde sempre. Não sei se é um modelo espelhado nos meus pais, mas é uma linha de pensamento, embora as realidades sejam bem diferentes.”
EXECUTIVO APOSENTADO E DONO DE CASA AOS 53 ANOS
Charbel dá risadas na hora de falar do amigo Afrânio Camarão, executivo aposentado e seis anos mais velho: “Eu brinco que quero ser macho igual ele, mas não consigo”. Afrânio conheceu a aposentadoria neste ano, quatro décadas após se dedicar a uma mesma empresa, onde começou a trabalhar como office boy, ainda adolescente. Sem escritório para ir – ele trabalhava até 14 horas por dia –, ele admite que não era muito fã de cuidar da casa. “Sempre fui o provedor. Nunca fui cara de arrumar nenhuma fechadura. Primeiro, nunca me interessei, e segundo, eu procurava praticar esportes no tempo livre”, afirma.
Se você leu bem, Afrânio não era dono de casa. Um imprevisto fez com que o ex-executivo tomasse as rédeas dos afazeres domésticos. “Ele está se achando o dono da casa, está querendo ser interessado em tudo, faz as compras, assumiu minhas responsabilidades. Até que ele está se saindo direitinho, só na cozinha que ele não entra”, revela Cibele, de 53 anos, casada com Camarão há 29.
Ao falar da sua “administração” dentro de casa, Afrânio, que virou recentemente síndico do condomínio onde mora com a família, praticamente dá lições de economia. “Meu negócio é gestão e administrar pessoas, algo que acumulei durante 30 anos de carreira. Ser dono de casa é uma continuidade, muda o público. É o papel de uma gestão, mas de intensidade menor.” Parece brincadeira, mas ele destaca que, sob seu comando, o condomínio reduziu os custos em 28% em manutenção dos elevadores, limpeza e outros serviços.
Questionado se vai manter as funções quando a esposa voltar novamente ao controle, ele não se anima muito. “No final do ano ela volta para a normalidade. Eu saio de férias, e aí no ano que vem eu volto a fazer outras coisas”, responde. Com “outras coisas” Afrânio quer dizer investir no setor de gastronomia e mexer com o mercado financeiro, e dá sua dica: “Não pode trabalhar só com renda fixa, tem que ter renda variável”.
Embora tenha se dedicado ao trabalho desde cedo, Camarão aceitaria tranquilamente uma rotina inversa. “O modelo poderia ser invertido. Se eu casasse com uma vice-presidente eu ia ser madame, faria academia à tarde e a esperaria bonito à noite. Não me apego. Não tem problema, é inverter os papéis.”
HOMEM + MULHER = EQUIPE
“Não temos desculpas para não fazer tarefas como cozinhar e levar os filhos à escola, e uma vez que as mulheres trabalham fora, o ideal é a gente cooperar com o que costumava ser trabalho delas. Só não poderemos assumir a amamentação”, diz Ailton Amélio. “A parte social, que é convenção, tem que ser diluída. Homem e mulher podem ser uma equipe, tem que tirar os preconceitos. As mulheres saíram correndo para trabalhar fora, os homens ainda não saíram correndo para trabalhar dentro”, completa o psicólogo.
http://www.tribunadabahia.com.br/2013/09/12/novo-homem-esta-perdido-diante-da-mulher-independente-afirma-psicologo

domingo, 30 de dezembro de 2012

Por que a Índia trata tão mal suas mulheres?


30/12/2012

  • Sajjad Hussain/AFP
    Protesto pacífico em Nova Déli, na Índia, contra a violência sexual, após a morte de estudante vítima de estupro coletivo
    Protesto pacífico em Nova Déli, na Índia, contra a violência sexual, após a morte de estudante vítima de estupro coletivo
Muitos a chamaram de "coração valente" ou "filha da Índia". Mais do que motivar uma onda de orações e protestos em todo o país, a estudante de 23 anos morta no sábado após ser estuprada por seis homens em um ônibus em Nova Déli fez o país se perguntar: "Por que a Índia trata tão mal as suas mulheres?".

No país, não são raros os casos de aborto de fetos femininos, assim como os de assassinato de meninas recém-nascidas. A prática levou a um assombroso desequilíbrio númerico entre gêneros no país.

As que sobrevivem enfrentam discriminação, preconceito, violência e negligência ao longo da vida, sejam solteiras ou casadas.

TrustLaw, uma organização vinculada à fundação Thomson Reuters, qualificou a Índia como o pior lugar para se nascer mulher em todo o mundo.

E isso se dá em um país no qual a líder do partido do governo, a presidente da Câmara de Deputados, três importantes ministras e muitos ícones dos esportes e dos negócios são mulheres.

Crimes em alta

Apesar do papel mais importante desempenhado pelas mulheres no país, crimes de gênero estão em alta na Índia. Em 2011 foram registrados 24 mil casos de estrupo - 17% só na capital, Nova Déli. O número é 9,2% maior do que no ano anterior.

Segundo os registros policiais, em 94% dos casos os agressores conheciam as vítimas. Um terço desses eram vizinhos. Parte considerável era de familiares.

E não se tratam apenas de estupros. Segundo a policía, o número de sequestros de mulheres aumentou 19,4% em 2011 (em relação ao ano anterior). O aumento dos casos assassinato foi de 2,7%, nos de torturas, 5,4%, nos de assédio sexual, 5,8%, e nos de violência física, 122%.

Discriminação mortal

Segundo Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia de 1998, mais de 100 milhões de mulheres desapareceram ou foram mortas em todo o mundo vítimas da discriminação.

De acordo com os cálculos dos economistas Siwan Anderson e Debraj Ray, mais de dois milhões de indianas morrem a cada ano: cerca de 12% ao nascer, 25% na infancia, 18% em idade reprodutiva e 45% já adultas.

O estudo mostrou que mais mulheres morrem na Índia por ferimentos do que por complicações no parto. E esses ferimentos seriam um indicador da violência de gênero.

Outro dado estarrecedor é o de 100 mil mulheres mortas por queimaduras. Segundo os dois economistas, boa parte delas são vítimas de violência relacionada ao pagamento de dotes matrimoniais. Não raro, os agressores queimam as mulheres.

Sociedade patriarcal

Para os analistas, é preciso uma mudança estrutural nas atitudes da sociedade para que as mulheres sejam mais aceitas e tenham mais segurança na Índia.

O preconceito de gênero é reflexo de uma sociedade de tradição patriarcal, ainda mais forte no norte do país.

Para os manifestantes que saíram às ruas após o estupro da jovem estudante de medicina, os políticos, inclusive o primeiro-ministro Manmohan Singh, não são sinceros quando prometem leis mais duras contra a violência de gênero.

Eles ainda questionam o fato de que 27 candidatos nas últimas eleições regionais eram acusados de estupro. Além disso, seis deputados respondem pelas mesmas acusações. Como crer, então, na classe política?

Ainda é cedo para saber se o governo realmente concretizará suas promessas de leis mais duras e julgamentos mais ágeis em casos de estrupo. Os protestos em Nova Déli, no entanto, parecem trazer alguma esperança de que algo poderá mudar, para o bem das mulheres indianas.


http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/12/30/por-que-a-india-trata-tao-mal-suas-mulheres.htm

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Pesquisa mostra diferenças emocionais entre ciúme masculino e feminino


22/08/2012 - 10h21

MARCO VARELLA

ENVIADO ESPECIAL A VIENA


Um estudo da pesquisadora chilena Ana Maria Fernandez, da Universidade de Santiago do Chile, traz novos dados sobre as diferenças entre homens e mulheres nas manifestações emocionais do ciúme. A pesquisa foi apresentada durante a 21. Conferência de Etologia Humana em Viena, na Áustria.
Fernandez usou trechos de filmes, como "Closer", estrelado por Julia Roberts, Jude Law, Clive Owen e Natalie Portman, para induzir reações ciumentas em homens e mulheres, e então controlou parâmetros fisiológicos dos participantes como batimento cardíaco e taxa de respiração. As cenas usadas para isso foram cuidadosamente escolhidas, envolvendo momentos de traição conjugal no filme.
"Descobrimos que os parâmetros fisiológicos de homens estão mais voltados para a agressão --aumento do batimento cardíaco e taxa de respiração. Já para as mulheres os dados foram mais complexos, não tão coesos quanto para os homens" disse Fernandez à Folha.
Essa agressividade suscitada em homens pelas emoções ciumentas teriam a função evolutiva de manutenção do par romântico por meio da competição com outros homens. A reação feminina ficou mais semelhante às de dor, tristeza e insatisfação pessoal.
CIUME SEXUAL E EMOCIONAL
Ela também verificou diferenças entre homens e mulheres que são comuns em diferentes culturas. Homens tendem a sofrer mais por ciúme sexual, enquanto mulheres sofrem mais por ciúme emocional.
Já que, por conta da fecundação interna, as fêmeas de mamíferos têm mais certeza de que os filhos são seus, os machos sempre ficam na dúvida. Essa diferença fisiológica na fecundação e gestação da prole influenciou na evolução do tipo de ciúme mais predominante em homens e no tipo mais predominante em mulheres.
Os homens ancestrais temeram mais ajudar a criar um filho que não era deles e as mulheres ancestrais temeram mais perder o vínculo emocional e assim o cuidado paternos em seus filhos.
Essa diferença sexual no tipo de contexto que suscita mais ciúme só foi descoberta quando da aplicação da abordagem evolutiva ao estudo da psicologia humana. Isso mostra o poder heurístico da abordagem, ou seja, o potencial que tem de gerar novas predições e descobrir novos fenômenos.
Ambos, homens e mulheres, sentem ciúme sexual e emocional -- só a proporção relativa de cada tipo varia segundo o sexo. Carlos Gil Birmann, da Universidade Autônoma de Madri, acrescenta que "a fidelidade sexual é mais importante em mulheres antes dos 30 anos, mas em homens é importante em todas as idades".
AMOR E CIÚME
Muitos pensam que o amor foi inventado por poetas românticos e acreditam que nossos ancestrais eram brutos e insensíveis --a velha imagem do homem das cavernas arrastando a mulher pelo cabelo. Da mesma forma, há quem ache que o ciúme é uma doença ou algo a ser eliminado completamente dos relacionamentos.
Ambas as noções estão equivocadas. Tanto o amor quanto o ciúme são aspectos universais de nossa psicologia. São tendências comportamentais extremamente importantes evolutivamente para a reprodução humana, mais especificamente na vinculação e manutenção da parceria amorosa por tempo suficiente para o cuidado da prole.
O fato de termos herdado tais propensões de nossos ancestrais não implica que agiremos todos da mesma forma, que a cultura não tenha importância, que não temos livre-arbítrio ou que é impossível ter filhos sem amor ou ciúme. Mas sim que, na média dos relacionamentos românticos, seja aqui, no Chile, na China ou África do Sul, amor e ciúme estarão contribuindo para que pessoas queiram ficar juntas e proteger o parceiro de terceiros.

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1141245-pesquisa-mostra-diferencas-emocionais-entre-ciume-masculino-e-feminino.shtml

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mulheres que não querem filhos assumem cada vez mais essa opção


06.05.2012 - 14:47 Por Rita Pimenta
Egoístas, ambiciosas, estranhas, são algumas das acusações de que são alvo as mulheres que escolhem não ter filhos.
"Egoísta é quem quer um filho e depois não tem tempo para ele", diz Fátima Lopes, criadora de moda, que, à espera de ter tempo, deixou o tempo passar. "Eu precisava de ter tempo para ser mãe. Não é justo ter uma criança e depois entregá-la a uma ama", defende. E acrescenta: "Nunca houve uma decisão de que nunca iria ser mãe, mas, em simultâneo, também nunca foi uma obrigação." Agora "é que já não faz sentido", diz, aos 47 anos. 

Segundo Júlio Machado Vaz, psiquiatra, "até há pouco tempo, falar em "maternidade" era o mesmo que falar em "feminilidade", a mulher encarava-a como um imperativo biológico, um instinto - logo, como algo que acontece não por factores culturais". 

E hoje? "Já não se sentem destinadas a ter filhos e não se importam com o que dizem os outros. Muitas retardam a gravidez por questões de ascensão profissional. Sem culpa. E ainda bem. Há 30 anos, ninguém me dizia olhos nos olhos que não queria ser mãe. Agora, felizmente, já não temem ser julgadas", prossegue o especialista em Sexologia. 

Ana Correia, de 37 anos, confirma isso mesmo: "Não sinto essa necessidade, não sinto a falta de ter filhos, o tal "relógio biológico" não parece fazer parte de mim. Nunca tive grande à-vontade com crianças e, apesar de achar piada aos bebés de amigas, é porque não são meus, não são minha preocupação."

Também Ana Gonçalves, de 43 anos, diz não ser obrigatório ser mãe. "Ninguém tem forçosamente de ser mãe ou pai. Se sentimos que é isso que queremos, devemos fazer essa opção, livremente, e ter, mas para poder amar, cuidar, educar, formar, ou seja, ter com amor, mas também responsabilidade. Não ter filhos para depois entregá-los a alguém que faça tudo isso ou parte."

Estará o conceito de "instinto maternal" a priori definitivamente morto? "O instinto maternal foi demolido há muito por Fernando Savater. E mesmo o imperativo doutrinário da Igreja católica que obriga à procriação enfraqueceu. Há muitas católicas que aceitam a maternidade responsável e tomam a pílula alegremente", diz o psiquiatra. 

Para o médico, não há qualquer mal nas mulheres que não se sentem vocacionadas para ser mães. "Estão no seu direito, embora haja relações que terminam por isso." Porque muitos homens "querem muito ter filhos". Confissão de Júlio Machado Vaz: "Eu sempre quis." E teve. "Também há mulheres que acabam por ter filhos porque pensam que, por aquele homem, vale a pena", continua, mas lembra: "Pode correr bem ou não, também depende da partilha das tarefas entre o casal."

Para Maria Calado, 45 anos, a questão da partilha não foi decisiva, mas também não foi negligenciável. "É sabido que a responsabilidade e o trabalho recaem principalmente sobre nós, as mulheres. Mais ainda nos primeiros tempos. Isso pôs-me a pensar."

A auto-imagem às vezes também pesa, diz o sexólogo, pois "há pessoas que não querem "ficar virgens" dessa experiência [de ser pai ou mãe] e arriscam". A verdade é que alguns "não conseguem adaptar-se ao terramoto que é o aparecimento de uma criança". 

Já a seguir, quatro depoimentos de "não-mães". Sem julgamento.

Deixar o tempo passar

Neste momento, Fátima Lopes, de 47 anos, criadora de moda, não tem qualquer relação. Casou duas vezes. O primeiro marido não tinha filhos mas gostava de ter, o segundo já tinha quatro. Nenhum deles a pressionou. "Eu nunca tinha tempo. Pensei que, quando tivesse tempo, aconteceria, teria filhos. Mas não aconteceu. A minha vida sempre foi andar de um lado para o outro e achei que não era justo ter uma criança assim", diz Fátima Lopes, cujo trabalho sempre a absorveu "a 100 por cento".
"As minhas relações também não correram bem por causa da minha vida profissional, que deixa pouco tempo para a vida pessoal. Eu sabia que não poderia ser uma mãe como deve ser. A maior parte das pessoas recorre a uma ama, mas eu não acho justo." No entanto, ter filhos nunca foi uma necessidade: "Não sei o que é o tal "relógio biológico" que um dia faz as mulheres decidirem que querem ser mães. Isso nunca me aconteceu." Mas vive rodeada de crianças, "tenho oito sobrinhos". Três são sobrinhos-netos."O meu segundo marido tinha quatro crianças e portanto nunca senti que precisasse de ter um filho meu. E nunca aconteceu. Como as coisas estão agora, então é que, de todo, não me passaria pela cabeça", diz, bem-disposta. 

"A verdade é que nunca planeei. Nunca fiz planos a longo prazo. O que nos acontece, para correr bem, tem de ser natural", acredita. Também nunca sofreu pressões, excepto da... comunicação social. "Há uns anos, não havia entrevista que me fizessem que não terminasse ou começasse com uma pergunta sobre maternidade." E, considerando que, "na cabeça de muita gente, não ter filhos é quase uma aberração", indigna-se ao recordar dois artigos publicados na "imprensa cor-de-rosa". Num, chamavam ""subespécie humana" às mulheres que não tinham filhos", onde foi "acusada de não querer ser mãe para não estragar o corpo". Pergunta: "Isso faz algum sentido? Tem alguma lógica?" Noutro, disseram, num editorial, que "era egoísta". Resposta: "Egoísta é quem quer um filho e depois não tem tempo para ele." Mas conclui, com uma gargalhada sonora: "Digam mal à vontade, estou habituada."

Só ela e o irmão mais novo não têm filhos, os outros três (dois irmãos e uma irmã) têm. "Deram-nos sobrinhos maravilhosos, o que é fantástico. Costumamos brincar um com o outro e dizer: "Obrigada aos manos, que puseram tantas crianças na nossa vida"."

"Somos olhadas de lado"

Ana Correia, de 37 anos, consultora de informática, tem o mesmo companheiro há oito anos. Começaram a viver juntos há seis, casaram há cinco e moram em Carnaxide. "Não houve algo específico que me fizesse não querer ter filhos. Encarava como natural, mas nada que ansiasse ou visse como 'destino'." Com o passar do tempo, a vontade foi diminuindo.

Segundo Ana Correia, "definitivamente, há preconceitos da sociedade com as mulheres que optam por não ter filhos". Porque "saem do percurso 'normal' da mulher, que é casar e ter filhos". As que não querem "ou têm algum problema, ou são estranhas, ou são egoístas, e são olhadas de lado". Não ter filhos "não é considerado uma opção tão válida e politicamente correcta como ser mãe, decidir uma coisa ou outra não nos torna melhores nem piores que as outras". 

E dá um exemplo de "privilégios" das mães. "Se uma mãe sair à sua hora normal, seis da tarde, ninguém diz nada porque tem de ir buscar os filhos, tratar deles em casa, etc. Uma "não-mãe" tem o quê para fazer em casa? Não há-de ficar a trabalhar até mais tarde porquê?"

Chega a pensar que "seria muito mais fácil também querer". Isto porque se vai questionando: "Há uma dúvida lá no fundo sobre se realmente não estarei a cometer um erro e, se tivesse filhos, esqueceria tudo o que penso agora." Profissionalmente faz consultoria informática "de SAP, um sistema integrado de gestão empresarial", explica, e diz: "Não me vejo a mudar a minha vida toda por causa de uma criança, gosto do que posso fazer ou não fazer, sem essas preocupações. E como não consigo simplesmente acreditar que a pessoa muda depois, não posso arriscar a ver se afinal gosto, porque, se não gostar, não dá para devolver..."
Ana Correia não se sente pressionada pela família: "Não escondo a minha opinião e o meu marido também não está interessado em ter filhos." No início, "falavam mais". Agora, referem-se menos ao assunto, mas recorda o argumento mais recente da sogra: "Quando soube de uns amigos nossos que vão ser pais, comentou: 'Vocês também deviam pensar nisso, ou ficam sozinhos.' Normalmente não passa disto." Também os amigos e colegas "lá vão dizendo que depois vou sentir falta, que compensa tudo o resto, aquelas coisas bonitas que realmente só se sabem quando se está na situação".O que mais a aborrece nos comentários sobre a sua escolha são as frases: "Vais-te arrepender" e "é tão bom, depois passam-te as dúvidas todas". Fica perturbada: "Irrita-me que isso me deixe a pensar se será verdade."

Falta equilíbrio emocional

Vive em união de facto há 12 anos, em Setúbal, e diz ser "uma pessoa emocionalmente muito instável". Por isso, Maria Calado, de 45 anos, bolseira de doutoramento em Hidrogeologia, não arriscaria ter um filho. "Acho a maternidade uma coisa extremamente séria. Assusta-me quando penso, não tanto na responsabilidade de criar um filho, mas naqueles primeiros tempos em que a criança é pequena. E sei que não tenho equilíbrio emocional. Tem sido um processo constante de trabalhar nisso." Também não "é uma questão de não gostar de crianças, mas sim uma questão pessoal".

Nunca se sentiu muito pressionada, "as pessoas não se alargam muito nessa matéria, a pergunta "quando é que têm filhos?" surge porque, na cabeça delas, é normal que se tenha filhos". Por isso considera que a primeira abordagem "é natural, sem qualquer intenção". Depois, são capazes de ir pensando "nunca mais vêm bebés" e voltam a dizer. "Se calhar não é para pressionar nem chatear, mas só para lembrar", diz, a rir-se.

A pressão maior veio dos amigos: "Quando as minhas amigas começaram a ter filhos, começou a insistência: "Mas quando é que tu tens?" Chega uma altura em que a pessoa se começa a sentir um bocado pressionada." Torna-se cansativo, mas não se sente mais motivada por isso. "Está muito claro na minha cabeça que não quero ter filhos. Mas há pessoas que não distinguem a linha que separa o querer ajudar e o já se estarem a imiscuir numa coisa que não lhes diz respeito."

Às vezes, reage: "Houve alturas em que, se calhar, estava mais maldisposta e terei respondido torto. Qualquer coisa como: 'Não me chateiem, esse é um assunto que não vos diz respeito, não vai interferir com a vossa vida em nada.' E noutras alturas terei dado uma resposta mais leve, provavelmente levando para a brincadeira."

Com o passar do tempo, entram as questões biológicas: "Como o corpo já não está tão apto para a maternidade, já não perguntam tanto. E depois habituam-se e pensam: 'Quando ela dizia que não queria ter filhos, estava a falar verdade.' E acabam por chatear menos."

Diz nunca ter sentido preconceitos, "pelo menos de forma muito ostensiva", mas admite que existam. Para Maria Calado, "as mulheres têm todo o direito a não ser mães, se for esse o desejo delas". E argumenta: "É uma coisa que não vai interferir na vida dos outros. Só implica a própria pessoa e, eventualmente, o companheiro ou companheira. É da esfera íntima de cada um." E conclui, descontraída: "Se me sentisse infeliz, se calhar experimentava."

Não temos todos de ter filhos

Ana Gonçalves é revisora de textos jornalísticos, literários e de materiais escolares, tem 43 anos, vive em união de facto há 15 anos e mora no Montijo. "Nunca achei que nascêssemos todos para casar e ter filhos ou que devêssemos fazer exactamente tudo o que os outros fazem", diz ao PÚBLICO por email. E acrescenta: "Nunca senti um desejo especial ou incontrolável para ter filhos."
A família começou por pressionar, mas depois acalmou: "No início da relação que tenho, sentia uma espécie de pressão para termos filhos. Os irmãos e cunhados estavam sempre a perguntar quando é que teríamos um bebé ou quando é que iriam ser tios ou quando é que daríamos primos aos seus filhos..." A dada altura, pararam: "Eu disse-lhes que escusavam de estar sempre a fazer perguntas dessas porque, se um dia resolvesse ter filhos, eles seriam todos informados."Sem ter a certeza de haver preconceitos contra as mulheres que não querem ter filhos, conta a reacção de algumas pessoas: "Às vezes, quando digo que é apenas uma opção, que não é por motivos de saúde ou outro impedimento que não tenho filhos, há quem mostre alguma surpresa e de repente fique a pensar: 'Ah, afinal não temos todos de nos reproduzir?'"

Ana Gonçalves defende que "cada um deve viver ou tentar viver de acordo com a sua vontade e com o que o faz feliz", por isso agrada-lhe a frase "ser mãe não é obrigatório". "É isso mesmo, ninguém tem forçosamente de ser mãe ou pai."

No final, contrariando a ideia feita de que quem não quer ser mãe não gosta de miúdos, diz: "Gosto muito de crianças, tenho muitos sobrinhos e afilhados e adoro-os. Costumo dizer: 'Ainda bem que nem toda a gente pensa como eu, senão o mundo acabava e era uma pena'.

domingo, 6 de maio de 2012

Ser mãe não é obrigatório


DIA DA MÃE

Egoístas, ambiciosas, estranhas, são algumas das acusações de que são alvo as mulheres que escolhem não ter filhos. “Egoísta é quem quer um filho e depois não tem tempo para ele”, diz Fátima Lopes, criadora de moda, que, à espera de ter tempo, deixou o tempo passar. “Eu precisava de ter tempo para ser mãe. Não é justo ter uma criança e depois entregá-la a uma ama”, defende. E acrescenta: “Nunca houve uma decisão de que nunca iria ser mãe, mas, em simultâneo, também nunca foi uma obrigação.” Agora “é que já não faz sentido”, diz, aos 47 anos.
Segundo Júlio Machado Vaz, psiquiatra, “até há pouco tempo, falar em ‘maternidade’ era o mesmo que falar em ‘feminilidade’, a mulher encarava-a como um imperativo biológico, um instinto — logo, como algo que acontece não por factores culturais”.
E hoje? “Já não se sentem destinadas a ter filhos e não se importam com o que dizem os outros. Muitas retardam a gravidez por questões de ascensão profissional. Sem culpa. E ainda bem. Há 30 anos, ninguém me dizia olhos nos olhos que não queria ser mãe. Agora, felizmente, já não temem ser julgadas”, prossegue o especialista em Sexologia.
Ana Correia, de 37 anos, confirma isso mesmo: “Não sinto essa necessidade, não sinto a falta de ter filhos, o tal ‘relógio biológico’ não parece fazer parte de mim. Nunca tive grande à-vontade com crianças e, apesar de achar piada aos bebés de amigas, é porque não são meus, não são minha preocupação.”
Também Ana Gonçalves, de 43 anos, diz não ser obrigatório ser mãe. “Ninguém tem forçosamente de ser mãe ou pai. Se sentimos que é isso que queremos, devemos fazer essa opção, livremente, e ter, mas para poder amar, cuidar, educar, formar, ou seja, ter com amor, mas também responsabilidade. Não ter filhos para depois entregá-los a alguém que faça tudo isso ou parte.”
Estará o conceito de “instinto maternal” a priori definitivamente morto? “O instinto maternal foi demolido há muito por Fernando Savater. E mesmo o imperativo doutrinário da Igreja católica que obriga à procriação enfraqueceu. Há muitas católicas que aceitam a maternidade responsável e tomam a pílula alegremente”, diz o psiquiatra.
Para o médico, não há qualquer mal nas mulheres que não se sentem vocacionadas para ser mães. “Estão no seu direito, embora haja relações que terminam por isso.” Porque muitos homens “querem muito ter filhos”. Confissão de Júlio Machado Vaz: “Eu sempre quis.” E teve. “Também há mulheres que acabam por ter filhos porque pensam que, por aquele homem, vale a pena”, continua, mas lembra: “Pode correr bem ou não, também depende da partilha das tarefas entre o casal.”
Para Maria Calado, 45 anos, a questão da partilha não foi decisiva, mas também não foi negligenciável. “É sabido que a responsabilidade e o trabalho recaem principalmente sobre nós, as mulheres. Mais ainda nos primeiros tempos. Isso pôs-me a pensar.”
A auto-imagem às vezes também pesa, diz o sexólogo, pois “há pessoas que não querem ‘ficar virgens’ dessa experiência [de ser pai ou mãe] e arriscam”. A verdade é que alguns “não conseguem adaptar-se ao terramoto que é o aparecimento de uma criança”.

http://lifestyle.publico.pt/artigos/304475_ser-mae-nao-e-obrigatorio

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Cartunista vai à Justiça para ter direito de usar banheiro feminino


27/01/2012 - 08h49

NATÁLIA CANCIAN

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em uma noite de terça, uma senhora entra no banheiro feminino da Real Pizzaria e Lanchonete, na zona oeste de São Paulo. Ela veste uma minissaia jeans, uma blusa feminina listrada, meia-calça e sandália.
Momentos depois, é proibida de voltar ao banheiro pelo dono do estabelecimento. Motivo: uma cliente, com a filha de dez anos, reconheceu na senhora o cartunista daFolha Laerte Coutinho, 60, que se veste de mulher há três anos.
Ela reclamou com Renato Cunha, 19, sócio da pizzaria. Cunha reclamou com Laerte. Laerte reclamou no Twitter. E assim começou a polêmica. O caso chegou ontem à Secretaria da Justiça do Estado.
A coordenadora estadual de políticas para a diversidade sexual, Heloísa Alves, ligou para Laerte e avisou: ele pode reivindicar seus direitos. Segundo ela, a casa feriu a lei estadual 10.948/2001, sobre discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.
Proibido de entrar no banheiro feminino, mesmo tendo incorporado as roupas de mulher ao dia a dia, Laerte diz que pretende acionar a lei.
Ele conta que, avisado pelo dono, tentou argumentar com a cliente. "Até brinquei e passei para a minha personagem Muriel e disse: mas sou operado! E ela: mas não é o que você diz por aí."
Letícia Moreira/Folhapress
Cartunista Laerte vai recorrer à Justiça para ter o direito de usar banheiro feminino após polêmica
Cartunista Laerte vai recorrer à Justiça para ter o direito de usar banheiro feminino após polêmica
Laerte, que se define como alguém "com dupla cidadania", diz que passou a usar o banheiro feminino após aderir ao crossdressing (vestir-se como o sexo oposto) e se "consolidar" como travesti, mas não tem preferência por um banheiro específico.
"É uma questão de contexto, de como estou no dia. Não quero nem ter uma regra nem abrir mão do meu direito", disse o cartunista.
Cunha, o sócio da pizzaria, diz que não sabia da "dupla cidadania" do cartunista nem que o caso iria gerar polêmica.
"Eu nem sabia o que era crossdressing. Houve a confusão, e no final eu cometi esse erro de falar: se o senhor puder usar o banheiro masculino, por favor." Ele diz que se arrependeu do pedido.
Ontem, a proibição gerou comentários e dividiu usuários das redes sociais. A discussão ganhou apoio entre associações de travestis e transexuais.
Segundo Adriana Galvão, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB-SP, não há lei específica sobre o tema.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Homens perfeitos realmente não existem, diz pesquisa


Site perguntou quais defeitos mais irritam as mulheres

POR LUISA BARWINSKI EM 02/01/2012 13:06, EM COMPORTAMENTO
Admita, você tinha uma pontinha de esperança de que o “Senhor Perfeito” realmente existisse. O fato é que não existem homens ideais, que nunca vão ter hábitos irritantes. Assim como nós não somos perfeitas, eles também não são. Entretanto, uma pesquisa um tanto curiosa realizada pelo Huffington Post mostrou que três quartos das mulheres acreditam que não existem homens “perfeitos” e pediu que elas mostrassem quais as principais falhas deles.
As 2 mil mulheres participantes da pesquisa disseram que os cinco piores defeitos masculinos são: deixar roupas pelo chão, roncar, usar a escova de dentes delas, não se dar bem com a família delas e ter uma barba muito grande. Ainda assim, essas mesmas mulheres acreditam que os mais “bonzinhos” dos homens podem chegar apenas aos 69% da perfeição.
Outros pormenores como usar o banheiro com a porta aberta, se esquecer de puxar a descarga e de abaixar a tampa do vaso sanitário estão na lista dos atributos que tornam os homens em seres “irritantes” para muitas mulheres. Por tudo isso, apenas 1 entre 5 delas conseguem perdoar esses defeitos.
Quando o assunto é “qualidades”, 35% delas disse que ter boa personalidade e bom humor é imprescindível. Portanto, se o seu marido, namorado ou “casinho” tem pelo menos um desses predicados, considere-se muito feliz, afinal ele é quase-perfeito! O segredo é saber perdoar essas falhas, afinal você também pode ter várias outras que ele detesta.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Livro analisa resultados da enquete “Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”


31/10/2011 16:15,  Por Adital

Análise crítica aosresultados da Enquete “Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”. Esse é o título dolivro organizado por Movimento Manuela Ramos e Centro de Promoção e Defesa dosDireitos Sexuais e Reprodutivos (Promsex). Formado por sete artigos, a obraanalisa os dados da enquete realizada por Ipsos Apoyo em quatro cidadesperuanas: Ayacucho, Lima, Piura e Pucallpa.
Aideia da publicação é colaborar com o “avanço de direitos e liberdadesenfrentando as persistências excludentes para transitar até uma sociedadeplural na qual a diversidade seja riqueza e não dificuldade”. Para isso, combase nos resultados da enquete, analisa questões como: violência contra amulher, relações homossexuais, igualdade de gênero, relação entre mulher epolítica, adolescência e saúde sexual e reprodutiva, aborto, e métodosanticoncepcionais.
Aenquete, realizada entre os dias 18 de março e 1° de abril, apontou, porexemplo, que 55% das pessoas entrevistadas consideraram que a violência físicaé o principal problema enfrentado pelas mulheres no país. Das pessoasentrevistadas pela pesquisa, 96% afirmaram que os/as adolescentes devem teracesso a campanhas de educação sexual. Além disso, 48% consideraram que oaborto deve ser permitido em casos de violação sexual.
Essessão alguns dos dados analisados nos artigos presentes na publicação. O artigo”Todoencaja”, de autoria de Jorge Bruce, por exemplo, destaca a questão daviolência e da discriminação contra a mulher no Peru. De acordo com apublicação, cerca de 80% das pessoas entrevistas afirmaram que as mulherescontinuam sendo discriminadas no país, principalmente mulheres andinas eprostitutas.
Brucelembra que muitas mulheres são vítimas de discriminação e objetos de violênciatanto física quanto psicológica. “Na realidade, todas estas formas de violênciacontra a mulher estão intimamente ligadas. O fio condutor é o processo defabricação cultural de uma imagem desprovida de atributos humanos ou cidadãos,quer dizer, de direitos, situação de inferioridade que depois é naturalizada e,para culminar o processo, é invisível”, explica.
Oartigo do psicanalista ainda chama a atenção para as mudanças sociais e decomportamento. Ele aponta, por exemplo, o acesso gradual das mulheres aposições no mercado de trabalho que antes eram vetadas para elas. Ao mesmotempo em que ocorre essa mudança, ele aponta que o assédio sexual também se modifica.É mais comum, por exemplo, o homem assediar uma subalterna do que assediar umamulher em cargo de chefia.
“Épreciso apontar que, precisamente porque a hegemonia masculina se vê hackeadapelas mudanças que estão se produzindo em diversos paradigmas – trabalhistas,patriarcais, ideológicos – que legitimavam essas atitudes de violência, emcertos setores se pode apreciar uma intensificação da violência por medo deperder esses privilégios. Quanto mais precário o lugar social do homem, maisnecessita da mulher – e dos filhos – como objeto compensatório no qualdescarrega sua frustração depressiva”, comenta.
Oautor do artigo acredita que, para mudar a situação de discriminação e deviolência contra mulheres, é preciso que elas tomem conhecimento de seusdireitos desde a educação até os aspectos da legislação.
Essee os demais artigos do livro estão disponíveis em: http://www.manuela.org.pe/analisis-critico-encuesta-sexualidad-reproduccion-y-desigualdades-de-genero/

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mídia e estereótipos de gênero

A personagem Gina integra o programa de animação “Café Central”, da Rádio Televisão Portuguesa (RTP). Na atração, ela é uma prostituta retratada como maníaca sexual. Gina, imigrante brasileira, não é um caso isolado. É apenas um dos exemplos, entre tantos outros, de como as mulheres do Brasil são estigmatizadas.

Diante da forma estereotipada com que a mulher brasileira vem sendo representada na mídia lusitana, movimentos e entidades portuguesas lançaram um manifesto criticando essa tendência. O texto cita a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (Cedaw/ONU), da qual Brasil e Portugal são signatários.

Clique aqui para ler o manifesto e assinar a petição online.

Leia abaixo a íntegra do manifesto.

Manifesto em repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal
Vimos por meio deste, manifestar nosso repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal e exigir que providências sejam tomadas por parte das autoridades competentes.

Concretamente, apontamos a comunicação social portuguesa e a forma como, insistentemente, tem construído e reproduzido o estigma de hiper sexualidade das mulheres brasileiras. Este estigma é uma violência simbólica e transforma-se em violência física, psicológica, moral e sexual. Diversos trabalhos de investigação, bem como o trabalho de diversas organizações da sociedade civil, têm demonstrado como as mulheres brasileiras são constantemente vítimas de diversos tipos de violência em Portugal.

O estigma da hiper sexualidade remonta aos imaginários coloniais que construíam as mulheres das colônias como objetos sexuais, escravas sexuais, e marcadas por uma sexualidade exótica e bizarra. Cita-se, por exemplo, a triste experiência da sul-africana Saartjie Baartman, exposta na Europa, no século XIX, como símbolo de uma sexualidade anormal. Em Portugal, esses imaginários coloniais, infelizmente, ainda são reproduzidos pela comunicação social.

Teríamos muitos exemplos a citar, mas focaremos no mais recente, o qual motivou um grupo de em torno de 140 mulheres e homens, de diferentes nacionalidades, a mobilizarem-se, a partir das redes sociais, para escrever este manifesto e conseguir apoio de diferentes organizações da sociedade civil. Trata-se da personagem “Gina”, do Programa de Animação “Café Central” da RTP (Rádio Televisão Portuguesa). A personagem é a única mulher do programa, a qual, devido ao forte sotaque brasileiro, quer representar a mulher brasileira imigrante em Portugal.

A personagem é retratada como prostituta e maníaca sexual, alvo dos personagens masculinos do programa. Trata-se de um desrespeito às mulheres brasileiras, que pode ser considerado racismo, pois inferioriza, essencializa e estigmatiza essas mulheres por supostas características fenotípicas, comportamentais e culturais comuns. Trata-se de um desrespeito a todas as mulheres, pois ironiza/escarnece sua sexualidade, sua possibilidade de exercer uma sexualidade livre, o que pode ser considerado machismo e sexismo.

Trata-se, ainda, de um desrespeito às profissionais do sexo, pois ironiza o seu trabalho, transformando-o em símbolo de deboche/piada/anedota, sendo que não é um trabalho criminalizado em Portugal, portanto, é um direito exercê-lo livre de estigmas. Destacamos que o fato é agravado por se tratar de uma emissora pública, a qual em hipótese alguma deveria difundir valores que ferem o direito das mulheres e da dignidade humana.

Exigimos, das autoridades competentes, que se faça cumprir a “CEDAW – Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres”, da qual tanto Portugal, como o Brasil, são signatários. Destacamos, também, o “Memorando de Entendimento entre Brasil e Portugal para a Promoção da Igualdade de Gênero”, no qual consta que estes países estão "resolvidos a conjugar esforços para avançar na implementação das medidas necessárias para a eliminação da discriminação contra a mulher em ambos os países".

Organizações e Movimentos Sociais que apoiam e subscrevem o Manifesto:
Associação ComuniDária – comunidade solidária à pessoa imigrante, sensível às questões de género e com iniciativas diversificadas de integração

Observatório das Representações de Género nos Média, UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

Movimento SlutWalk Lisboa
Coordenação Portuguesa da Marcha Mundial de Mulheres
Casa do Brasil de Lisboa
Coordenação do Manifesto: Contatos: manifestobrasileiras@gmail.com

Publicada em: 29/09/2011 às 11:10 notícias CLAM
http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=%5FBR&infoid=8703&sid=7