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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Hermafroditismo versus Androginia – o físico e o emocional

Hermafroditismo versus Androginia – o físico e o emocional
Oswaldo Rodrigues Jr.
psicoterapeuta sexual
Instituto Paulista de Sexualidade – www.oswrod.psc.br

Estes são assuntos que povoam a fantasia de muitas pessoas. Curiosidades sobre o que é diferente e pouco conhecido. Então é necessário saber o que são estas formas de ser e como compreender cada uma.
Hermafroditismo é uma condição biológica que implica numa mistura de genitais externos e órgãos sexuais internos.
Desde a época da Grécia Clássica, há 2500 anos, reconhece-se que alguns humanos nascem com alguma mistura entre macho e fêmea (algo que nas escrituras judaico-cristã-muçulmanas não existe, limitando a criação a dois sexos: o macho e a fêmea). O termo hermafrodita tem sido usado baseado na figura mitológica Hermafrodito, que era filho e uma mistura de Hermes (o deus grego do comércio e dos ladroes) e a deusa grega Afrodite (da beleza física e do amor).
Um hermafrodita verdadeiro é extremamente raro, isto é, nascer com todos os órgãos internos e externos de homem e de mulher.
O pseudo-hermafroditismo implica em carga genética de um sexo e genitália inadequada com os genes. O mais comum será alguma condição genital intermediária que tem recebido o nome de intersexualidade.
Existem desde causas genéticas a exposição inadequada a hormônios nas primeiras semanas de desenvolvimento do embrião.
Um exemplo de como isso pode ocorrer pode ser feito com coelhos ou bois quando se deseja que os filhotes nasçam machos, independentemente da carga genética, se injetarmos testosterona nas mães recém emprenhadas, teremos machos nascendo. Dependendo das variações individuais e possíveis condições de produções hormonais, podemos ter variações da expressão física genital dos nascituros.
Algumas doenças associadas a questões genéticas também produzem pseudo-hermafroditas, com genitália ambígua.
Para as pessoas que nascem com esta condição é a tendência em nossa cultura é ter um diagnóstico logo ao nascimento e buscar adequação genital de acordo com as melhores possibilidades para que seja o filho criado conforme o genital possível.
Nossa cultura não sabe administrar estas condições intermediárias sem reduzi-las ao binômio conhecido: macho-fêmea.
Uma pessoa que nasce com os genitais de ambos os sexo nem sempre vai poder escolher a que sexo pertencer. Esta seria uma condição muito difícil de ocorrer. Ou a modificação genital ocorre nos primeiros meses de vida, ou a pessoa é criada dentro de um padrão masculino ou feminino que na média conduzirá a decisão pela forma na qual foi criada.
- Um hermafrodita pode ser fértil?
Esta é uma pergunta e uma fantasia de muitas pessoas. Um hermafrodita não pode ser fértil. Os órgãos reprodutores não se desenvolvem adequadamente, o que impede de produzir gametas (espermatozoides e óvulos). Existiu apenas um descrição não confirmada no começo do século XX, e que parecia mais uma confusão de nomenclatura naquela época.
Uma pessoa verdadeiramente hermafrodita também não fará sexo consigo mesma, se não da mesma maneira que as outras pessoas, pela auto-erotização e masturbação.
- E a androginia?
O termo androginia se refere a uma condição na qual a expressão social e emocional não é definida a partir dos genitais e mistura o ser masculino e o ser feminino.
Claro que as variações intermediárias são muitas entre os extremos, em especial numa sociedade que não apresenta extremos tão definidos quanto já ocorreu na sociedade ocidental, a exemplo de roupas definindo o ser macho e o ser fêmea.
Uma mulher andrógina tem aparência e expressões sociais e emocionais masculinas em algum grau. No homem andrógino as expressões femininas são aparentes.
Estas pessoas são confundidas com homossexuais, mesmo que não sejam.
Androginia diz respeito às expressões sociais e emocionais e o hermafroditismo diz respeito à constituição genital física, independente das expressões emocionais e sociais (papel social).
O papel social estipulado para cada sexo em nossa cultura é definido pela família imediata na qual a pessoa nasce e por extensão pela sociedade na qual se insere. O papel social é o que caracteriza ser masculino ou feminino, então uma pessoa aprende também a ser andrógina. O aprendizado não é estático nem de modo simplista imposto ao individuo. A interação do individuo com o meio, de modo constante e diário é o que definirá o papel social mas masculino ou mais feminino, a assim também em algum grau de androginia.
Então uma pessoa hermafrodita é diferente de uma andrógina, mas pode ser andrógina da mesma forma que qualquer outro em nossa cultura.