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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Em busca do orgasmo

Em busca do orgasmo
Qui, 24/02/2011 - 09h30 -
A descrição é quase sempre a mesma: a mulher atinge um pico de excitação, contrai o corpo e depois relaxa, como se estivesse numa montanha russa. Quem já atingiu um orgasmo, sabe o que essas palavras significam.

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Porém, algumas mulheres não sabem o que é isso - ou não se conseguem mais viver esta sensação... é a chamada anorgasmia, ou seja, ausência de orgasmo.

A anorgasmia pode ser de três tipos: primária, secundária e situacional. A primária corresponde à mulher que nunca teve um orgasmo na vida, nem com parceiro e nem com masturbação. A secundária é quando a mulher passa a não ter mais orgasmos por conta de algum evento: morte de ente querido, vaginismo, traumas. "E a situacional é quando a mulher atinge o orgasmo em determinados momentos. Ela pode ter prazer com um parceiro e com outro não", explica a psicóloga e terapeuta sexual, Imacolada Marino Tozo. E garante: "93% das mulheres que já passarem pelo meu consultório não atingem o orgasmo por questões emocionais."

A terapeuta conta que os índices de anorgasmia são encontrados em mulheres na faixa que vai dos 15 aos 25 anos. "A falta de orgasmo se deve nem tanto à idade, mas à inexperiência, à falta de conhecimento do próprio corpo, do toque para conhecer as próprias zonas erógenas. As mulheres não são educadas para isso, diferente dos homens, que desde meninos são instigados a ir atrás das mulheres, a se tocar", comenta a terapeuta.

Para a saúde, a falta de orgasmo não traz consequências negativas, mas para a qualidade de vida sim. "Cada caso é um caso, mas mulher anorgásmica costuma se sentir inferiorizada. Para reverter o quadro, antes de mais nada, é necessário se informar sobre o assunto. Se for uma anorgasmia secundária, deve tentar descobrir qual fato deu origem ao problema. Sem contar que a ajuda de um terapeuta sexual é sempre importante", diz Dra. Imacolada.

A grande confusão que as mulheres fazem é em relação à intensidade do orgasmo. "O que uma mulher sente é diferente do que a irmã e a mãe dela sentem. Parece que o orgasmo da vizinha é sempre melhor do que o dela. Há muita fantasia em cima do tema e, muitas vezes, essas mesmas mulheres têm o orgasmo e não sabem nomeá-lo. Por serem inibidas demais, duvidam da própria capacidade de sentir prazer", conta Dra. Imacolada.

E continua: "A qualidade do orgasmo varia de mulher para mulher. Tudo depende das expectativas e do grau de exigência que ela tem. E elas nem sabem que são multiorgásmicas, ou seja, que podem ter mais de um orgasmo em um curto espaço de tempo. Diferente dos homens, que precisam de um tempo bem maior para ter uma nova ereção."

Conforme a terapeuta, às vezes a preocupação em atingir o clímax do prazer é tão grande que ela se esquece de curtir o parceiro, a relação em si. "Para atingir o orgasmo a mulher precisa ter confiança, se entrega para o outro e desencanar. A ansiedade pelo orgasmo pode atrapalhar a relação sexual. Conhecendo o próprio corpo, ela consegue atingir o orgasmo", afirma.

Ela acha ainda que a visão da sexualidade nos dias de hoje pode ajudar a mudar este quadro. "a quantidade de mulheres anorgásmicas vai diminuir sim, mas por conta da liberdade que hoje elas têm para se expressar, de buscar ajuda, caso não atinja o orgasmo. Os homens começaram a ver com menos discriminação essas questões femininas".

Por Juliana Falcão (MBPress)
http://vilamulher.terra.com.br/em-busca-do-orgasmo-3-1-31-488.html?origem=materias_relacionadas

terça-feira, 31 de maio de 2011

Especial Androginia

Especial Androginia ( Super Interessante )

Seres esféricos, fortes, vigorosos, tentam galgar o Olimpo, a montanha sagrada onde moram os deuses gregos. Querem o poder. Possuem os dois sexos ao mesmo tempo, quatro mãos, quatro pernas e duas faces idênticas, opostas. Diante do perigo, o chefe de todos os deuses, Zeus, decide cortar ao meio os andróginos (do grego andrós, aquele que fecunda, o macho, o homem viril; e guynaikós, mulher, fêmea). “Sede humildes”, podemos supor que trovejou o grande deus, arremetendo os raios que apavoraram os tempos anteriores à descoberta do fogo. Ao enfraquecer o homem e a mulher, assim criados, Zeus condenou cada metade a buscar a outra, o desejo extremo de reunir-se e curar a angustiada e ferida natu-reza humana.
Este, resumidamente, é o mito do amor tal como o filósofo grego Platão (428-348 ou 427-347 a.C.) o descreveu nos diálogos de O banquete, reproduzindo o relato feito por Aristófanes, o mais famoso comediógrafo grego (450-388 a.C.), durante um jantar e simpósio, encontro onde se tomava vinho e se trocavam idéias. Estava presente, entre muitos outros convidados ilustres, o filósofo Sócrates (470-399 a.C.) Deve ter sido uma noitada daquelas, mas não se pode dizer que começou ali a preocupação da humanidade com a androginia. Numerosas cosmogonias, anteriores à civilização grega, explicaram o mundo a partir de um ovo primordial, o símbolo da fertilidade.
Para a Biologia, andrógino é o ser que possui os dois sexos ao mesmo tempo e é capaz de reproduzir-se sozinho (não no caso dos humanos). O mesmo que hermafrodita. Mas para os psicólogos, médicos e até estilistas, a androginia é sobretudo um fenômeno cultural, nada tem a ver com a bissexualidade ou ohomossexualismo. “O que está em jogo é o papel social desempenhado pelo indivíduo. A pessoa andrógina não precisa ter, necessariamente, comportamento sexual ambíguo”, explica o sexólogo Oswaldo Rodrigues Júnior, de São Paulo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Sexualidade. Ele dá exemplos de incorporação de papéis sociais do sexo oposto: o homemque não tem vergonha de chorar e expor sentimentos, cuida dos filhos, participa das tarefas domésticas, ou a mulher que impõe opiniões, assume o sustento da casa, exerce profissões consideradas “masculinas”.
O psicanalista Renato Mezan, da Pontifícia Universidade de São Paulo, expõe com clareza: “São fatores sociais que aos poucos esfumaçam as diferenças entre os gêneros e embaralham a consciência que homens e mulheres tinham de sua identidade e função social. Por isso é impossível explicar a androginiaapenas em termos psicológicos. Ela não é uma opção sexual e está no plano do consciente”. Entre as vanguardas culturais, é verdade, sempre existiram andróginos — artistas, burgueses contestatórios, suf-fragettes (militantes femininas que exigiam o direito de votar). Mas com certeza nunca a confusão foi tão grande como agora.
“A diferença entre os gêneros diminuiu com a entrada da mulher de classe média no mercado de trabalho, principalmente em posições executivas, o que fica mais evidente nos Estados Unidos”, observa a antropóloga Bela Feldman-Bianco, da Universidade de Campinas, São Paulo. “O fenômeno nada tem a ver com a Biologia. Um número crescente de mulheres reage contra a estereotipia dos papéis sexuais. Não querem mais saber se ‘isso é coisa dehomem ou de mulher’”. Ela acredita que muito da androginia moderna veio do movimento feminista americano, que identificava o feminino como conservador. E do gosto gay na moda, na beleza, na decoração. Renato Mezan reconhece com clareza: falta ao homem tranqüilidade para executar atributos do outro sexo sem sentir-se diminuído. “Assumir os dois lados da sexualidade e da sensualidade ainda é uma questão de caso a caso. De outro lado, negar as diferenças pode gerar um híbrido, nem isso nem aquilo. Aí, há privação das qualidades de ambos,” expõe.
O dilema provoca ásperas discussões. Radical, Camille Paglia, professora de Literatura da Universidade de Arte da Filadélfia, nos Estados Unidos, sustenta no livro Personas sexuais que a androginia não passa de arma das feministas contra o princípio masculino: “Serve para anular os homens, significa que eles devem ser como as mulheres, e as mulheres podem ser como quiserem”. Ela acredita, em todo caso, que o culto do masculino será preservado graças aos gays — o que não deixa de ser, também, uma inversão. Menos contundente, o estilista e cabeleireiro Diaullas de Ná, de São Paulo, oferece sua opinião: “Aandroginia é um jogo lúdico, em que o homem projeta seu lado masculino namulher, e a mulher projeta seu lado feminino no homem. Um jogo que globaliza, traça um círculo de 360 graus em torno do outro, totalmente diverso do homossexual, autocentrado, ou do bissexual que separa com rigidez o masculino do feminino”.
Empresária e especialista de moda, Costanza Pascolato há anos analisa a influência da androginia no estilismo. “A moda contemporânea não pára de brincar com as diferenças entre os gêneros. Com isso expressamos nossas idéias mutantes sobre o que é ser homem ou mulher”, escreveu em 1988, num artigo de jornal. Hoje ela acrescenta: “Um ligeiro toque de ambigüidade aumenta o lado sensual das pessoas. O masculino e o feminino exagerados são menos sexy. Há uma qualidade misteriosa em Marlene Dietrich e Greta Garbo, que vem em parte da sugestão de virilidade lá no fundo de sua personalidade”.
O problema está no risco de perder-se a nitidez dos gêneros pois, como analisa Renato Mezan, as pessoas nesse caso aderem a modas em busca de orientação: “Em geral, as tendências são mais rigorosas do que as anteriores, gerando um espírito de gangue”. É o temor da antropóloga Cynthia Sarti, da Universidade de São Paulo: “Acho que existe alguma coisa perversa naandroginia, pois faz supor algo que não é: impõe uma imagem sem sugerir nenhum novo masculino ou feminino. Nega as diferenças. Sinto a idéia como totalitária, e nada mais nocivo à humanidade do que posturas antidemocráticas”.
Pode ser, mas convém lembrar que a intenção, por trás dos modismos em geral, e da androginia em particular agora, depende sempre do contexto social. Por exemplo, na Alemanha pré-nazista dos anos 20, os cabelos curtos usados pelas mulheres eram uma contestação ao ideal feminino pregado pelos nazistas, que pensavam nas mulheres como robustas valquírias de longos cabelos loiros, engomadas nas suas roupagens regionais, vivendo em regime de dedicação exclusiva aos três Ks: Kinder, Küche, Kirche (crianças, cozinha, igreja). Vestir-se como homem, pensar e agir como um marxista era ser mesmo muito do contra.
É possível que estejamos convivendo, atualmente, com uma acentuada tendência à alteridade — conceito desenvolvido pelo psicoterapeuta Carlos Byington, de São Paulo, um dos fundadores da Sociedade Brasileira dePsicologia Analítica.“O dinamismo da alteridade consiste na interação igualitária das polaridades”, escreveu em obscuro dialeto profissional no livro Dimensões simbólicas da personalidade.
A psicóloga Leniza Castello Branco, de São Paulo, completa e clarifica o raciocínio: “A mulher recupera seu lado masculino sem tornar-se lésbica, e ohomem seu lado feminino sem tornar-se gay”. Para essa psicoterapeuta, aandroginia traria um retorno do reprimido: o corpo, o sexo, a magia, o feminino. “Por causa do reprimido existe carnaval em todas as culturas”, explica. “Permite-se a vivência do contrário, a inversão. O pobre se veste de rico, o homem se veste de mulher, alguns se fantasiam de animais. O carnaval é a festa de Dioniso, o deus pagão que representava o campo, a fertilidade, o vinho. Ele nasceu da coxa de Zeus, um andrógino, pois gestou um filho.”
Os primeiros andróginos explícitos da atual voga no Brasil começaram a aparecer na década de 70, inspirados em cantores pop americanos e, logo em seguida, brasileiros. Naquela época não se viam, como hoje, homens e mulheres anônimos vestidos e penteados com tal ambigüidade — terninhos, tênis, mocassinos, cabelos quase recos —, capazes de provocar tanta confusão que fica impossível distinguir uns das outras. “Em caso de dúvida é mulher”, ensinam os moradores de San Francisco, talvez os americanos mais acostumados a conviver com a androginia em voga em todo o mundo. Aliás, é da psicoterapeuta americana June Singer, autora do livro Androginia — rumo a uma nova teoria da sexualidade, a comparação do andrógino com o ovo fecundado. Ela considera que, por reunir características psicológicas abrangentes, a androginia é a chave do futuro. Talvez seja um exagero, mas, para que dela fique alguma marca indelével na história humana, será preciso que assuma resolutamente o que é específico de cada gênero. Sem prejuízo da divisão de responsabilidades sociais e sem a soberba dos seres esféricos que pretenderam invadir o Olimpo. Haverá mais chances de sucesso na vida afetiva e profissional e nenhuma necessidade de invejar os deuses.

http://super.abril.com.br/cultura/androgenia-cultural-sexos-se-confundem-440829.shtml
http://homofobiabasta.wordpress.com/2011/05/30/especial-androginia-o-que-e-super-interessante/