quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Vodca pela vagina e ânus são as mais novas bizarrices alcoólicas


Marcela Munhoz

Como se não bastasse jogar vodca nos olhos para ficar bêbado mais rápido, jovens da Alemanha inventaram outra forma bizarra de conseguir o mesmo efeito: estão encharcando absorventes íntimos na bebida e colocando na vagina ou ânus. Não, você não leu errado. Chamada de slimming, a moda também chegou à Escandinávia e aos Estados Unidos. O objetivo é usar a tática para não ficar com ‘bafo' e burlar a fiscalização dos pais.
Lenda ou não, a ideia não deve nem ser considerada. "Há glamurização e muitos querem repetir o que ouvem e veem. É perigoso", alerta Carlos Salgado, psiquiatra e presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas).
Segundo Marcelo Iampolsky, professor de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, atos como esses podem trazer consequências gravíssimas e imediatas, como inflamações, infecções, feridas e úlceras nas partes íntimas, chegando a virar lesões cancerígenas. Também aumenta o risco de contrair DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) pelas feridas que a bebida pode causar. Para se ter uma ideia, nem os médicos usam substâncias com álcool na vagina e ânus durante os procedimentos cirúrgicos.
O slimming até faz com que a bebida chegue mais rápido à corrente sanguínea porque não passa pelo processo digestivo, além da vagina e ânus possuírem muitos vasos sanguíneos, mas quando entra em contato com o corpo - por onde quer que seja - o álcool pode ter efeito devastador (mais ou menos grave, dependendo da pessoa).
Nos ‘esquentas', quando tem ingestão de bebida antes da balada, já há agressão aguda ao tecido nervoso", ressalta o psiquiatra. Como afeta o cérebro, a bebida pode provocar perda de atenção, memória, reflexo e noção da realidade. Com o aumento da dose, dá sono e até coma alcoólico. "Quanto mais cedo a pessoa bebe, mais cedo se acostuma. Assim nasce a dependência pelo alcoól", explica Salgado.
Corpo demora para metabolizar
Desde o momento em que o álcool entra no organismo até ser eliminado, há um longo processo. O órgãoresponsável por receber a bebida e ‘entender' por que ela está ali é o fígado. Ele tem a capacidade de metabolizar, em média, uma dose por hora (uma lata de cerveja de 360 ml, por exemplo, e 40 ml de bebida destilada, como vodca).
Mesmo que receba grande quantidade de álcool em pouco tempo, o organismo vai trabalhar no seu ritmo e demorar as horas necessárias para metabolizar a substância. Enquanto o fígado toma conta de uma latinha, o resto da bebida circula pelo corpo causando alterações e danos em diferentes órgãos. Isso quando ingerida pela boca. Dá para imaginar os efeitos quando vai direto para a corrente sanguínea?
Dentre as doenças que podem surgir com o alcoolismo estão gastrite, hepatite crônica, cirrose, hipertensão arterial, diabetes. A substância altera a imunidade, abrindo a porta para outras doenças.
Outras Formas
Há tempos que inconsequentes inventam maneiras de ficar bêbados mais rápido, inclusive injetando conhaque na veia. Até o nariz não escapa. Há um bar em Nova York, o Alcoholic Architecture, cujo ambiente é preenchido com vapor de gim e tônica. A ideia é fazer com que os clientes se sintam dentro da própria bebida.
Mais recentemente surgiu a prática do vodca eyeballing (vodca no olho). Acredita-se que começou nos Estados Unidos inspirada em garçonetes que usavam o truque para ganhar gorjetas. Outros acham que surgiu em Londres como jogo alcoólico. O fato é que jovens de Campinas - inspirados em vídeos postados do YouTube (inclusive do vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz) - tiveram consequências graves. Um perdeu 90% da visão e o outro precisou passar por severo tratamento.
De acordo com especialistas, a prática não tem como deixar ninguém bêbado porque o líquido não consegue ultrapassar o globo ocular. O máximo que a bebida consegue é matar as células da córnea e conjuntiva, diminuindo ou acabando com a visão.
Tem Mais
A cerveja é produzida por fermentação com teor alcoólico de cerca de 8%. Já os destilados, como uísque, pinga e vodca apresentam teores mais altos, que podem chegar a 45%.
Durante a gravidez, o álcool pode causar sérias deficiências físicas e mentais no feto, assim como uma predisposição ao consumo de álcool na vida adulta.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) mostra que brasileiros consomem 18,5 litros de álcoolpor ano, sendo o quarto país que mais consome nas Américas.

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