sábado, 30 de julho de 2011

Disfunções Sexuais Femininas ainda são desconhecidas

Disfunções Sexuais Femininas ainda são desconhecidas
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Saúde e Bem-Estar - Psicologia
03-06-2011
O funcionamento da sexualidade
Por Erika Morbeck*
A sexualidade feminina tem sido alvo de muitos estudos nos últimos anos. No entanto, ainda pouco se conhece sobre este assunto. Embora a Sexologia tenha avançado muito nos finais do século XX e no século XXI, a sexualidade feminina tem vindo a ser estudada com mais intensidade após o lançamento do Viagra no mercado.



Em Portugal, um estudo promovido pela Sociedade Portuguesa de Andrologia referiu que a prevalência cumulativa das disfunções sexuais atinge 56 por cento das mulheres.

Uma disfunção sexual está associada a um funcionamento insatisfatório na sexualidade, para a mulher e/ou para o casal, que pode causar muito sofrimento e angustia. Trata-se de uma dificuldade a nível do ciclo da resposta sexual e/ou ao nível da dor.

O ciclo de resposta sexual foi classificado e reclassificado ao longo dos anos por investigadores. A mulher possui um ciclo de resposta sexual distinto do homem composto pela «Intimidade Emocional», a qualidade subjectiva da intimidade do casal; «Estímulo Sexual», as diferentes razões para começar uma relação sexual (e. g. ter desejo espontâneo, ser estimulada intelectualmente, estar satisfeita com a relação, ter carinho do parceiro, o parceiro ter iniciativa…); «Excitação», que, na mulher, corresponde à lubrificação; «Desejo», que corresponde à vontade de ter relações sexuais; e a «Satisfação Emocional» e física, análise subjectiva da satisfação conjugal, sexual e «Orgasmo».

As dificuldades sexuais podem ser «primárias», se existem desde do início da vida sexual, «secundárias», se surgiram num outro momento, «situacionais», se acontecem em algumas situações tais como com um parceiro ou tipo de estimulação específico, ou «generalizadas», se acontecem em todas as relações sexuais.

Na classificação das Disfunções Sexuais Femininas (DSF) acrescentamos ainda a dor, embora esta não faça parte do ciclo de resposta sexual. As DSF são classificadas da seguinte forma:

1.Perturbação do Desejo Sexual: «Desejo Sexual Hipoactivo», caracterizado por uma persistente e recorrente deficiência/ausência de fantasias e pensamentos sexuais e/ou receptividade à actividade sexual; «Desordem da Aversão Sexual», descrita como uma fobia e aversão ao contacto sexual permanente e persistente do parceiro.

2.Perturbação da Excitação Sexual: é assinalada como uma dificuldade persistente e recorrente de atingir ou manter uma adequada excitação sexual, podendo também ser expressa por uma falta de excitação subjectiva, genital (lubrificação) e/ou outras respostas somáticas.

3.Perturbação Orgásmica/Anorgasmia: é uma dificuldade persistente e/ou recorrente de atingir o orgasmo, podendo ser expressa por uma demora ou ausência da estimulação e da excitação.

Perturbação da Dor: «Dispareunia», dor persistente e recorrente associada ao coito; «vaginismo», espasmo involuntário da musculatura do terço exterior da vagina persistente e recorrente que interfere na penetração; «Dor Sexual não Coital», dor genital persistente e recorrente induzida por estimulação sexual não coital.

As causas podem ser orgânicas (problemas anatómicos, sequelas do parto, problemas hormonais, infecções, diabetes, administração de fármacos entre outras), psicossociais (psicopatologias, tipo de educação, cultura, crenças sexuais, relação conjugal, experiências de relações sexuais negativas, baixa auto-estima, saúde física e emocional, história de abuso sexual, personalidade entre outras) ou mistas. Assim sendo, o relacionamento pessoal, inter-relacional, ajustamento psicossocial, auto-estima e auto-imagem, podem influenciar o comportamento sexual e, em combinação e/ou comorbilidade, poderá levar ao aparecimento da disfunção sexual.

Na mulher, a etiologia da disfunção sexual pode igualmente estar associada às mudanças relacionadas com as fases da vida reprodutiva (puberdade, período pré-menstrual, gravidez, período pós-parto e menopausa). Estas fases apresentam problemas únicos e obstáculos potenciais na sexualidade e também são períodos em que a mulher está mais susceptível a alterações hormonais e de humor.

A DSF impede que a mulher e/ou casal viva a sexualidade de forma plena e com prazer. Na presença de DSF torna-se urgente um tratamento adequado para que a mulher possa garantir satisfação sexual e/ou conjugal, podendo assim, conseguir um nível satisfatório de qualidade de vida.

O casal deve conversar, detectar os problemas e procurar ajuda logo no início, pois o índice de sucesso do tratamento também depende do tempo da disfunção sexual. Convém ser um processo do casal e não responsabilizar apenas a mulher ou o homem. Deve-se fazer uma avaliação orgânica e psicológica e, depois, criar os objectivos da intervenção e seguir com o tratamento. Procurar sempre ajuda especializada, falar com o ginecologista e/ou urologista é muito importante, bem como procurar um terapeuta sexual, de preferência inscrito na Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica.

Toda gente tem direito a viver e ter prazer sexual. Faz parte da qualidade de vida e da saúde física e mental de todos nós.

* Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Terapeuta Sexual e Sexóloga

www.erikamorbeck.info
http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=3220&w=disfuncoes_sexuais_femininas_ainda_sao_desconhecidas

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