segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sandro e mulher são presos e advogado nega autoria dos crimes sexuais


1/10/11 23:15 - Polícia

Tisa Moraes/Neto Del Hoyo/Ricardo Santana
O advogado Sandro Luiz Fernandes, 45 anos, foi preso na noite de ontem depois de se apresentar na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Bauru. Acusado de molestar sexualmente quatro pessoas de sua família, ele afirmou ser inocente, conforme antecipado com exclusividade pelo Jornal da Cidade na edição de ontem. A mulher dele, Fernanda Fernandes, também foi presa.
O advogado foi indiciado por estupro contra três jovens que à época dos supostos crimes tinham entre 8 e 16 anos e contra um menino de atualmente 9 anos. Fernandes foi encaminhado à Cadeia Pública de Barra Bonita depois de cinco horas de depoimento. A defesa já adiantou que irá ingressar com pedido de habeas corpus.
A esposa do advogado, Fernanda Fernandes, também foi ouvida e deveria ter sido levada à Cadeia Pública de Avaí por haver indícios de que tenha sido conivente com os abusos. Mas ela passou mal depois de ingerir alta dose de tranquilizantes e precisou ser levada às pressas para o Hospital Beneficência Portuguesa, onde permanecia, até o fechamento desta edição, em observação na condição de presa. Fernanda foi indiciada como coautora dos crimes, já que as vítimas teriam pedido sua ajuda, sem que ela adotasse nenhuma providência sobre as denúncias.
Segundo um dos advogados de defesa de Sandro Fernandes, Ricardo Ponzetto, seu cliente não cometeu os crimes de que foi acusado. “As coisas que foram narradas não aconteceram e não somos nós que temos de provar que somos inocentes. Quem está acusando terá de demonstrar o que está dizendo”, afirma.
A defesa também questionou o fato de uma das vítimas, de 18 anos, ter ajuizado uma ação de indenização por danos morais no valor de R$ 500 mil antes mesmo que a ação penal para julgar o suposto abuso sexual fosse iniciada. Para Ponzetto, este pode ser um indício de que as denúncias tenham motivação financeira. “É sintomático o interesse econômico neste caso. (A familiar) é uma pessoa que fez um curso de atriz em uma das escolas de teatro mais renomadas do Brasil”, frisa.
Sobre as denúncias realizadas pelo garoto de 9 anos, o advogado afirmou que a criança está sendo induzida por pessoas que têm interesse em manchar a imagem de Fernandes e vê-lo atrás das grades. “Todos sabem o quanto a personalidade de uma criança pode ser influenciada e esta manipulação será objeto de uma perícia psicológica”, adianta, acrescentando que irá também acionar o Ministério Público para que medidas sejam tomadas quanto à forma como o garoto foi exposto pela imprensa.
Depois de um dia extenso de trabalho e bastante emocionada, a delegada Priscila Bianchini de Assunção Alferes destacou que não poderia dar detalhes dos depoimentos prestados por Fernandes e a esposa, já que a defesa solicitou a submissão do inquérito a segredo de Justiça. Os advogados confirmaram a informação e argumentaram que o pedido tem o objetivo de preservar a criança de 9 anos.
A delegada antecipou somente que o inquérito policial será encaminhado à Justiça já na próxima semana. “Não posso dizer mais nada a respeito dos autos, mas a sensação é de dever cumprido”, resumiu ela. Argumentando exaustão, ela encerrou a entrevista e chorou, diante de mais de uma dezena de órgãos de imprensa que se aglomeraram durante todo o dia em frente à DDM.
Segundo informações da Polícia Civil, Fernandes foi indiciado por estupro em relação às quatro vítimas, já que o crime de atentado violento ao pudor deixou de existir em agosto de 2009, quando a lei 12.015/09 entrou em vigor. Mas, se condenado, o juiz terá de determinar a pena a ser aplicada de acordo com a legislação vigente à época dos supostos crimes.
O advogado é acusado de ter apalpado as partes íntimas de três das quatro vítimas quando estas tinham entre 8 e 16 anos, além de obrigá-las a fazer sexo oral e tocar o pênis dele. Como os abusos teriam ocorrido quando a figura jurídica de atentado sexual ainda existia, a punição a ser aplicada é de 6 a 10 anos de prisão por cada um dos crimes. Já o estupro de vulnerável, supostamente cometido pela última vez no mês de agosto contra o garoto de 9 anos, prevê pena de 8 a 15 anos de prisão.

Sandro demonstrou calma ao chegar

Jornalistas de vários veículos de comunicação de Bauru e até mesmo da Capital paulista estiveram presentes na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) ontem, na quadra 15 da rua Araújo Leite, desde as 7h da manhã aguardando a chegada de Sandro Fernandes. Conforme informou o JC na edição de ontem, o investigado havia confirmado que, junto com sua esposa, Fernanda Fernandes, iria depor às 9h.

A movimentação da imprensa na porta da delegacia atraiu curiosos. Alguns expressavam sua revolta com as denúncias feitas por familiares do advogado e chegaram a proferir palavras de repúdio e xingamentos a Sandro Fernandes. Pouco antes do horário marcado, a delegada Priscila Bianchinni de Assunção Alferes chegou à DDM,  mas não atendeu a imprensa. Quase duas horas depois, às 10h50, três advogados de defesa do investigado chegaram à DDM.
Além de Hélio Marcos Pereira Junior, que atendeu a imprensa durante a semana, acompanham o caso Luiz Gustavo Siqueira e Ricardo Ponzetto. Sem conceder entrevistas, todos seguiram para a sala da delegada.
Às 11h40,  Ricardo Ponzetto, único dos três advogados a permanecer na DDM, saiu para atender os jornalistas. Ele justificou a mudança na data para o depoimento (de quinta-feira para ontem) confirmando que esteve em viagem a São Paulo, e afirmou que Sandro e a esposa chegariam em seguida.
“Peço para que não falem com eles. A família está muito abalada e atravessa um momento delicado. Garanto que após prestarem depoimentos, falaremos com a imprensa. Dou minha palavra”.
Menos de 10 minutos depois, um veículo particular trouxe Sandro e sua esposa, investigada pela suspeita de ter sido conivente com os abusos dos quais ele é acusado. Cercados pela imprensa, ambos mantiveram-se quietos e seguiram para a sala onde a delegada os aguardava.
Enquanto Fernanda entrou cabisbaixa e aparentando irritação com a presença dos repórteres, Sandro se manteve sério e sequer desviou o olhar para os lados.

Depoimentos duraram mais de 9 horas

Os depoimentos de Sandro e Fernanda Fernandes tiveram longas nove horas e meia de duração. Os acusados chegaram à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) por volta das 11h45 e Fernanda foi a primeira a ser ouvida. O depoimento foi encerrado por volta das 16h30, quando foi iniciada a oitiva de Fernandes.
Depois de um dia exaustivo, este último depoimento terminou às 21h30, para concluir o inquérito policial sobre um dos casos que mais chocou os moradores de Bauru e que mobilizou a imprensa nacional em torno da cidade. Meia hora depois, já preso, o advogado deixou a delegacia deitado na parte traseira de um camburão da polícia, cobrindo o rosto com os braços.
Ao longo de todo o dia, do lado de fora, dezenas de curiosos se aglomeravam para acompanhar a movimentação de viaturas policiais e profissionais de imprensa. No meio da tarde, a divisão de homicídios da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) foi acionada para coibir qualquer tentativa de linchamento, já que algumas pessoas que passaram pela quadra 15 da rua Araújo Leite, onde se localiza a DDM, proferiram ameaças ao advogado.
Por volta das 16h30, houve a confirmação de que a prisão preventiva do casal havia sido decretada pelo juiz Jaime Ferreira Menino, da 2ª Vara Criminal de Bauru. Menos de uma hora depois, o médico legista já estava na delegacia para realizar o exame de corpo de delito nos dois acusados. Depois de prestar depoimento, Fernanda permaneceu no local à espera do marido, mas passou mal e ficou desacordada até a chegada de uma ambulância.

Relato de ex-empregada: fundamental

A reportagem do JC apurou que o depoimento prestado por uma ex-empregada que trabalhou na casa da família de Sandro e Fernanda Fernandes foi fundamental para basear o pedido de prisão preventiva feito pela delegada Priscila Alferes para o casal, ontem. Segundo informações obtidas junto à Polícia Civil, a mulher foi ouvida na condição de testemunha após as 22h desta quinta-feira, único horário em que poderia depor.
Seu relato à delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) durou cerca de quatro horas e teria sido muito convincente. “O depoimento (desta ex-funcionária da casa) foi convergente com as provas”, disse uma fonte à reportagem do JC. No final da noite de ontem, a defesa de Fernandes afirmou em entrevista à imprensa que não foi informada sobre a existência deste novo depoimento.
Além das provas testemunhais obtidas pela delegada, há informação de que também foram colhidas provas periciais - cuja natureza não foi revelada. A prisão preventiva, que foi deferida tanto para Sandro Fernandes quanto para sua esposa Fernanda, é solicitada, principalmente, para impedir que se repitam os atos pelos quais o indiciado está sendo acusado.

Polícia quer reconstituir cenário da casa

A Polícia Científica foi incumbida de preparar um croqui de cada cômodo da casa do advogados Sandro Fernandes, investigado pela acusação de abuso sexual de quatro pessoas de sua família. A solicitação foi encaminhada ontem pela delegada da DDM Priscila Bianchinni de Assunção Alferes ao diretor do Núcleo de Perícias Criminalísticas de Bauru, José Carlos Fioretti.
A perícia técnica fará um croqui ilustrado com fotos do ambientes. Muito provavelmente, a intenção será a de mostrar no inquérito os cenários onde os envolvidos conviviam no imóvel, na quadra 4 da rua Antonio Garcia.
Os computadores apreendidos para perícia no imóvel serão periciados pelo Instituto de Criminalística (IC). Fioretti explica que um programa fará a varredura com capacidade, inclusive, de recuperar dados descartados. “Mesmo que apague algum arquivo, a gente consegue levantar esse arquivo”, define. O Instituto Médico Legal deverá expedir em 15 dias um laudo com o exame de corpo de delito na criança de 9 anos, feito na última terça-feira.
Enquanto os depoimentos do casal Fernanda Fernandes e Sandro Fernandes eram prestados na DDM, houve grande movimentação na residência da família, na rua Antonio Garcia. De acordo com apuração do JC, uma das vítimas, uma moça de 18 anos, esteve no imóvel na tarde de ontem. Posteriormente, uma familiar de Fernanda Fernandes passou pela residência.

Fernanda desmaia e vai a hospital

Segundo informações da polícia, Fernanda Fernandes teria se apresentado à DDM sob efeito de calmantes. Após prestar depoimento, acabou perdendo a consciência e ficou desacordada por mais de uma hora. Uma ambulância foi acionada e, por volta das 19h20, ela foi levada à Beneficência Portuguesa. Para surpresa de todos, quando Fernanda foi acomodada na viatura, a irmã dela, bastante indignada, disse que a Justiça em prol das jovens e do garoto de 9 anos estava sendo feita.
 http://www.jcnet.com.br/noticias.php?codigo=221637

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