domingo, 24 de abril de 2011

Sexo Virtual – Traição Real?

Sexo Virtual – Traição Real?
April 24th, 2011

Os últimos 20 anos trouxeram a difusão da internet e com essa tecnologia algumas possibilidades impensáveis anteriormente. Com novas tecnologias aparecem novos comportamentos e atitudes. No sexo apareceu o “sexo virtual”. A busca e a satisfação sexuais usando a conexão da internet começou com a própria internet, antes ainda de se transformar numa rede mundial. As várias modalidades sempre implicam a pessoa expressar o desejo sexual, produzir excitação sexual, inclusive com manipulação genital com o objetivo de sentir prazer sexual e orgásmico. Usar a conexão da internetpermite acesso a websites de conteúdo erótico para produzir a excitação sexual, ou contatar outras pessoas com desejos complementares, teclarem, trocarem informações através de mecanismos que permitem este contato recíproco e até ser um meio para um encontro real mais tarde.
Muitos consideram que o chamado cybersexo é apenas uma masturbação. O interessante é que apenas a palavra masturbação já produz um efeito negativo, como considerando o cybersexo algo não adequado…
Mas toda expressão da sexualidade tem resultados saudáveis e que conduzem ao bem estar das pessoas, exceto se firam os mesmos direitos sexuais das outras pessoas (veja a Declaração dos Direitos Sexuais da Associação Mundial para a Saúde Sexual – WWW.worldsexology.org). A manifestação da sexualidade através de mecanismos fantasiosos, a exemplo do chamado sexo virtual não é danoso em si. Porém, da mesma forma que outras manifestações da sexualidade a mando de características patológicas de personalidade, o sexo virtual pode ser danoso para o indivíduo ou aos que estão ao redor.
Algumas pessoas buscam no sexo virtual uma maneira de fugir da realidade, seja por não terem habilidades sociais, seja pela dificuldade de desenvolverem estas habilidades. Outras pessoas se voltam para esta atividade que consideram segura e que traz prazer para evitarem situações ansiógenas, situações que causam mal estar, problemas que não querem ou não podem administrar. Estas são formas prejudiciais que utilizam a expressão sexual como meio de amainar as emoções negativas. Estas formas são expressões de patologias e não são uma expressão pura da sexualidade.
A preocupação com os abusos das expressões sexuais sempre esteve presente no mundo ocidental nos últimos 150 anos. Com o surgimento do cybersexo, a mesma discussão se aplicou e ainda trouxe a antiga discussão moral sobre a infidelidade do pensamento. Presente em várias religiões, a preocupação com a infidelidade conjugal também foi considerada no âmbito do pensar, da fantasia. Assim, alguns patrulheiros ideológicos correram para apontar que se alguém usar a internet para estimular-se sexualmente já estará traindo…
Em verdade o conceito de traição envolve um conceito anterior que é o do contrato do relacionamento. Se para um determinado casal o uso do sexo virtual for traição porque significa quebra do contrato, será errado. Para alguns relacionamentos, o contrato prevê que não pode haver o contato físico entre pessoas, noutros até o pensamento é considerado uma traição (condizendo com a tradição judaico-cristã de um dos mandamentos dados a Moisés: “não cobiçarás a mulher do próximo”, mostrando que não é necessária a união carnal, cobiçar já é o pecado).
Então temos que algumas pessoas só consideram traição do relacionamento se o uso da internet tiver a produção do encontro sexual e afetivo real.
Se um casal se preocupa com a possibilidade de infidelidade no relacionamento conjugal, a primeira missão desse casal é exatamente conversar sobre as necessidades e pretensões de cada um para este casal, para este relacionamento. Combinarem como pretendem que seja o relacionamento, limites e como devem administrar os problemas que virão será a solução antecipada. Se ambos concordarem que não podem fantasiar e pensar em outras pessoas, usar a internet, ou fantasiar sozinho durante o dia com outra pessoa será infidelidade!
Apenas o conversar de modo maduro, responsável é que permite que não sofram e que fará reconhecer se usar a internet para satisfazer necessidades sexuais será traição.
Qualquer outra forma será infantil e trará sofrimento com algo que não foi explicitado.
Regras externas também não são formas responsáveis e que creditam o indivíduo com esta responsabilidade. Afirmar que fantasiar, pensar ou estimular-se eroticamente com a internet seria uma traição… é tentar efetivar controle a um extremo que torna inviável a não existência da infidelidade.
Fonte”: Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr (CRP 06/20610), psicoterapeuta sexual do InPaSex – Instituto Paulista de Sexualidade – www.inpasex.com.br; autor do livro Objetos do desejo – das variações do comportamento, perversões e desvios (Iglu Ed., São Paulo, 2000); pesquisador do GEPIPS – Grupo de Estudos e Pesquisas do InPaSex;

http://semeandooconhecimento.net/sexo-virtual-traicao-real/

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